Há dois meses venho tentando, dia
a dia, entender as sensações que me acometem a alma. Entre a dor e a saudade,
no entorno da raiva e da mágoa, no vazio da solidão e na plenitude do
inconformismo, tenho sentido constrangimento.
Constrangedor o choro diário, agora
escondido dos filhos, que já fizeram muito e precisam viver despreocupados das
minhas dores.
Constrangedor ouvir: “- Pára com isso!!!
Você já passou por coisa pior!!” – e ter que sorrir debilmente, num aceno que
concorda com a cabeça e discorda com o coração. Como se pudessem avaliar o que
se passa dentro de mim agora e o que se passou quando tive câncer de mama.
Constrangedor ver a cara daquele ex-namorado
psicopata – que até outro dia tinha me bloqueado no Facebook – aparecer como sugestão
de “amigo” na igualmente constrangedora sessão “Pessoas que talvez você conheça”.
Certamente soube que estou separada e resolveu fuçar na minha timeline. Posso ver
o sorriso irônico, característica marcante do cretino, estampando na cara feia,
emoldurada por cabelos a la Larry.
Constrangedor perceber pessoas do
meu convívio envolvidas tão intimamente em outra vida, como se fosse
absolutamente normal tudo o que está acontecendo.
Constrangedor ouvir amigos e
conhecido contando, indignados, coisas sobre o homem, que até dois meses atrás,
dividia a cama comigo. Coisas que demonstram a falta de respeito pela história
que vivemos. Talvez, nesse caso, falte a ele uma dose de constrangimento, que
pouparia a mim, aos meus filhos e a minha família, da exposição desnecessária
de seu novo relacionamento tão precoce e já tão intenso!
Constrangedor ter investido em
algo tão efêmero, ter acreditado na felicidade, na cumplicidade, na afinidade e
agora nada disse parecer real.
Constrangedor o silêncio, a indiferença, o pouco caso das pessoas com as
quais trabalho e que imaginei que compreenderiam.
Constrangedora a sensação de incompetência
diante dos conselhos, dos palpites, das verdades ditas de forma tão
contundente, quando busco desesperadamente, um botão que me desligue de tudo
isso, sem sucesso.
Constrangedor ter que admitir que
errei feio, errei rude !!! De novo.
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