Quem nunca entrelaçou os dedos das mãos, virou para aquele
amiguinho chato e durante o ato de soltá-los disse: tô de mal !!! ?
Pois é, o tô de mal ganhou versão hi tech e nos sites de
relacionamento atende pelo nome de “bloquear”.
Quem nunca?
Bloqueei dezenas de pessoas: ex-chefe que me dá arrepios,
ex-namorados, ex-mulheres de amigos, amigos de ex-namorados, políticos sem
noção, revoltados sem causa, religiosos fanáticos, Don Juans
desavisados, sem contar as malucas, polyannas e psicopatas de plantão. Algumas continuam lá, no limbo. A outras, dei
o benefício de me visitarem vez em quando. Sinto-me poderosa com isso. E meio babaca, é
verdade.
Detenho num clique aquele poderzinho típico dos porteiros de
boate, sabe?
- Você sim. Você não !!!
Dizem enquanto apontam na fila uma piriguete ansiosa e um moçoilo não
tão bem vestidinho.
Fui bloqueada por várias pessoas, entre elas: um ex-namorado
psicopata – amém!- , um amigo que discordou de uma opinião sobre futebol e
recentemente pela mulher de um namorado que tive na adolescência.
Descobri o bloqueio do ex-namorado pela também ex-namorada
dele:
- “Psico te bloqueou! Ficou com medo de você descobrir que
ele está de namorada nova. Vai que você resolve avisar a moça que ele é maluco!!”
risos. Continua louco e pretensioso.
O bloqueio do amigo me foi comunicado por ele mesmo. Muito honesto,
quando me encontrou pessoalmente disse:
- “Não aguento você falando do Corinthians, te bloqueei. Daqui
a pouco, eu desbloqueio, tá?” Já estamos
conectados outra vez e em respeito a ele, não meto mais o pau no Palmeiras –
seu time de coração. Digamos que se trata de um “acordo de cavalheiros virtual
e unilateral”.
Descobri o bloqueio da esposa do meu ex bem por acaso: Criei
dois grupos há três anos com o propósito de aproximar minha turma de adolescência.
Como ela conviveu conosco nessa época, acabou adicionada por algum amigo comum.
Ingênua, entrei na pagina dela e cliquei no botão “Adicionar
aos amigos”. Não fui aceita. Refleti sobre a situação e entendi:
- Claro, devemos continuar como sempre fomos: numa
convivência social respeitosa mas sem maiores intimidades.
Admirei a coerência e me senti uma babaca por ter apostado na
sua capacidade de evoluir. Algumas pessoas simplesmente param no tempo e não há
nada de errado nisso.
Quando, há alguns dias, vi que a foto dela tinha sido substituída
por um ícone cinza desconfiei do bloqueio mas, como não consegui achar um motivo, imaginei que tivesse dado um tempo do
Facebook.
Curiosa, fiz uma rápida verificação e constatei: Fui bloqueada
mesmo!
Inspirada pela coerência que ela demonstrou ao não me
adicionar a sua lista de “amigos”, decidi por excluí-la dos grupos.
Imagino o quanto devia ser torturante conviver com meus
posts, comentários e fotos todos os dias. Sinto-me uma pessoa melhor, agora que
a livrei do incomodo.
Entendi que, mais do que um “tô de mal”, o bloquear deve ser
visto como um ato de respeito ao próximo. Fiz uma análise cuidadosa na minha
relação de amigos, conhecidos e bloqueados. Os coloquei em perspectiva e atribuí
um grau de importância, capacidade de convivência virtual e merecimento a cada
um.
Concluí que o controle de bloquear deve permanecer nas mãos das
pessoas bem resolvidas e felizes. Até por uma questão de humanidade. Expor pessoas
medíocres, ignorantes, patéticas e infelizes a frases, fotos e comentários- muitas vezes incompreendidos - pode causar um mal
irreversível.
Recomendo!