Sei que quando nos conhecemos eu tinha pouco mais de um ano.
Claro que não me lembro desse momento, mas impossível não esquecer muitos
outros que compartilhamos ao longo de quase quarenta anos.
Não sei exatamente quando ela se foi, pra mim parece uma
eternidade. Sinto saudade dela sempre e me emociono quando me lembro da sua voz
doce e seu sorriso lindo.
Tia Chafia foi nossa vizinha por 13 anos e continuou a fazer
parte da nossa vida pra sempre. Casada com Tio Aviro, que partiu bem cedo, era
a mãe do Alberto, da Cristina, do José e do Paulo. Ah era a dona da cadela
chamada Cacilda, presente em outras histórias minhas.
Era nosso anjo da guarda. Sempre prestativa sempre carinhosa.
Cozinheira de mão cheia - o cheiro dos seus quitutes é forte em minha memória e
ainda me deixa a boca cheia d’água.
Nossas casas eram geminadas e no quintal tínhamos uma
janelinha, sempre aberta, que facilitava nosso contato. Era só aparecer ali,
chamar por ela e pronto, tudo resolvido – fosse o que fosse.
Quando tinha seis anos tive hepatite. Era carnaval e fiquei quarenta dias de cama.
Um dia senti o cheiro dos biscoitos dela e não tive dúvida, levantei, sentei na
janela do quarto – um sobrado – e chamei por ela. A coitada se apavorou com a
possibilidade da queda e tentando aparentar uma calma dizia:
- Desce daí Ane (eles me chamavam assim), a tia leva os
biscoitos pra você!!
Éramos uma só família não me lembro de precisar tocar a
campainha da casa dela.
Ela esteve em momentos importantes da minha vida. Estava lá
quando me casei e quando minha filha nasceu fez questão e nos visitar.
Aqui comigo, além das lembranças, tenho algumas fotos, um
coração de malaquita bruta que ela me trouxe da África e um ovo da mesma pedra lapidada
que também trouxe de lá, mas que ficava na casa dela junto de mais dois. Numa
das vezes que fui visita-la elogiei a peça e sem pestanejar me deu.
Foi ela que fez a primeira mantinha de tricô da minha filha
Marcella que guardo até hoje. Era um talento nessa arte manual. Fazia coisas
lindas e era incrivelmente rápida. Todo mundo em casa tinha uma malha, um pulôver,
um gorro, um cachecol que fosse, feito por ela.
Ela nasceu num dia 31 de Julho de um ano distante. Morreu
velhinha e me deixou profundamente triste com sua ausência. Até hoje, quando
penso na impossibilidade de vê-la não consigo deixar de chorar.
- Tia, onde estiver, saiba que a amo muito e sinto
constantemente a sua falta.
Comigo além das pedras, do tricô, das fotos e das
lembranças, ficou a certeza do amor incondicional que ela sentia por mim.
ai q lindo...chorei com sua história e pq me lembrei de uma tia assim e de minha querida vozinha...bjo e um ótimo dia.Ah e obrigada.
ResponderExcluirComo poderia me esquecer dessa mulher. Minha irmã e em alguns momentos, minha mãe. Como dizem, amiga é uma irmã que você pode escolher. Não escolhi a Chafia. Ela se agregou a nós. Como é bom lembrar de pessoas que deixaram marcas.
ResponderExcluirChris querida,
ResponderExcluirTenho certeza de que onde ela estiver, ficou feliz com suas palavras e sua lembrança no dia do aniversário dela!
E nós aqui, que a amávamos tanto, ficamos com os olhos cheios de lágrimas e o coração emocionado!
Lindo o que escreveu sobre uma linda pessoa, que foi mais amiga do que sogra na minha vida.
beijo
Oi tia :)
ResponderExcluirProvavelmente você não me conhece, mas a Rebeca, sou filha da Neli. Minha mãe me contou do seu post sobre minha vó e tive que dar uma espiadinha.
Estou super emocionada; ela era uma avó dedicada e amorosa. Fico feliz em conhecer mais histórias desse exemplo de pessoa :)
Obrigada!
beijo carinhoso
Rebeca,
ExcluirConheço você por fotos, linda desde pequenina.
Sua avó foi mesmo uma mulher rara. Aliás, sua mãe é uma mulher rara, maravilhosa... linda!! Sou fã de carteirinha.
Tenho saudade de todos, seu pai, seus tios, sua prima Paula (com quem eu convivi bastante).
Espero que um dia (que seja logo) possamos nos encontrar. Quero inclui-la na lista das pessoas da família que amo sem reservas.
Beijo com carinho,
Tia Chris
Cris eu sou neta torta da Chafia sou casada com o Renato, irmão da Rebi, infelizmente conheci o Renato no ano seguinte do desencarne da avó dele. Mas tenho muito carinho por tudo que me contam dela, até mesmo por que a filha dela Cristina a quem chamo carinhosamente de Tia vive me dizendo que se Chafia fosse viva teria muito orgulho de como eu cuido do neto dela dentre outras coisas. Mesmo sem conhecê-la tenho muito carinho, me emocionei com seu texto. Beijos.
ResponderExcluirOlá Érica,
ExcluirMuito obrigada pelo carinho e quero conhecer você, viu? Beijo no Renato e especial pra você.