Desconfiada de Zé Edu, Tânia não
se cansava de procurar pistas que comprovassem que estava sendo traída.
Não sabia que reação teria se sua
suspeita se confirmasse mas, a ideia de ser enganada estava tirando-a do sério.
Na semana que antecedeu o Natal,
Tânia achou uma pequena sacola de joalheria no armário dos ternos do marido.
Aquilo aguçou sua curiosidade e não resistiu ao impulso de abri-la.
Com cuidado, tirou o pequeno
lacre, pegou a caixa e abriu: uma aliança, quadrada, com um pequeno brilhante
cravejado. Precisou respirar fundo para não ter um ataque de raiva.
- Não acredito !!!!!
Lamentou que as dicas sobre o
colar de esmeraldas não tivessem surtido efeito.
Na véspera de Natal, antes de
saírem para a Ceia na casa dos tios dela, propôs a Zé Edu, que trocassem os
presentes ali mesmo. Queria um momento de intimidade com o marido.
Ele achou o pedido inusitado, Tânia
adorava mostrar os presentes que ganhava para a família mas, como se sentia
culpado pela pouca atenção e carinho que vinha dispensando a ela, resolveu
aceita.
- Eu começo, disse ela, enquanto
entregava uma caixa muito grande e ligeiramente pesada. Ele abriu e se deparou
com dois vinhos embrulhados numa calça jeans, duas camisas e charutos. Achou
tudo aquilo estranho. Nada combinava com ele. Parecia um amontoado de coisas
colocadas juntas para fazer volume.
Tentou sorrir e dizer que tinha
adorado, mas era nítida a apatia.
Então, ele entregou a ela uma
sacola grande, de uma famosa boutique da cidade.
Tânia franziu a testa, olhou meio
de lado, abriu a sacola e a caixa que estava dentro e deu de cara com um
vestido de festa, lindo, visivelmente caro.
Ela adorou. Era lindo, era a “cara
dela”. Mas, se aquela aliança não era para ela.... Preferiu não concluir.
Seguiram para a casa dos tais
tios, foram recebidos com festa. O ambiente acolhedor e alegre, regado a muita
bebida e petiscos, fez com que Tânia esquecesse, pelo menos temporariamente, a
sacola encontrada no guarda-roupas do marido.
Zé Edu, apesar de participativo,
não conseguia disfarçar a tristeza do olhar. Onde estaria Beatriz? Ela disse
que iria para a casa da avó, já velhinha, mas ele tinha medos, muitos!
Depois do jantar, começou a
entrega do tradicional “Amigo Oculto” e de repente Tânia pensou que talvez Zé
Edu a tivesse tirado no sorteio.
- Claro, por isso ele escondeu a
aliança no fundo do armário!
Não conseguiu esconder a decepção
quando Zé Edu entregou alguns livros ao irmão dela.
Foram para casa já de madrugada.
Tânia não conseguia tirar a imagem da aliança quadrada da cabeça, Zé Edu não
conseguia parar de pensar em Beatriz.