O terceiro encontro - Ela.
Beatriz desceu do avião, com as
pernas trêmulas. Mãos geladas, coração aos pulos. Saudade aumentada na mesma
proporção do desejo.
A voz do bom senso veio no mesmo
voo.
- Você vai mesmo para a cama com
um homem casado? Sim, é um homem sedutor. Mas vocês trabalham juntos!
Que postura intrigante a dele, parecia
não ter nada a perder. E tinha muito.
No saguão ligou o celular.
Pegou a bagagem na esteira no
mesmo momento em que ele tocou.
-Estou aqui, louco pra te ver.
-Já peguei minha mala, estou
saindo.
Passou pelo portão decidida a não
dar ouvidos à voz irritante que insistia em fazer questionamentos em sua
cabeça.
- Não tenho nada a perder. Sou
solteira, livre e preciso de alguém que me deseje e me trate bem – pensou.
A decisão a deixou mais alta,
mais bonita, mais firme. Podia ver cabeças virando para vê-la passar.
Há tempos não se sentia tão
segura, tão plena de si.
O terceiro encontro - Ele.
Um Zé Du, ansioso, aguardava dentro
do carro, estacionado na ala de desembarque. No banco de trás um pacote lindo,
azul, com laço gigante. Adorava surpresas.
Olhava para o relógio e para o
céu, para o céu e para o relógio. Tentou o celular dela: desligado.
Tentou se concentrar num
documento de trabalho que tirou da pasta, não conseguiu. Mudou a estação de
rádio e a música o fez lembrar do sorriso dela.
- É Zé Du, essa menina mexeu
mesmo com você, pensou.
Tentou o celular mais uma vez,
nada.
Na terceira tentativa ela atendeu
e o coração dele pareceu saltar pela boca:
-Estou aqui, louco pra te ver.
-Já peguei minha mala, estou
saindo.
Não conseguiu mais tirar os olhos
da porta. Cada vez que abria seu coração saltava.
Até que ela surgiu: Linda, firme,
num vestido lilás maravilhoso, salto alto, cabelos soltos, lisos, loiros.
- Zé Edu, você tá se metendo numa
tremenda encrenca – A voz da consciência, que não conseguiu nada com Beatriz, resolveu
alertá-lo.
Por um segundo sentiu medo do
futuro, mas quando ela abriu a porta do carro e o perfume que usava dominou o
ambiente, ele só pode puxá-la para junto de si e beijar avidamente aquela boca
carnuda que se oferecia num lindo sorriso para ele.