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Foto do quarto - by internet, mas era assim mesmo. |
É bem possível que muita gente tenha uma história sobre
ruídos, sons, conversas ou brigas ouvidas através das paredes finas dos quartos
de hotel.
Essa aconteceu em Maceió, no início do século – desse, viu
gente.
O hotel era bacaninha,
na praia de Pajuçara, acho! Tem mais de 10 anos, a memória fina vai sumindo.
O fato é que o tal hotel era todo janela. Os quartos tinham
um vão bem perto do vidro, um bom vão, quase uns quatro dedos. Não tinha ângulo
para ver os quartos vizinhos, mas quando se tratava de barulho parecia tudo uma
coisa só.
Certa madrugada fui acordada por uma voz infantil vinda do
quarto que ficava a direita – bem atrás da cabeceira da minha cama.
- Tio, cê vai me deixar ficar pro café da manhã?
- Não, você precisa ir embora.
- Mas tio, a comida é boa, deixa vai?
- Não pode! O moço falou que não pode.
Passinhos até o banheiro – é o que eu acho. Passinhos de
volta.
Barulho na cama, chacoalhando, sabe? Mais forte. Mais rápido e gemidos. Fingidos, tava na cara!
Mais alto, gritinhos e um som estranho gutural. Parecia o
Shrek transando com a Chapeuzinho Vermelho.
Silêncio.
Pensei, agora vamos dormir, né?
Não. Ledo engano.
- Tio, no cú não! Nãooo. No cú é mais caro.
- Quanto?
- Não sei, preciso ligar pra mulher.
- Então liga.
...
- Alô, é da recepção? Chama a mulher aí pra mim.
- Ó, o hôme aqui qué pô no meu cú. Quanto é?
- É? Oitentcha ??? Eu sei que ele só pagou sessentcha.
...
- Ela falou oitentcha, tem que pagar mais vinte.
- Tá caro.
- Então não pode, tio.
...
Passinhos, pulinhos – imaginei aquela criança dançando no
meio do quarto.
- Tio, se deixa eu ficar pro café, a gente "faz" e eu não conto pra
mulher!
- Não posso.
- Então só pagando mesmo.
Barulho na cama, chacoalho, gemidos, gemidos mais altos,
sons guturais.
Não levou mais de 3 ou 4 minutos.
Passinhos, chuveiro, passinhos.
- Tchau tio.
-Tchau.
Barulho de porta batendo
Silêncio, ronco... ronco... ronco.
E a dúvida: Será que pagou 60 ou 80 ?????