O Segundo Encontro - Por ela
O segundo encontro, dias depois, começou
com um clima constrangedor. Reunião de trabalho, doze pessoas ao redor.
Beatriz olhava para Zé Du e não
tinha retorno. Chegou a achar estranho, até que aquela vozinha do bom senso chacoalhou
seu pensamento:
- Como estranho? Queria o que
depois dele passar 15 dias na Grécia com a mulher?
Bom, pensou, pelo menos teria um
episódio pra contar pras amigas sem maiores conseqüências.
Pausa na reunião saiu pra fumar.
Sentada nos degraus que davam acesso a área externa sentiu a presença dele.
Não, na verdade sentiu primeiro o perfume. Como amava aquele cheiro.
Zé Du sugeriu que saíssem para um
chopp após a reunião.
Beatriz, irônica perguntou se a
turma toda ia, sorriu e aceitou.
Voltaram pra reunião. O tempo não
passava. Não conseguia mais prestar atenção nos gráficos apresentados. Só via
os gestos, o terno bem cortado, as lindas mãos morenas, o jeito de mexer na
gravata.
Final da reunião, olhares se
cruzaram e ele disse alto:
- Beatriz, tá de carro? Te dou
uma carona até o hotel.
Dentro do carro, ela que esperava
pela pá de cal no relacionamento que nem começara, sentiu a mão dele tocando sua
perna.
Olhando para frente, como se
preocupado com trânsito disse:
- Morri de saudade de você.
Sentiu uma ligeira tontura enquanto falava pra
voz, aquela do bom senso: Como?
- Estou dizendo que morri de
saudade e você não me diz nada?
Sem jeito, diante da fala
inesperada, colocou a mão sobre a dele:
- Esperava ouvir outra coisa. Não
sei o que dizer
- Diga que também sentiu minha
falta.
- Senti, disse enquanto tentava
não ouvir a maldita da voz que retrucava: Você vai entrar numa fria.
Quer saber, decidiu dando um
“peteleco na voz”, não tenho nada a perder.
- Sabe que consigo me lembrar da
primeira vez que te vi? Lembro-me da roupa que vestia. Nunca me saiu da cabeça
o sorriso, a voz, o jeito de caminhar. Quero ter um caso com você. Sou casado,
bem casado, não pretendo me separar. Amo minha mulher, mas estou apaixonado por
você.
Se a sinceridade dele a chocou, a
memória a impressionou – tinham se visto pela primeira vez há dois anos.
Entre impressionada e chocada,
resolveu que ficaria com a primeira. Recém-saída de um casamento fracassado
onde não era desejada, viu na proposta uma oportunidade de se restabelecer como
mulher. Podia sentir desejo na voz dele. Adorava a maneira como a olhava.
Conversaram longamente, trocaram
olhares, beijos e combinaram um próximo encontro.
O Segundo Encontro - Por ele
Zé Edu se lembrou, que nesse
mesmo ano passou 15 dias na Grécia com Tânia, sua mulher. Viagem foi linda, com
ares de segunda Lua de Mel, mas Beatriz foi junto, impregnada na sua memória.
Na volta, um presente inesperado:
reunião de equipe.
- Ah, iria vê-la.
Perceber que estava sendo
observado o deixou nervoso. Tão desconfortável que não teve coragem de
retribuir o olhar. O que ela estaria pensando?
Quando a viu durante intervalo tratou
logo de marcar um encontro. Não podia perder a oportunidade de dizer o que
estava sentindo.
No carro, a caminho do bar, teve
vontade de parar para beijá-la, mas o medo da rejeição o impediu.
Resolveu se arriscar: colocou a
mão na perna dela e disse:
- Morri de saudade de você.
Percebeu que ela estremeceu e
resolveu repetir:
- Estou dizendo que morri de
saudade e você não me diz nada?
- Esperava ouvir outra coisa. Não
sei o que dizer
- Diga que também sentiu minha
falta.
- Senti ..
É, ela também estava sentindo o
mesmo. Um sorriso tomou-lhe os lábios e ele tentou chegar ainda mais rápido ao
destino. Queria muito beijá-la outra vez.
Conversaram e o tempo passou tão
rápido. Tanto a dizer. Tantos beijos a serem trocados. Ah, os beijos ora
ternos, ora intensos pediam novo encontro, mais íntimo.
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