Finalmente
está acabando aquele período do ano que só orando à Nossa Senhora da
Bilirrubina. Tudo é motivo para um chopp. A festa da firma, o amigo secreto
daqueles amigos que nem são tão amigos assim, o encontro daquela turma que a
gente não vê há 987 anos, mas que não vivemos sem, a prima que veio de longe
para passar alguns dias na sua casa com a família e que só bebendo pra dar conta
de tanta gente e tanta desordem...
Eu,
particularmente, preciso de dose extra de Plasil na veia para agüentar as canções
irritantes, interpretadas por Simone, Ivan, John e agora os Fábios de Melo e
Júnior, que nos obrigam a entrar no clima do Natal por bem ou por mal. E os
lojistas e suas decorações natalinas exibidas cada vez mais cedo? Eu aqui, fico
imaginando o dia do duelo entre Coelhinho da Páscoa X Papai Noel nas vitrines
do país. Isso sem falar do incontável número de mensagens disparadas por todos
desejando as mais diversas coisas. Roteiro pronto, antigo, desgastado, mas que
todo mundo segue a risca.
Deixando
minha "ranzinzice" a parte, também é uma época em que as pessoas parecem
mais dispostas a compreender, aceitar, apaziguar, nem que seja da boca prá
fora, pra cumprir o tal roteiro. Desde que não seja assunto relacionado à
política, corrupção e seus derivados. Tem
quem faça o tal do balanço do ano que
passou. Talvez eu deva fazer o meu para colocar as coisas em perspectiva.
- 2015 veio cheio de possibilidades, como todo e
qualquer ano, mas posso afirmar que já tive anos melhores. A coisa foi tão
braba que to até com certo medo do próximo. Imagina só, fui para meu lugar
preferido no mundo e peguei Zyca. Depois, fui mandada embora e não me pagaram
por 4 meses, precisei de muito desgaste para receber. Meu pai, ficou doente e
morreu em uma semana, tive uma briga indecente com meu par e ficamos separados
por quase um mês. Um tio querido adoeceu e morreu depois de seis meses de muito
sofrimento para ele e toda a família. Lá de longe, se foram Marília Pêra e sua
incrível capacidade de nos transportar para outros mundos, Miele e sua alegria,
Elias Gleizer e sua doçura, Beth Lago e sua irreverência. Encerrei minhas
atividades como publicitária quando perdi, há dois meses, o único cliente que
ainda atendia. O país, o estado e o município estão nas mãos de gente
incompetente, desonesta, sem vontade política.
E
como se tudo isso já não bastasse para cortar os pulsos, minha tentativa de
organizar um reveillon divertido e cercado de amigos, foi totalmente fracassada.
Tá!
Claro que também tive bons momento. Fui mandada embora de um emprego que me
escravizava emocionalmente - o mesmo que demorou pra me pagar. Viajei com minha
mãe, irmã, primas e tias, num final de semana memorável. Pude me dedicar
inteiramente a um negócio que me dá muito prazer - agora espero o momento em
que me dê também algum dinheiro. Encerrei um ciclo que envolvia meu ex marido,
o que me trouxe alívio. Solidifiquei relações com amigas queridas, especiais e
presentes. Meus filhos estão bem, saudáveis, felizes. Tenho um bom relacionamento
e eu não perdi minha identidade nem quebrei o pacto que fiz comigo mesma há 2
anos - o que é realmente uma vitória
considerando meu histórico anterior. Tive a oportunidade de ver grandes nomes
nos palcos da vida. Bibi Ferreira, por exemplo me arrancou lágrimas de emoção.
Depois
de tudo relacionado e analisado, vou classificar 2015 com um empate.
Daqui
algumas horas, fogos vão fazer um barulho insuportável, meu celular vai fritar
de mensagens no Whatszap, as pessoas vão beber, cantar e comemorar com seus
amigos e familiares o tal do novo ano e eu, por opção e alguma decepção com o
todo, estarei em casa reclusa, esperando com certo receio, os próximos 365 dias.
Se a
ideia é desejar algo, desejo que seja justo!