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Blog de histórias reais e de ficção.
Um lugar para expor opiniões que provoquem dor ou delícia!
Qualquer semelhança com histórias ou comportamentos reais poderá ter sido mera coincidência. Ou não!



quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Diário de Viagem - capítulo 01





Começou quando meu marido contou que não ia dar aula na semana do Carnaval e eu disse que ia trabalhar no sábado, domingo e segunda da mesma semana.
- Hum, peraí !!! Vai ser a única oportunidade que teremos até julho, pelo menos, de estarmos juntos por 6 dias em algum lugar legal, longe de tudo, tipo Lua de Mel ? E melhor, depois do Carnaval – os preços são melhores !
- Yes !  Então bóra fazer alguma coisa.
Liguei para a minha prima Carla, que tem uma agência de Viagens e pedi sugestões de pacotes. De Buenos Aires a Natal, passando por Bonito. Algumas outras ideias surgiram mas acabamos optando por Buenos Aires.
Putz, finalmente vou conhecer a tão falada cidade!! Mal sabia eu o que me esperava.

Dia 01, ou o dia que Murphy resolveu que vinha com a gente!!

Aeroporto Leite Lopes, 12h30. Embarcamos pela TAM (presente da minha amada mãe) rumo a Congonhas. Tudo certo: Suquinho, bolacha tipo Clube Social e 40 minutos depois estávamos em Sampa. A TAM tem um serviço gratuito e bem legal que te leva pra Cumbica. Feriadão, cidade vazia, 30 minutos e bingo: Lá estava o aeroporto bem na nossa frente. Não eram nem 3 da tarde quando sentamos num bar perto da ASA B para fazer hora. Horário do vôo 18h45, horário do Check-in 16h45.
Comemos, tomamos UM chopp cada um, esperamos por alguns minutos na esperança de um show pornô (um lugar que vende um chopp a R$ 14,40 só pode oferecer outros serviços, né?), pagamos a conta sem que nada de anormal acontecesse e seguimos rumo ao painel de informações para ver em que ASA ficava a companhia Qatar Airwais.
Nenhuma informação. Só constava: Check in. Ok !! Vamos esperar, no horário vai aparecer a informação.
Incomodados com as malas, resolvemos perguntar onde ficava a companhia. O primeiro SER da Infraero disse que era na B (nessa altura, estávamos na C). Ok !! Vamos voltar. Lá chegando, NADA. Perguntamos ao segundo SER igualmente vestido de louro José e ele disse:
- Aqui nããããooooo !!! É na D... D de da - do.
Nesse momento senti que talvez Murphy estivesse nos acompanhando.
Voltamos pelos 423 kilômetros que separam as malditas das Asas e achamos a companhia. Bilhetes na mão, habilitação idem. Sorridentes, paramos em frente a mocinha e entregamos todos os papéis. Ela sem cerimônia e bem sorridente também disse:
- Preciso do RG de vocês.
Olhamos um para cara do outro e falamos ao mesmo tempo:  - Não trouxe o meu RG !
- Moça, não temos o RG.
- Carta de habilitação só vale em território nacional
-Como assim ????
-É pra embarcar só passaporte ou RG. A senhora não pode pedir para um moto táxi trazer?
-Bemmm, cê não tá entendendo, moramos em Ribeirão Preto, 320 km daqui.
- Não tem jeito. Só com RG
Pânico absurdo. Sem RG nada feito.
Liguei para minha prima:
- Carla, pelo amordedeusssss.... o que vou fazer?
- Transferência de voo. Mas só para amanhã, SE tiver lugar.
Liguei para minha filha em Ribeirão:
- Marcella, vasculha meu quarto e pega o meu RG e o do Jeff e leva pro Aeroporto. Detalhe: Eu não fazia ideia de onde estava meu RG novo. Só sabia localizar o meu de 1982.
Marcella chegou no aeroporto, e o voo da Tam que possibilitaria nosso embarque ainda no mesmo voo da Qatar já tinha decolado. O próximo era da Passaredo, as 21hs. Conclusão: Perdemos mesmo o voo.
