Capas dos Livros editados no Brasil na década de 70. |
Pollyanna talvez tenha sido o
livro mais lido pelas adolescentes no final da década de 70.
O Romance de Eleanor H. Porter,
escrito no início do século 20 (1.913) conta a triste história de superação da
menina que, obrigada a morar com a tia mal humorada, coloca em prática o “jogo
do contente” inventado anos antes pelo pai, agora morto – Oh, dó!!!
A história tem uma continuação editada
em 1915; nela a protagonista, obviamente, “foi feliz para sempre”.
O Jogo do Contente é até legal,
mas impossível no mundo real – Ó, rimou!!!
Pollyanna é uma daquelas figuras
fofas que ficam facilmente chatas diante de tanto otimismo.
Fui uma dessas leitoras ávidas
por finais felizes e confesso que li e reli as Pollyannas lá atrás, quando
tinha 12, 13, 14 anos. Top's!
Tenho preguiça de algumas coisas:
De gente burra, de mau caráter, de quem sabe tudo e de gente feliz demais o
tempo todo. Não necessariamente nesta ordem.
“Síndrome de Pollyanna” acomete,
principalmente, pessoas que tem necessidade de parecer bem resolvido e feliz
nos sites de relacionamento e claro, de aparecer!!
Não sei no seu, mas no meu mundo
as pessoas manifestam sentimentos díspares. Odeiam, sentem mágoa e tristeza
diante de algumas situações e ficam mesmo esfuziantes diante de outras mais
felizes. Nada mais enjoativo que adulto
tentando aplicar o “jogo do contente” diante de uma tragédia, por exemplo.
Ninguém normal é feliz o tempo
todo - isso é coisa de psicopata que faz tudo de caso pensado.
Ninguém normal reza e perdoa o
tempo todo - isso é coisa de beato covarde levando às últimas conseqüências o
"temer a deus"
Ninguém normal se liberta de
mágoas num estalar de dedos - isso é coisa de gente vingativa e dissimulada à
espera da primeira oportunidade de dar o bote.
Ninguém normal é equilibrado o
tempo todo - nem para Madre Tereza de Calcutá e Daila Lama juntos de joelhos
orando à Nossa Senhora da Bicicletinha.
E aí me pergunto: -Como dormem
essas pessoas? Tranquilas? Serenas ? E aí - considerando que haja pelo menos
coerência no modo de vida delas - as imagino com a cabeça deitada no
travesseiro com um sorriso fake nos lábios, cílios com muito rímel e um
tiquinho de blush pra sair bem na foto publicada no Instagran.
A vida, pra valer a pena, tem que
ser vivida em toda sua plenitude, seja na dor, seja na delícia. Só isso traz
amadurecimento e conseqüentemente paz de espírito. A hipocrisia das
“Pollyannas” não permite que elas cresçam. Isso talvez explique porque, 99% delas,
tenham uma voz infantil irritante!!!!
É, se ainda fosse viva, Eleanor
certamente, pegaria o primeiro vôo de Massachusetts e aqui no Leito Lopes
desceria com chinelo na mão, pronta pra aplicar um corretivo nessas Pollyanas
equivocadas.
Chris,
ResponderExcluirPassei no seu blog por causa desse texto, que achei simplesmente perfeito pra analisar e desabafar quanto a essa mania irritante de "agradar sem medidas" e no automático.
Vou ler alguns outros. Curti sua forma de expor as ideias.
Valeu!
Patrícia Chammas
Designer gráfica e Cantora
Adorei o seu texto sobre esta IRRITANTE nobreza de caráter que as pessoas insistem em nutrir dentro de si. A Pollyana não é falsamente feliz, a pessoa q tem esta síndrome na verdade, é insegura, ingênua e estupidamente contraditória na sua sã inconsciência. Digo isto, pq tenho uma colega que é assim, ferrada, miserável na vida, incapaz de ser autêntica mas SUPER HIPER FOFOQUEIRA, sabe como ninguém da vida de todo mundo na intimidade. E fofoca sem dó, para mim, tenho isto como sinal de distorção comportamental, portanto, pior que muita gente. Pois ao não conseguir negar um favor e rebater a uma crítica, fala mal desta pessoa com tamanha raiva q transparece o alívio da raiva que sente por ela.
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