Relendo meu balanço de 2012, escrito há um ano, avalio que
minha percepção das coisas mudou.
Ano passado eliminei 12 quilos, algumas crenças e uma
tonelada de gente que não servia pra nada.
Esse ano eliminei outros tantos quilos - alguns dentro do
planejado, outros nem tanto – perdi o chão e a fé nas relações amorosas.
Para ser honesta comigo mesma, preciso admitir que toda
mudança já se anunciava um ano atrás. Pretensiosa, acreditei que o amor, as
afinidades e a cumplicidade - características públicas e notórias do meu
casamento - fossem suficientes para segurar a crise.
Diante da realidade do hoje, avalio que é impossível seguir
adiante numa relação, quando o parceiro tem necessidade incontrolável de viver
novas emoções de tempos em tempos. Impossível construir qualquer coisa num
terreno instalado sobre placa tectônica. Qualquer movimento provoca tsunami e destrói
sem dó, tudo que estiver por perto. Características humanas são parecidas com
as forças da natureza, quando tem que se manifestar não há o que as segure.
Pode parecer ruim – e é quando somos a parte destruída – mas é natural, orgânico,
vital!
Foi o ano da destruição, do caos, das reformas – internas e
externas. O ano de testar meu equilíbrio, minha sanidade, minha paciência.
Um ano que me propôs a solidão, o choro compulsivo, a dor
dilacerante no peito e na alma. Ano em que tive que engolir o orgulho e admitir
humildemente que sou frágil e incapaz de controlar minha vida.
É!! Não temos controle de nada. Absolutamente nada.
Em 2013, vi um argumento meu, ser usado covardemente contra
mim.
Vi passivamente a falta de respeito e o descaso demonstrados
em fotos publicadas sem pudor algum. Vi o riso fácil no olhar vazio, a
intimidade forçada num abraço sem encaixe.
Suportei os comentários, as insinuações.
Ouvi pacientemente os relatos da barbárie, como quem escuta a
história de um desses filmes de zumbi, em que seres amados se transformam em
monstros incontroláveis.
Defendi, honesta e sinceramente, o direito que a pessoa tem de
ir e vir, de tomar decisões, de mudar de vida, mesmo sabendo que o direito de
alguém deveria ir só até onde começa o direito do outro. A partir daí é egoísmo
!
Descobri que somos importantes até que deixamos de ser e
partir daí, o botão do “foda-se” fica aceso e acessível. Apertá-lo é uma
questão de tempo, ou de bunda.
2013 foi o ano em que – contrariando o que disse ano passado –
descobri que tenho muitos amigos. Importantes amigos. E um tanto de gente que
se importa comigo. Foi o ano que me emocionei com as manifestações de carinho, com
o apoio, os ombros, os lenços, as orações, as vibrações.
O ano em que me percebi forte. Incrivelmente forte.
Sim, passei por outras coisas graves e sobrevivi –
literalmente.
Não, as outras coisas pelas quais passei não foram piores do
que essa e não estou sendo ingrata, injusta. Estou apenas admitindo claramente
que minha capacidade de lidar com as agruras do coração sempre foi deficiente.
Acabo 2013 com a sensação de ter sido castigada, pisoteada , de ter tido minha alma dilacerada, exposta em carne viva, agora em fase de cicatrização e de ter tomado decisões necessárias:
O afastamento para ver o todo e manter a dignidade e o
respeito por mim mesma.
O cuidado comigo.
O respeito em fazer só aquilo que quero.
E, parafraseando ironicamente meu ex-marido, me interessar
apenas pelo que me interessa.
Encerro 2013 com um baita orgulho de mim mesma e algumas certezas
– todas clichês: O tempo é o senhor da
razão, quando algo tem que acontecer – seja pro bem ou pro mal – o universo
conspira, e existe uma lei implacável – que nos cobra responsabilidade pelos
nossos atos de tempos em tempos – a lei do retorno.
Que 2014 seja justo !!!