Procuramos a companhia, pagamos a diferença para o embarque no dia seguinte e ficamos aguardando os RG’s que seriam entregues no check in da Passaredo as 22hs.
Inconformada!!! Não sabia se chorava se ria ou se dançava um tango pra entrar no clima.
Documentos entregues. A moça da Passaredo diz:
- Com esse RG você não vai conseguir embarcar.
- Por quê?
- Documento tem que ter no máximo 10 anos. (meu RG tem só 30).
- Cê tá brincando?
- Não, mas você pode tentar !!!
Procuramos a companhia que estava fechada e só reabriria às 3hs da manhã;
Meu marido resolveu ir até a Polícia Federal  perguntar e o policial disse que com aquele documento eu até poderia embarcar, mas seria deportada assim que chegasse ao aeroporto em Buenos Aires.
- Não deixe sua mulher passar por esse constrangimento, disse o previdente policial.
Nessa altura eram 23h25.
Resolvi que ia voltar pra Ribeirão de ônibus para procurar meu RG novo. Sei lá, quem sabe !! Não fazia ideia de onde ele poderia estar.
- Talvez não tenham me devolvido quando fizeram meu registro no trabalho, pensei.
Comprei a passagem de ônibus que leva de Cumbica ao Tiete. Lá pretendia  pegar o último ônibus para Ribeirão a 1h, chegar as 5hs procurar exaustivamente em casa. As 12 (caso não achasse) iria até a Secretaria procurar por lá, e com sorte e RG na mão talvez conseguisse pegar o voo das 13h30 da Tam, para chegar em Cumbica de volta as 16h45 para me apresentar para o novo embarque. Jeff ficaria em Cumbica a minha espera.
A sala mal  iluminada, a cara da moça do guichê, a preocupação do meu marido em me deixar ir sozinha, me deixaram desolada!!
Ai, recebi um SMS da minha filha dizendo que eu ia SIM conseguir embarcar com o RG. Ela tinha entrado num fórum e lá várias pessoas diziam que tinham viajado com RG’s antigos.
Olhei para o Jeff e falei:
- Amor, pensa comigo: Vou até Ribeirão, chego lá e não encontro o RG. Já pensou? A gente vai perder tudo. De verdade, não tenho segurança de que vou encontra-lo. Acho que podemos arriscar.
- Tem razão. Vamos esperar o pessoal da Qatar abrir o Check in para Doha e a gente vê o que acontece.
Vendi a passagem para o Tiete e subimos para a ASA D. Sentamos naquelas cadeiras desconfortáveis. Tensos, com frio, com fome, com uma frustração que não tinha tamanho.
Ao nosso lado, um casal apaixonado: Ela deitada no colo dele enrolada na bandeira do Brasil. Ele cantando romanticamente, a princípio baixo no ouvido dela e 5 minutos depois, empolgado para todos compartilharem da alegria deles.
Não demorou muito para a trilha sonora passar de Portenhabrega – SIM !!! ele cantava em castelhano - para um Hip Hop chato, mala, contêiner, cantado “ se é que isso é cantar” em alto e bom som.
Meia hora depois, resolvemos caminhar! Descobrimos no andar de cima um lugar quente.
As 2h45 descobrimos que a Qatar estava aberta. Descemos. Coração na mão! Peguei o RG e o Voucher e cheguei no guichê:
- Moço, bom dia! Você acha que terei problemas para embarcar amanhã, para Buenos Aires, com esse RG?
Ele olhou pra mim e para o documento e disse:
- De jeito nenhum!! Tá em bom estado e fica claro que é a senhora.
Alívioooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo
- Em todo caso, vou chamar minha supervisora.
Tensão!!!
- Raquel, essa senhora quer saber se esse RG será aceito amanhã no embarque para Buenos Aires.
-Sim, sem problema!
Alivioooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo
- Obrigada, Obrigada... acho que vou te dar um beijo. A empolgada aqui falou!
Na saída, passando pelas cordinhas, ela diz pro meu marido:
- Ela embarca, mas não posso garantir que entre na Argentina.
Tóimm tóimm tóimm tóimm tóimm
(continua)

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Repercutindo!!!

