Sentada ao piano, depois do fim
do relacionamento com aquele que parece ser seu único e verdadeiro amor, Diana, após
alguns acordes, se curva em choro convulsivo.
Assistir esta cena me vez voltar
no tempo. Tempo em que o choro convulsivo, desesperado, desamparado fez parte
da minha rotina.
Sou mulher que acredita no amor
mas entendeu que só ele não basta. São muitas as variáveis que podem nos
impedir de vive-lo intensamente. Talvez, seja esse o ponto do filme que mais me
impressionou: Os impedimentos de um grande amor, elevado à potência máxima.
Lançado em 2013, o filme Diana -
baseado no livro Diana, o Último
Amor de uma Princesa, de Kate Snell - enfoca fatos, com base em diversos
depoimentos de pessoas muito próximas, amigos e confidentes, que demostram um
outro lado da princesa, que o mundo não conheceu. O que alinhava os
acontecimentos, é o amor pelo médico paquistanês, Hasnat Khan.
Logo nos primeiros minutos, vemos
Diana num quarto de luxuoso hotel nos seus últimos minutos de vida. Acompanhada
do playboy egípcio Dodi Fayed, seu suposto namorado na época, Diana se volta enquanto
caminha pelo corredor como que pressentindo o que está para acontecer. A cena se repete no final do filme e a
interpretação que damos a ela muda.
Recuo de dois anos e sabemos
então, que Diana está separada formalmente do Príncipe Charles, mas ainda não
divorciada. Toda a angústia desse período de incertezas, pode ser sentida
através do ritmo do filme - lento, confuso – e pela interpretação de Naomi
Watts, que nos faz, em alguns momentos, esquecer que não estamos vendo a
verdadeira Diana na tela.
Alguns críticos acham que o filme
reduz a biografia da princesa de tal forma, que ela fica parecendo “uma mulher desesperada por um
relacionamento, qualquer que seja”.
Diana foi a mulher mais famosa do
mundo – sua vida foi exposta todo o tempo - é cruel demais com a autora, o
diretor e com o próprio espectador, afirmar que é essa a única sensação que o
filme passa.
Difícil afirmar o propósito de
uma obra, sem fazer uma análise mais profunda do processo criativo, mas trata-se
apenas, na minha opinião, de um recorte na vida da mulher que despertava
curiosidade mundial.
Histórias são contadas sob
diferentes pontos de vista, invariavelmente com lapsos de memória ou
construções fantasiosas da mente. Nesta história, vemos que a doce Diana, era
manipuladora e sedutora de forma inimaginável e que sua fragilidade poderia
ficar totalmente esquecida diante da cena em que, de maneira sórdida, ela ensaia
caras e bocas para a polêmica entrevista que deu à BBC.
O figurino é um espetáculo à
parte. Fidelíssimo ao da princesa de Gales.
Impossível não se emocionar na
cena em que ela, em visita à Itália, permite que um senhor com deficiência
visual, toque em seu rosto para conhece-la.
Hasnat Khan, é um personagem e
tanto. Naveen Andrews, ator britânico de ascendência indiana, dá veracidade ao
médico reservado e focado em sua carreira, que oscila comportamentos frios,
quase indiferentes, a outros passionais, beirando o desamparo.
De tudo, o que ficou em mim, foi
a sensação de Déjà vu: O homem, que mesmo amando uma mulher, prefere ser fiel
àquilo que o define e diante da perda irreversível, só tem um poema para se
apegar:
"Em algum lugar, entre o
certo e o errado, existe um jardim. Encontro você lá"
Rumi, Poeta Persa – 1207/1273
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