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Blog de histórias reais e de ficção.
Um lugar para expor opiniões que provoquem dor ou delícia!
Qualquer semelhança com histórias ou comportamentos reais poderá ter sido mera coincidência. Ou não!



quinta-feira, 31 de março de 2011

Sebas !!








Janeiro de 79. Férias no Guarujá.

Adorávamos, depois da praia, partir ao encontro dos amigos e familiares hospedados em outras praias da cidade.
Nesse dia, fomos visitar Tia Adélia. Ahhh Tia Adélia, um amor de pessoa, mas falava o que pensava, sem filtro.
A Thati, minha irmã, então com um ano e três meses era uma fofa. Nasceu morena de pele e de cabelo - herança genética de nosso bisavô materno - e com o sol da praia ficou super pretinha. 
Chegamos ao pequeno apartamento na praia da enseada e foi uma alegria. Que delícia encontrar os primos, amigos e combinar as baladas.
Naquele dia estavam lá os netos da tia Adélia e três amigos meus de Pontal.

Lá pelas tantas tia Adélia - que não conhecia a Thati ainda -  falou pra minha mãe:

- Ah Tereza, teve uma “temporona”, né?
- É tia, a senhora viu? Depois de dez anos ela nos pegou de surpresa.
- Como chama a menina?
- Thatiana, tia.
- Credo Tereza, não tinha nome mais bonito pra colocar na menina? Tadinha! Tão bonitinha. Só porque ela é “meio pretinha”?
- Nossa tia, mas porque a senhora achou feio? Falei meio ofendida. (o nome Thatiana foi escolhido por mim)
- Uai, e alguém aqui acha Sebastiana um nome bonito, por acaso?
Risada geral.

De lá pra cá, ela virou “Bastianinha” para todos os primos e amigos que presenciaram a cena.
Meu irmão, quando surgiu o comercial da C&A com o Sebastian, resolveu incrementar e passou a chamá-la assim.
E essa foi a "evolução":  Nossa Thatiana querida, virou Sebastiana, Bastianinha e Sebastian. Prá Sebas, foi um pulinho.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Minha Irmãzinha !!

Thati, com mais ou menos 3 anos.





Quando ela nasceu eu tinha quase 14 anos. Foi uma festa!
Era meu bebê, minha bonequinha.
Trocava fralda, fazia dormir, dava mamadeira...
Brincava muito, dava bronca, tinha ciúmes dela com meu irmão.
Ela era um “muleque”. Aprontava mil, deixava o meu pai ainda de cabelos mais brancos. Mas a gente achava tudo lindo.
Quando cresceu eu a protegia, brigava por ela, queria que tivesse mais liberdade.
Era ouvinte – meio amiga, meio mãe. Acobertava as coisinhas erradas, ria muito das coisas que ela falava.
Pra mim ela é “pretinha” pro meu irmão ela é Sebas.
Eu e o Ale, meu irmão querido, no dia do casamento da Thati.

Aliás, o porque do “Sebas”, é uma história que merece ser contada numa outra oportunidade.
Tinha tudo pra ser uma menina mimada, fútil, sem iniciativa, mas...
... cresceu, resolveu fazer arquitetura, mudou pra minha casa aqui em Ribeirão.
Logo meus pais vieram atrás, não conseguiram ficar longe dela.
Quando meus gêmeos nasceram foi ela que me ajudou, que levantou de madrugada, que me levava pra dar vacina, fazer exames. Era a minha companheira.
Cansou do interior de voltou pra São Paulo, transferiu a faculdade da Unip para a Belas Artes.
Super competente trabalhou com gente famosa. Fez decoração na casa de Globais. E eu aqui, morrendo de orgulho dela!
Passou por poucas e boas, conseguiu dar a volta por cima. Mais um motivo de orgulho.
Sábado passado, quando a vi entrando LINDA na Igreja Ortodoxa Árabe em São Paulo, acompanhada pelo meu pai, que não se cabia de tanta felicidade, ao som de cornetas, trombetas, coral, desabei a chorar.
A igreja é simplesmente maravilhosa, dessas que nos deixam de boca aberta diante de tanto luxo.
A cerimônia, toda cantada, em alguns momentos me fez rir (perdoem !) parecia o comercial do Cream Cheese Philadefia, onde os anjos cantam a todo momento nas nuvens, sabe?
Emoção forte no momento dos cumprimentos. Alegria de ver tantos amigos e familiares reunidos na maior felicidade.
Os noivos chegando ao Clube Monte Líbano em São Paulo

A festa foi um caso a parte. Nunca em minha vida vi um lugar tão lindo, tão maravilhosamente decorado. E isso é a cara da Thati. Bom gosto e criatividade acima de tudo.


Mais uma vez fiquei de boca aberta de orgulho e emoção. Ela pensou cuidadosamente em cada detalhe. 

Detalhe da porta do banheiro feminino.

Da foto na porta dos banheiros, ao filme (desenho animado) contando a história dos dois.
Comecinho do filme que conta que ela é Sãopaulina e arquiteta.

Tinha chinelo, bigode, veuzinho de noiva para as solteiras que foram disputar o bouquet. 

Meu filho Raphael com o bigode distribuído na festa.


Eu, Thati e Carol (amiga de infância) com véuzinho.

Teve até máscaras com o rosto dos dois. Uma sarro!!

Eu com a máscara do Leandro e Jeff com a da Thati.

Diversão e emoção minuto a minuto.
Teve entrada dos noivos, o brinde, a valsa, o bolo. 
Leandro e Thati - As placas indicam a Lua de Mel e a próxima moradia

Tudo aquilo que normalmente vimos, mas tudo com um jeito diferente, mais bonito, mais feliz.
Era a minha bonequinha, minha filhotinha, minha irmã !
Agora aqui, escrevendo e lembrando de tudo isso, choro de novo de emoção.
No meu coração, confesso um pingo de tristeza. Eles vão passar dois anos nos Estados Unidos e a ideia de ficar esse tempo todo longe dela me deixa aflita.
Aflita, mas de novo orgulhosa de vê-la corajosa, realizada, feliz ao lado do homem que escolheu como companheiro e que apesar de Santista (rs) é uma pessoa maravilhosa.
Nesse momento (segunda-feira, 28 de Janeiro, 16h38) eles ainda estão voando rumo a Tailândia – São 22 horas de vôo. Sei que estão felizes e realizados.
Tudo bem que a gente teve que agüentar o Hino do Santos e o Baleião e a Baleinha na festa, mas valeu !!! rsrsrsrs
Baleião...... fazer o que né ??? rsrsrsrsrsrs

sexta-feira, 25 de março de 2011

Ora pois.....




Era novembro e dois meses tinham se passado desde o atentado às Torres Gêmeas. Márcia voltava ao Brasil depois de 15 dias em Lisboa.
Procedimentos de segurança dos aeroportos não eram suficientes para trazer de volta a tranquilidade dos passageiros de bem.
Embarcou no Airbus A340 da TAP, assento A18.
Minutos depois um senhor, de mais ou menos 35 anos, ajeitou sua bagagem de mão no compartimento acima de sua poltrona e sentou-se na B18. Pelo sotaque ao cumprimentá-la, percebeu que se tratava de um Lisboeta.
Grande movimentação de passageiros se acomodando. Capacidade do avião: 274 passageiros.
Pouco antes da decolagem a comissária de bordo que passou fazendo suas verificações - orientando para que poltronas fossem posicionadas na vertical, arrumando bagagens mal colocadas - parou ao lado da fileira 18:

- Esta mala é sua? Perguntou, dirigindo-se ao homem da poltrona B
- Não, respondeu ele

Indignada com a resposta, Márcia começou a imaginar o que teria dentro daquela bagagem para que o dono a negasse assim.
Ficou inquieta, preocupada, desesperada. Já viu o avião explodindo, com todos indo literalmente pelos ares por conta da bomba escondida na mala do portuga.

Inconformada resolveu perguntar:

- O senhor me desculpe, mas eu vi quando chegou e acomodou a mala no bagageiro. Porque o senhor mentiu à comissária? A mala é sua.

- Nãoooo, a mala não é minha. É do meu primo. Ele me emprestou para esta viagem.


Você pode imaginar a cara da pobre Márcia? 




sexta-feira, 11 de março de 2011

A Maldição de 05 de Março – 1.964

1.964
Neiva se casou muito cedo. Não teve outra opção. Temente a Deus, filha de Maria, obedecia cegamente à mãe autoritária. Nunca questionou, nunca reclamou. Apenas aceitava e orava. Orava várias vezes ao dia. Dormia com a bíblia na mão, murmurando palavras, para ela, sagradas. Acreditava que a falta de oração atrairia o mal para dentro de sua casa.

O marido – Augusto - motorista, fazia o gênero malandro sedutor. Fez da casa um hotel e da esposa sua serviçal. Seu egoísmo era tão exacerbado que era capaz de levar para o almoço um único refrigerante pequeno para seu próprio consumo.
Simpatizante da umbanda, foi convertido pela beata esposa depois de anos de briga. Foi obrigado. Precisava compensar um deslize praticado por ele e descoberto pelos filhos.
Naquele mês de março de 64, já no final da gravidez, Neiva esperava a chegada de seu terceiro filho. Quatro anos o separava da irmã do meio, Sarita. Menina inteligente, muito mimada pelo pai e com severas alterações de humor. O filho mais velho, Narciso José tinha problemas de aprendizado e de relacionamento com os pais. O ódio exalava pelos olhos pequenos, sempre desconfiados.
Quando nasceu o menino,  pesando mais de 5 kg,  o pai deu nome de imperador - Júlio César - mas detestou ter mais uma boca para sustentar.
Logo Júlio se tornou o queridinho da mamãe. Oportunista, aprendeu desde cedo a fazer o gênero bom moço. Assim conseguia tudo o que queria.
Cursando escola pública técnica, não se conformava com sua condição social. Descobriu que a prática de um esporte o levaria a frequentar os clubes da alta sociedade. Apesar da pouca estatura, escolheu o vôlei e ia aos treinos a pé.
Sofria de síndrome grave e incurável: a do “Ai de mim” que consiste em sentir pena de si mesmo e contar as histórias mais tristes da vida como forma de chamar a atenção.
A convivência ruim com o pai aliada a uma sogra astuta, fez com que se casasse antes dos 20 anos com a primeira namorada.
Precisou da ajuda da família para comprar o primeiro imóvel e nunca se perdoou por isso. Mesmo depois de pagar todos os centavos da dívida, continuava devedor de gratidão. O pai, falastrão, não se cansava de contar a história de "como ajudei meu filho quando ele precisou".
A mulher, quase uma adolescente, foi sua primeira vítima.
Egoísta disfarçado de católico praticante - desses que freqüentam grupos de casais - em casa era um tirano. Fora dela um mulherengo.
Executivo de uma grande empresa viaja muito, organizava vários eventos e raramente dormia sozinho. Apesar de sua aparência ruim e seu mau humor constante, teve duas amantes fixas e várias eventuais.
20 anos, três filhos e uma neta depois - no momento mais difícil que a família enfrentou - resolver sair de casa. Saiu como vítima, deixando mulher e filha cheias de culpa.
Hipócrita fez questão de pedir permissão ao bispo para se divorciar. O fez, antes mesmo de comunicar a decisão à mãe religiosa. Conseguiu!
Voltou para a casa dos pais e levou com ele dois filhos a tira-colo. Estratégia para não pagar a pensão alimentícia.
Saído da empresa,  virou professor - odiado pelos alunos pela sua ironia, arrogância e sarcasmo. Tinha prazer em reprovar. Não era injusto, não! A covardia nunca permitiu. Tinha medo das consequências e só agia dentro das regras. A fama de "caxias" o mantem empregado.
Sovina, usava sapatos de plástico, camisetas antigas ou doadas, calças da década de 80 de tamanhos diferentes do seu.
Nunca deu nada a ninguém, ao contrário: sempre quis tudo pra ele. Constrangia as pessoas com seus pedidos indevidos e insistentes.
Lá pelas tantas, separado resolveu que precisava se relacionar. Nova vítima. Ciumento, desconfiado, arrogante, irônico, sarcástico, além de mão de vaca e obcecado pelo passado. Não houve dia de tranquilidade nesse relacionamento.
Inconformado com o fim, aflorou o psicopata que, até então, tinha conseguido controlar.  Além de seguir a ex namorada, tentou arruinar a carreira e a reputação dela com graves acusações mentirosas.
Mais alguns anos, nova namorada e o mesmo inferno. Desta vez teve um pouco mais sorte. A solidão fez com que a parceira o aceitasse e mais, que o admirasse.
Nem toda a dedicação da linda mulher, fez o relacionamento durar. A frieza, a arrogância e a ironia, acabaram por cansar o já machucado coração da terceira companheira.  
Lá pelas tantas, cansado com da implicância do pai,  foi morar com um filho num pequeno apartamento e dele cobra aluguel.
Faz trabalhos voluntários, continua posando de bom moço e faz a platéia desavisada aplaudir de pé.
Recentemente conheceu a mulher dos seus sonhos. Solteira, sem passado, religiosa e rica. A irmã imediatamente tratou de acolher e apoiar. Os filhos agradeceram a Deus por tal milagre. O pai, morto, deixou de ser motivo de vergonha e a mãe, ciente do filho que tem, continua rezando terços e terços,  pedindo perdão pelo mal que pôs no mundo.

quarta-feira, 9 de março de 2011

A Maldição de 05 de Março - 1.955


1.955


Era um dia quente em 1955. Olímpia esperava ansiosa a chegada do seu terceiro filho. Dez anos o separavam da irmã do meio, Suzette e quatorze de Plácido, o mais velho. Miguel, seu marido não parecia muito feliz por ter mais uma boca para alimentar.
O menino nasceu com mais de 5 kg e recebeu o nome de Ferdinando em homenagem ao avô materno.
Na adolescência freqüentou a escola pública do bairro pobre onde morava na Capital. Adquiriu maus hábitos de comportamento e nunca foi corrigido pela mãe que o achava o mimo da casa. A irmã, sempre mal humorada, vivia sozinha, sem amigos. O irmão mais velho saiu de casa assim que pode, casou-se, e se tornou um grande profissional. Da família só carregou o nome. Raras vezes aparecia para saber como eles estavam.
Já adulto Ferdinando conseguiu cursar faculdade de administração e acabou trabalhando em grandes empresas. Era competente, pontual e estava sempre muito bem humorado.
Teve duas namoradas sérias. Ficou noivo da primeira, esteve bem perto de se casar com a segunda não fosse pela resolução que ambas tomaram: Acabar com aquilo antes que fosse tarde demais.
Egoísmo era a palavra que norteava seus relacionamentos amorosos, fossem sérios ou eventuais. Apesar de engraçado – sempre tinha uma piada pronta pra qualquer assunto- a convivência era muito difícil. Tinha o péssimo hábito de mentir.
Adorava manter relacionamentos paralelos. Quanto mais escondido e proibido melhor. A mentira fazia parte da sua rotina e alimentava de forma doentia seu ego.
Era absurdamente "mão de vaca" e extremamente materialista. Nada, além da mãe, tinha mais importância do que seu carro que fazia questão de trocar todos os anos pontualmente em setembro. Lavava e aspirava o veículo adorado todos os sábados, mesmo que chovesse. 
Almoçava em casa todos os dias e vestir pijamas fazia parte do ritual. Tinha gavetas forradas de camisetas e tantos ternos e camisas que não cabiam no armário. Incapaz de dar qualquer peça de roupa, mesmo velha. Era quantitativo.
Tirava férias duas vezes ao ano, impreterivelmente em Abril e Outubro e o destino era o nordeste.
Aos sábados ia buscar e levar a namorada em casa e nunca descia para tocar a campainha apenas buzinava. Durante a semana, se resolviam sair,  no máximo a deixava num ponto de ônibus. Não era dado a delicadezas.
Quando a namorada cogitou, depois de cinco anos, que já talvez pudessem se casar, ele assentiu - a contra gosto- e até concordou em comprar um imóvel, desde que fosse ao lado casa da mãe alegando que precisava continuar almoçando lá todos os dias.
- "Minha gastrite, você sabe. Não posso comer em restaurantes." 
Compraram um imóvel pequeno no fim do mundo, com previsão de entrega para três anos. Viram outros, com prazo menor mas, sair da casa da mãe,ter um compromisso assumido o deixava apavorado e ele precisava de tempo para aceitar a ideia.
A mãe, quando soube da compra do apartamento, teve uma crise emocional tão grave que foi parar na UTI.  Dependia dele. Tinha pavor de perder o arrimo da família.
Quarenta meses depois, com o apartamento pronto e a data marcada, ele decidiu que precisava de mais alguns meses e propôs um pequeno adiamento. As coisas eram feitas sempre a sua maneira e há seu tempo.
O casamento foi cancelado pela noiva, exausta das esquisitices dele,  para alívio de todos, inclusive o dele.
Nunca mais se relacionou, suspeita-se que ainda viva o luto da perda da mãe há 15 anos. Alguns apostam na possibilidade de nunca ter assumido sua homossexualidade por medo da reação da família. Outros afirmam que o egoísmo o impede de se relacionar com qualquer coisa que emita opinião.
Este pobre nascido em 05 de março continua com sua vida medíocre. Desempregado e praticamente sem família, vivendo sozinho na mesma casa onde nasceu. Provavelmente vestindo pijamas na hora do almoço e lavando o carro, agora velho, aos sábados.

Leia também: A Maldição de 5 de Março - 1.964 
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