Beatriz passou toda a noite de
Natal envolvida com a família. As
conversas animadas com as primas, os últimos acontecimentos da pequena cidade
que tanto adorava sendo atualizados, o carinho das tias que a achavam exótica.
Enfrentava também, um certo olhar
desconfiado dos tios que sempre a acharam “saidinha demais”, sem ao menos se
darem conta da ingenuidade que ela tinha na alma.
De tempos em tempos, se pegava
imaginando como estaria Zé Edu e sentia uma pontinha de tristeza. Muito difícil
a ideia dele ao lado da mulher e dos filhos. Sabia ser inevitável, sabia que
era exatamente dessa forma que ela desejava aquele relacionamento, mas ainda
assim, sentia um certo incomodo.
O feriado de Réveillon foi ainda
mais complicado. Zé Edu passou na casa de praia, agora com a família dele.
Todos muito alegres, passaram a semana planejando a noite da virada. Ele não
conseguiu se envolver em nada. Achava tudo enfadonho, sem graça, superficial.
- Já me basta a função de
churrasqueiro no dia primeiro – falou com certa irritação, diante das cobranças
constantes de Tânia.
- Mas você sempre dá as melhores
ideias, sempre puxa a fila da animação, o que está acontecendo? Desde o Natal
está apático.
- Nada, Tânia. Nada demais.
Apenas cansado e pensando na volta ao trabalho.
Ela não se convenceu. Com
frequência, a imagem da tal aliança quadrada, lhe vinha a mente.
Na noite da passagem do ano, Zé
Edu teve vontade de se trancar no quarto, no silêncio, envolto em pensamentos e
lembranças que tinham Beatriz como tema. Diante disso, impulsionado pela
saudade que sentia, pouco antes da meia noite, resolveu sair para caminhar na
praia. Ia tentar falar com seu amor.
Caminhou por quinze minutos, até
ter certeza de que não seria surpreendido por alguém. Tirou o celular do bolso
e discou.
Beatriz passou o dia arrumando a
casa ao lado de alguns amigos. Encheram balões brancos e dourados, montaram as
mesas e cobriram com toalhas de renda. A decoração estava ficando linda. Flores
e frutas formando um lindo arranjo na mesa das comidas e pedras, cristais,
incensos, todo tipo de imagem de santo, orixás e um buda, compunham a mesa
ecumênica de boas vibrações. O clima estava ótimo, o céu azul prometida uma
linda noite estrelada. Pensava em Zé Edu e sentia um certo frio na barriga. Ah,
como era bom estar apaixonada.
Faltavam dez minutos para a
virada quando ouviu o celular. Pelo toque sabia se tratar de Zé Edu.
- Hei, meu rei!!!! Como você
está? – atendeu animada.
-Ah, princesa! Morto de saudade
de você.
Continua.