Dia 03 – Portenho não é Tarzan,
nem surdo !!
Algumas coisas precisam ser ditas:
Dica 01- Café da manhã em hotel na Argentina não é, nem de
perto, igual aos nossos, aqui no Brasil. Tudo é muito doce e totalmente sem
sal (sobre isso conto mais detalhes depois).
Descemos para o café, ligamos para Stella Maris – sim, nossa
receptiva em Buenos Aires chamava-se Stella Maris. Esperamos por ela e
resolvemos a questão reserva=quarto com camas de solteiro e a última noite
pendente. Com a transferência da ida, a volta também foi alterada.
Tudo resolvido, saímos a pé pela cidade.
Dica 02: Se puder fique na Recoleta. O bairro por si já vale a
viagem. Tudo é lindo, as ruas, os prédios,
os cafés, as pessoas, as banquinhas que vendem flores no
meio do calçadão.
Buenos Aires é um museu a céu aberto. A cada esquina um
prédio espetacular nos dá uma lição de preservação da história.
Os ônibus são sensacionais, todos com pinturas muito
coloridas que lembram e muito, aquelas placas que anunciavam a chegada dos
circos à cidade.
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Foto Google. |
Os portenhos são sim gentis com os brasileiros. Eles nos
trataram muito bem. Alguns são secos, como a mocinha que nos atendeu na
farmácia:
- Buenos Dias (ó eu arriscando o portunhol). Você entende
português?
Ela balançou a mão e a cabeça ao mesmo tempo sugerindo um
“mais ou menos”.
Por alguns segundos, me lembrei da experiência com os
indianos em Janeiro de 2011 e parti para um portunhol misturado com mímica – aliás,
sou ótima em mímica. Meu marido e eu raramente perdemos no jogo com amigos.
- Preciso de um hidratante - ela entendeu bem e perguntou se
eu tinha preferência por marca – eu entendi a pergunta e respondi que não.
Ela me levou até uma gôndola e me mostrou as opções,
apontando. Escolhi um Nívea , a única
marca que eu conhecia.
Ai veio o drama: Precisava de caixinhas de lentes de
contato.
Dou risada só de lembrar.
Depois de alguma fala e muita mímica ela disse:
- Ahh, você quer um “ISTURJIO” ? (não faço ideia de como se
escreve, juro que procurei no google tradutor, mas nem o coitado achou algo
parecido.
Agora escrito me parece óbvio, mas com o sotaque e as outras
palavras juntas me pareceu Grego !!
Eu olhei pra mulher e disse:
-Preciso ver se é.
E aí, ela queria me explicar que a caixinha não era vendida
separadamente, só com o líquido que conserva as lentes.
Ohh meu San Martin, de que diabos hablas essa mujer???
Surge aí, uma figura simpática que pacientemente, através de
gestos e portunhol, me explicou o que se tratava.
ISTUJUUU.... sim sim, claro: estojo !!! Dããããã... a loira!
Estojo e hidrante em mãos, continuamos nosso passeio pelas
ruas e avenidas de Buenos Aires.
É muito boa a sensação de parar no meio da 9 de julho e
enxergar o obelisco, aquele famoso dos cartões postais. Que avenida espetacular
– 140 metros de largura, com edifícios e monumentos importantes, jardins,
fontes... maravilhosa!
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Avenida 9 de julho. LINDA !!!
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Chegamos a Praça de San Martin sem querer. Muita gente
diferente, convivendo naquele espaço, que lógico, é muito bonito.
Chamou a atenção a falta de higiene de um senhor, que
sentado aos pés da estátua do libertador, comia tranquilamente seu lanche ao
lado de um monte de coco de cachorro – eu achei que era de gente, mas deve ter
sido só uma impressão minha.
Precisávamos voltar ao Hotel as 14h30 – horário do City Tour
que optamos por fazer para ter um noção do todo, digamos assim.
Dica 03: Cuidado com os pacotes que os receptivos oferecem.
Enquanto esperávamos a Van do City a Stella Maris nos vendeu
2 pacotes:
01 para o TANGO – programa obrigatório
01 para o TIGRE – imperdível.
Detalhe: há outras formas de fazê-los com grande economia,
mas a gente só descobre depois.
O City tour é básico, né gente? Se fosse espetacular a gente
teria que pagar por ele. A ideia é mesmo
dar uma geral e escolher onde quer voltar com mais calma. Foi isso que fizemos.
A guia, muy simpática, falava bem o portunhol e era muito
respeitosa com todos. Massss como todo guia sempre querendo levar o por fora.
Entramos na Van e fomos agraciados com um adesivo rosa choque que deveríamos
usar durante todo o percurso e principalmente nas paradas estratégicas para o
consumo nas lojas indicadas por ela.
Estratégia para não ficar muito na cara o seu papel de
turista: esconder o "tardoadesivo" durante as descidas.
A cidade é linda, como disse antes, vale o tour. Mas se
puderem façam no ônibus que sai da
Florida com a Diagonal Norte. Não conseguimos fazer porque
deixamos para o último dia e chegamos à conclusão de que não valia a pena.
Custa 70 pesos e você pode descer quantas vezes quiser nos
pontos turísticos e esperar o próximo, por exemplo.
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Foto Google |
Passamos pela Recoleta, Palermo, Centro, Praça de Maio - Casa
Rosada , La Boca - Estádio do Boca e Caminito, Puerto Madero, e várias avenidas
da cidade.
Duas paradas: Praça de Maio e Caminito. Na praça demos a
maior sorte, conseguimos ver as mães da praça (que protestam desde 1983 pelos
filhos desaparecidos na ditadura militar) e que se reúnem só as quintas-feiras.
Ficamos impressionados. Elas andam em volta da Pirâmide de Mayo sem parar,
algumas em silêncio absoluto, carregando a foto do filho com uma expressão tão
carregada, que parece que tudo aconteceu semana passada.
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Me impressionou muito !!!!
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A casa Rosada é rosada mesmo e muito sem graça. A noite é bem
melhor, tem um sistema de iluminação que a deixa espetacular.
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Foto Google |
No Caminito ficamos encantados com o colorido e a alegria.
Decidimos voltar no dia seguinte.
Não compramos nada. Não viajamos com essa intensão. Enquanto
os colegas de Van compravam, nós andávamos pelos lugares, conversando com
pessoas e procurando entender mais do modo de vida do portenho.
Conversamos com muita gente e aqui fica a
Dica 04: Fale devagar, eles entendem. Não precisa trata-los
como Tarzan:
- Eu querer telefone
casa Brasil.
Nem como surtos:
_EUUUU QUEROOO TELEFONEEE para BRASIIILLL.
Frases como: “ Hable um poco más despássio, por favor.” , “Me
entende usted?” , Cómo se disse eso em espanhol?” são valiosas.
(continua)