Foto Revide, edição 593. Fevereiro 2012




Quando me ligaram fazendo o convite para a entrevista da Revide em que a pauta seria a superação do câncer de mama, fiquei feliz com a oportunidade de falar, mais uma vez, publicamente sobre o assunto.
Acho muito importante mostrar pras pessoas a minha visão e se não pudesse fazer isso de forma positiva, não conseguiria ver razão e serventia na minha doença.
Claro que eu sabia que a revista seria lida por milhares de pessoas e que acabaria sendo assunto por alguns dias, mas de verdade, não imaginei o quanto tudo isso iria mexer comigo.
Já na sexta-feira recebi a primeira mensagem no celular antes das 10hs da manhã. Pronto!! A Revista estava nas ruas. De lá pra cá, todos os dias, recebo ligações, mensagens no celular, no Face e no Twitter. Sou abordada por pessoas que não conheço e surpreendida por amigos recentes que não sabiam dessa parte da minha jornada nessa vida.
São manifestações lindas, que me emocionam e me levam às lágrimas.
Desde então, tenho me questionado se mereço mesmo todo esse reconhecimento.
Não entenda isso como “falsa modéstia”. É só uma reflexão.
Pra mim, podem acreditar, não foi assim tão difícil. Não enquanto eu passava pelo problema. Acho que minha postura prática com a vida me ajudou muito. Li os depoimentos das minhas colegas de capa e me dei conta que as mudanças interiores que tive se devem muito mais a vida como um todo, do que exatamente pela doença em si. Não tive um interruptor que foi acionado e de repente a vida ficou diferente. Aliás, me cobrei sobre isso na época.
- Como assim? Eu deveria me sentir renascendo... eu deveria ver a vida com outros olhos... eu deveria ser transformada !!! Num click.
Não fui. Ao longo dos anos, as coisas foram se modificando.

E agora eu me pergunto:
- Foi a doença ou a vida como um todo?
- Foi a doença ou as experiências emocionais? As experiências emocionais foram em decorrência da doença ou vice- versa.
SENHOR!!! Nunca parei pra refletir sobre essas perguntas que me faço agora.

Uma coisa é fato: tratei tudo com muita simplicidade e sem dramalhões. Não tenho vocação para Maria do Bairro.

O que veio depois, quase me transformou numa pessoa amarga, sem esperanças mas não vitimizada. Até porque abomino a “síndrome do ai de mim”.

Algumas coisas não foram tratadas na entrevista, porque uma questão de foco. E de espaço também, claro.
Não é fácil o depois. Mas é totalmente possível.

Ser tratada como doente numa entrevista de emprego é humilhante quando se tem um currículo bacana. Provavelmente infinitamente melhor do que o entrevistador.
Algumas pessoas não enxergaram o talento por baixo do lenço que cobria minha cabeça careca.

Ser tratada com desrespeito, disfarçado de amor cuidadoso, pelo parceiro que faz do seu drama pessoal a moeda de troca da afetividade, é também humilhante. Paralisante, eu diria. Ouvir nas entrelinhas das discussões:
- Se contente com isso, sem um seio, homem nenhum vai te querer !!!
É dolorido e pode ser definitivo na sua auto-estima.

Mas, tem o outro lado:

A amiga que não te vê há anos, te liga e te oferece um trabalho pra fazer aquilo que você sonhou a vida toda. A amiga que dobra o seu salário depois de um mês de trabalho, porque você é melhor do que ela podia imaginar! A amiga que te dá a oportunidade de aprender outra função que vai fazer a maior diferença no resto da sua vida. Ela existe. Ela é maravilhosa e justa. Ela é Nanci Gil, a quem sou eternamente grata.

O amor que um dia, ainda como seu amigo – depois de ouvir você reclamando muito da vida e das dificuldades de relacionamento - te diz;
- O homem que te amar de verdade, vai te amar assim, como você está. Porque isso é o que você é hoje. Isso faz parte da sua história. E amar você é amar o todo.
Ele existe e está todos os dias comigo, provando que a fala dele era real. É o homem que sei que me admira, que sei que me ama, que sei que estará sempre comigo. Esse homem é o meu grande amor, meu melhor amigo, meu companheiro delicioso. Meu marido, Jefferson Cassiano.

E sempre, sempre mesmo, tem a família e os amigos. São eles que ajudam na hora do banho, na hora da comida. São eles que tiram os seus filhos de casa para você poder descansar tranquilamente. São eles que perdoam as suas grosserias na hora da dor e o mau humor diante das situações de incapacidade. Eles são o porto seguro de todas as horas e situações. Eles existem e tem muitos nomes: Vânia, Jaqueline, Daniel, Ferraz, Gustavo....

E de vez em quando, tem uma jornalista linda, fofa, simpática, compreensiva e muito profissional, que reúne três mulheres numa sala e faz com elas se sintam celebridade. Ela existe e atende pelo nome de Paula Zuliani.


Salve Paula! 
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