Ela acreditou que pudesse ser
mesmo, um ano de novidades felizes. Depois das dores dos últimos dezembros,
imaginou que fosse merecedora de um alento, afinal, se a prova era sentir tudo
com muita intensidade, sabia ter passado com louvor. Não se lembrava de ter
amado tanto, tampouco de ter sofrido assim.
Janeiro foi despretensioso, não
teve muito a oferecer, mas logo veio o melhor mês do ano – na opinião dela,
claro – Fevereiro e aí, teve carnaval, fusca e violão e mesmo não sendo
Flamengo e não tendo uma nega chamada Tereza, abusou da folia, do confete e da
serpentina.
Foi em março que começou a se
desenhar o que parecia ser o túnel, onde tempos depois, no seu final, seria capaz de ver uma luz. De velas ainda, é
bem verdade, mas ainda assim uma luz.
Começou com uma troca de olhares,
algumas brincadeiras. Depois as costumeiras indiretas, que funcionam meio como
um tatear do terreno. Um dia, meio sem esperar, houve o beijo. Para ela, um
beijo. Para ele – soube depois – o início de algo mágico.
Estiveram separados num breve
hiato em Abril. Ela precisa encontrar sua menina e resgatar a auto estima
perdida em tempos de dor e falta de afeto. Ele, enquanto isso, elegeu a música que
traduzia seus desejos. Ah, “Quem me dera te dar, quem me dera, bons ventos e
brisas... Quem me dera te dar, quem me dera, se tanto precisas, te dar calma,
te encher de mistérios, te dar desafios, te dar sonhos, mexer no teu tédio, te
dar meus navios.”
Em Maio, fizeram farra, fizeram
amor, fizeram bico. Em Junho, como que se o destino os quisesse juntos,
transformou uma pequena tragédia em possibilidade. Jogaram os dados e andaram
15 casinhas. Juntos, felizes. O túnel estava pronto, a luz estava acesa.
Quando Julho chegou, torceram
pelo Brasil e choraram por ele. Incluíram os amigos nos seus dias, incluíram
mais amor nas suas noites. Começaram a fazer planos.
O Agosto e o Setembro os
aproximou. Trabalharam juntos, num projeto complicado e saíram vitoriosos. Riram
e choraram juntos, tiraram dúvidas, tiraram sarro um do outro. Nunca nas suas
histórias, sentiram-se tão à vontade num relacionamento.
Outubro chegou traiçoeiro e outra
pequena tragédia fez com que voltassem 10 casas.
- E aí, Sr. Destino, de que lado
você está? Ela pensou irritada diante da notícia que mais parecia uma armação do
que um acidente.
Novembro apagou a vela, mas ele,
que não admitia abrir mão do amor conquistado, colocou um maçarico para manter
a chama acesa. Fizeram tudo com cuidado. Cuidaram um do outro e do amor que
descobriram existir. Cuidaram com afinco, com carinho, com respeito e com tanta
admiração que era bom de assistir.
E quando Dezembro chegou, ela
ficou com medo de que fosse igual aos dois anteriores, cheios de decepção e
dor. Foi surpreendida! Foi o mês em que as luzes se acenderam, os beijos
ficaram ainda mais intensos, os olhares mais penetrantes, o riso mais leve e só
chorou de emoção diante de tanto amor.
Entendeu que o ato de se abrir
para as possibilidades e não mais criar
expectativas, transformou o que prometia ser um ano inócuo, num período de
experiências emocionantes e significativas.
Feliz 2015. Que seja o ano das
possibilidades.