Hoje me ocorreu - sei lá porque
diabos – que em todos os relacionamentos que tive, tive também um apelidinho,
desses que os casais se dão. Às vezes bonitinhos, às vezes beirando o ridículo,
mas quem não é ridículo quando está apaixonado, né não?
No meu primeiro namoro sério,
daqueles que a gente apresenta pra família, e todo mundo odeia o cara com
força, o infeliz me chamava de “Macaca”. É, macaca! Tudo porque, um dia o maledeto ouviu uma conversa minha com
uma amiga, onde eu dizia que precisava fazer depilação. Estava parecendo a Monga
do Playcenter. Houve uma tentativa dos
diminutos, tipo “Pituquinha”, mas não pegou não.
Entre ele e meu primeiro marido,
tive alguns relacionamentos rápidos que não geraram nenhum, digamos, chamamento especial... se é que podemos usar a
palavra chamamento para isso.
Aí veio o cara que acabei por me
casar. Iniciamos uma tentativa de “Amor” pra cá, “Amor” pra lá, mas o coitado
do amor foi sofrendo mutações e no final éramos “Zauer”. Nem me perguntem por
quê. Aliás, não foi só o apelido que
mudou, o amor também.
Aí, veio a fase em que vivi um
conto de fadas. Moço lindo, cheiroso, educado, inteligente, safado na medida
certa, apaixonado por mim e claro, como não podia ser só qualidade, casado.
Para combinar tudo de vivemos, ele me chamava de “Princesa” e eu brincava
chamando-o de “Meu rei” sem dispensar um sotaque baiano, claro. A história
acabou sem um final feliz, mas deixou tanta coisa boa pra lembrar...
Engatei outro romance e outra
tentativa de “Amor” na forma de chamar, mas foi em vão. O moço era tão raso,
insosso e covarde que muitas vezes pensei duas vezes para não chamá-lo de “Pamonha”.
Outro mocinho, outra paixão
fulminante, rasa, mas fulminante. Ele me chamava de “Paixão”, tipo, pra
combinar, né? Não!!! Provavelmente, porque chamava todas as 45 mulheres com
quem se relacionava da mesma forma. Melhor não arriscar.
Mais um tempo e veio o tal do psicopata.
O cara custou pra assumir alguma coisa, mas quando o fez, passou a me chamar de
“Pequena”. Fácil de entender: Tinha sido casado por 20 anos com uma mulher que
pesava 140kg. Aí, qualquer uma, na casa dos dois dígitos fica mignon. Acho que tinha também um
componente “década de 60”, sabe? Naquela época era meio comum chamar a
mulherada assim. Enfim, pequena foi a minha alegria, pequena foi a minha
paciência e menor ainda a possibilidade de sentir falta de qualquer coisa que
se relacione a essa época.
No meu segundo casamento, fui logo
tratada de “Amor”, assim, com a boca cheia de certeza!!! A princípio gerou
certo desconforto, visto que ele tratava a número quatro da mesma forma. Diante
do meu olhar incomodado, foi logo se explicando:
- Não tenho como te chamar de
outra coisa, você é meu amor mesmo!
Derretida, não só acreditei na
explicação, como incorporei e passei a tratá-lo da mesma maneira. Hoje ele
chama a número seis de “amor” e, sério, não tem como não achar hilário.
Provavelmente, deu a ela a mesma explicação, e a coitada, tão crédula quanto eu
fui um dia, achou lindo e retribuiu.
No meu próximo relacionamento,
serei chamada de Chris, e o chamarei pelo nome. Usarei às vezes um diminutivo, quem
sabe, ou uma abreviação que farei questão de falar de forma feliz, prolongando
a última sílaba do tamanho da alegria de vê-lo. Eventualmente ele me chamará de
“linda” e eu, porque também o acharei bonito demais, corresponderei chamando-o
de “Meu Lindo”.
Mas isso vai ser um dia.... um dia desses... quem sabe!