Descartar pessoas pode ser considerado uma atitude de defesa
do ser humano. Ficamos sempre tentados a isso quando somos contrariados.
O que difere pessoas equilibradas de outras, nem tanto, é a
capacidade que têm de administrar as incompatibilidades.
Imagine um mundo onde todos fizessem a mesma coisa e
pensassem da mesma maneira. Nossa, me deu uma preguiça monstro agora. Tudo
bege, tudo pasteurizado.
A diversidade é produtiva, rica, cheia de contrastes mas dá trabalho. Somos capazes de passar anos ao lado de pessoas que
concordam conosco em quase tudo, mas não suportamos muito tempo os “do contra”.
Questão de afinidade, dirão. Sim, fato. Mas as afinidades não são garantia de
100% de concordância. Há de se ter carinho e compreensão nas relações que se
estabeleceram, muitas vezes, por anos.
Até aqui nenhum segredo, não é?
A minha inspiração para essa reflexão está no fato de não me
conformar com algumas ações que vejo em pessoas, teoricamente, de bem.
Acho que a proximidade dos meus cinquenta anos também tem
peso nisso tudo.
Ao longo da minha vida tive amigos e “amigos” e o que os
difere é justamente a capacidade que tivemos de lidar com nossas diferenças.
Meus amigos, poucos, pouquíssimos – mal cabem na palma de uma mão – entendem minha
forma de ser. Respeitam minhas opiniões, mesmo quando contrárias as suas e
jamais questionam minha fidelidade a
eles.
Enquanto isso, na contra mão, temos os pseudos amigos. Os
que gostam da quantidade e batizam qualquer ser que respire e acene com um
sorriso de “meu amigo”. Esses são seres raivosos quando contrariados. Logo
partem para a ignorância sem ao menos se darem ao trabalho de racionalizar a
sua fatia de culpa em qualquer intercorrência na relação. Podem expressar a sua
ira com xingamentos e agressões verbais graves, passando por acusações e criação
de boatos ou entrar no terreno das indiretas. Há ainda os que saem de fininho e
abandonam o barco sem maiores alardes e, diga-se de passagem, esses são os que tem
o meu respeito.
Não consigo conceber uma relação de 10, 15, 20 anos que se
abala porque uma das partes se fecha, fingindo não saber como é o outro e se mostra
surpreendido e ofendido diante de uma atitude simples, sem novidades. Uma
atitude super previsível, se enxergássemos a pessoa como ela é e não como
gostaríamos que ela fosse.
Descartar um amigo é um ato covarde. Nos desobriga a
reflexão.
Descartar pessoas, quando nos fazem mal é válido é recomendável.
Mas é de bom tom que não façamos alarde disso. E essa carapuça muito me serve!
Conte os seus amigos, dentro dessas premissas – compreensão,
afinidades, respeito e fidelidade – e avalie com quantos deles você poderá
contar quando resolver ter uma opinião divergente do grupo.
Avalie quantos permanecerão ao seu lado quando você estiver
chato, de TPM ou em depressão e pior: quantos deles continuarão sorrindo quando
você estiver fazendo muito sucesso ou ganhando muito dinheiro.
Bons amigos custam caro !!!! E não estou, absolutamente,
falando de dinheiro.
Quanto vale o seu amigo?
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