Nossa relação começou num susto.
Um exame de gravidez positivo nas mãos, poucos meses depois
de casada.
Não era esperada.
Passado o impacto inicial, ter um bebê pareceu uma ótima
ideia.
E depois que caí na malha fina de uma demissão em massa no
jornal que trabalhava foi fácil lidar
com a barriga crescendo – muito – enquanto
organizava o quarto dela.
Marcella foi o primeiro e único nome escolhido por mim. Se
fosse um menino, o pai escolheria.
Quando fiz o ultrassom e vi que era ela fiquei bem feliz.
Lembro-me de sentar no chão do quartinho já decorado, abrir
as gavetas com as roupinhas lavadas e guardadas, tirar um ou outro macacãozinho
e abraçar, imaginando que era ela...
Depois de 40 semanas, como não parecia muito a fim de vir
pra esse mundo, precisamos marcar uma cesariana o que, confesso, me deu um
grande alívio. Tinha um medo danado do tal parto normal.
Chegamos à maternidade às 7h20. Antes disso, em casa, ainda
passei uma camisa para o pai dela vestir, pode? Minha mãe e meu pai já estavam lá, ansiosos
com meu atraso – tinha que chegar às 7hs. Culpa da camisa, falei !
Enfermeira foi me buscar na recepção. Pronto, chegou a hora!
Choradeira geral – normal na família essa coisa do choro – e lá fui eu pra sala
de parto.
Marcella nasceu no dia mais frio daquele ano de 1993 às
10h18 – linda. Rosadinha, gordinha, uma boneca.
Engraçado como se estabelece essa relação. Basta um olhar,
um toque e pronto.
A cada mamada, fazia questão de me preparar para recebê-la.
Levanta, escovava os dentes, penteava os cabelos e passava batom rsrsrs É, passava batom!!! A pessoa, morrendo de dor
da cirurgia, mas com o bocão perfeito. Rsrsrs Só eu mesmo.
Mamou fácil, não deu trabalho – não que eu me lembre.
Nos três dias que ficamos na maternidade perdi as contas das
vezes que parei no vidro do berçário – inclusive de madrugada - para admirar a minha
menina. Era mesmo a mais linda de lá.
Não sou dessas mães que fazem discurso sobre o amor
incondicional. Não acredito nesse papo de “amo desde que era uma sementinha em
meu ventre”. É preciso conhecer, se relacionar para admirar, amar e querer
estar sempre perto.
O nosso primeiro ano foi de total interação. Vivi pra ela.
Fazíamos tudo juntas. Acompanhei cada evolução: o primeiro dente, a primeira
palavra, o dia que andou, a primeira arte. Desenvolvemos um amor lindo que só
cresceu nesses 20 anos.
Tenho orgulho dela. Mesmo que às vezes a gente discuta,
mesmo que tenhamos divergências de opinião, mesmo que ela ache que não fui
assim, uma mãe exemplar – e não fui mesmo. Conheço-a como ninguém. Sei quem ela
é e a amo muito.
Uma pimentinha !!!
Bravinha!!!
Uma menina linda, uma mulher forte, corajosa e verdadeira
com ela mesma – e é isso que tem que ser.
Sofreu uma grande perda, lida com dificuldade com isso, e
essa é a minha maior dor: Não há nada que eu possa fazer para que isso passe,
além de acolher e pontuar quando a dor é dor ou quando a “dor” é só uma
desculpa para mascarar o não cumprimento de certas obrigações ou enfrentamento
de certas situações. Tudo isso faz parte do processo de amadurecimento.
Filha, 20 anos depois, o que posso dizer é que amo você
incondicionalmente! E não porque as mães sempre amam seus filhos. Amo você
porque é especial, engraçada, responsável, brava, nervosinha, divertida.
Carinhosíssima, prestativa (quando tá afim) rsrs
Desejo que se respeite. Que siga o caminho que escolher- e
podem ser muitos ao longo da vida - que
entenda que escolhas tem consequências, às vezes más, mas muitas vezes boas.
Que seja você sempre! Até porque, você é mesmo, uma delícia
de pessoa.
E a gente se diverti, né???
Parabéns !!!!!!!!!!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário