Rogério faz parte daquele grupo
de pessoas que agrada muita gente por pouco tempo e depois pouca gente por
muito tempo. Nesse momento, encontra-se em vertiginoso declínio – pelo menos
pra mim, que o acho o Ó.
Preciso reconhecer que o cara,
por muito tempo, soube jogar – em todos os sentidos. Quando seu rendimento
começou cair, e jogar bem deixou de ser natural, ele passou a se jogar. Se
jogar no chão, se jogar na mídia, se jogar pra cima do treinador - quando julgou
que ele não servia mais.
Algumas vezes avançou. Avançou três
passos indecentes em direção ao batedor do pênalti do Corinthians, achando que
o seu jogo fosse funcionar. Ledo engano.
A estética “rogério ceni” é a da auto
valorização, da hipocrisia, do criar dificuldade para vender facilidade e tem
correspondentes fora dos campos de futebol.
Você aí, com certeza, tem um
cidadão desses sentado na sua sala de trabalho. Ou pelo menos teve. O sujeito
que chega às 7h e bate o ponto orgulhoso, liga o computador, clica na web da
empresa, dá uma olhadinha, responde alguma mensagem que eventualmente tenha
recebido e então parte para seu momento “rogério”. Interfere no trabalho de
todo mundo, dá pitacos em áreas que não são a sua, faz intriga em busca de
benefício próprio, ou no mínimo, para não deixar que um colega leve algum mérito
que afete a sua fama de “bom moço”. Sai para almoçar, volta dentro do prazo e
continua sua saga entre as salas da “repartição”.
Vez ou outra acompanha os colegas
fumantes fora do prédio onde - em rodinha -falam mal da vida alheia e passam
cantadas baratas e clichês nas mulheres que dão o azar de circular pelo pedaço.
Mostra-se mais bem informado e inteligente que o resto do grupo mas no fundo é
raso e óbvio. E o pior: é ouvido como uma autoridade.
As 17h reúne suas poucas coisas,
bate novamente o ponto, e segue para casa feliz do dever cumprido. Ou podemos
dizer comprido?
Para o chefe do D.P. é o exemplo
do bom funcionário. Para o seu chefe, é o exemplo do bom funcionário, para os
colegas é o exemplo do bom funcionário. Para os que trabalham e enxergam é o
exemplo ambulante da hipocrisia.
Na estética “rogério ceni”,
também se encaixa aquele colega vaidoso, de fala mansa, cumpridor de horário e
compromissos, que vive contando em alto e bom som – ou tom ? – suas aventuras
amorosas fora do casamento. Aquele, que olha para todas as mulheres como se estivessem
disponíveis e ávidas por sua companhia. O mesmo, que tem um caso com a outra
colega que passa a perseguir essas mulheres porque não tem coragem de dar um
chega pra lá no malandro sedutor.
Sabe aquele seu companheiro de
trabalho que adora sair na foto quando fecham um ótimo negócio que ele só teve
participação dando o palpite errado? E aquele que te cumprimenta, depois de terminar
um trabalho com sucesso, como se ele fosse o chefe? Então, esses também podem se
encaixar no jeito “rogério” de ser.
E aquele, que sempre tem uma
ideia brilhante para resolver um problema do setor, mesmo que isso coloque
todas as cabeças a prêmio? Ahh, esse merece plaquinha - daquele que lembram as de
patrimônio - no pescoço, impressa “sou rogério, sou mais eu”.
Enfim, se você não é torcedor do
São Paulo vai entender de primeira toda a analogia que fiz. Se for, vai ter um
tanto de dificuldade porque faz parte daquele grupo que Rogério vai enganar por
mais tempo.
Mas fique tranquilo, ninguém engana todo mundo o
tempo todo. Ninguém !!!!!!!!!!!!!