Sobre o Conteúdo do Blog

Blog de histórias reais e de ficção.
Um lugar para expor opiniões que provoquem dor ou delícia!
Qualquer semelhança com histórias ou comportamentos reais poderá ter sido mera coincidência. Ou não!



domingo, 30 de março de 2014

Reflexões !!! Bahia Inspira, Barra Transpira, Alma Delira!!!


À Mônica Montone, tradutora da minha alma.


Hoje me peguei chorando amparada por um cenário paradisíaco!! Foi um choro de quem se descobre através da palavra do outro! No meu caso, da outra.

Quando Mônica Montone me deu o livro " A Louca do Castelo" de presente, me alertou que as lágrimas viriam. Eu vivia um momento de alma em carne viva!!! Apavorada com a possibilidade de mais dor, covardemente encostei a obra. 

Quando resolvi viajar sozinha, resolvi também que já era hora de um encontro comigo mesma. Estou aqui há dois dias! Estou aqui há uma centena de minutos dedicados só a mim! 
Trouxe comigo livros e um computador para escrever. Ando ávida pelas palavras!


O choro de hoje é legítimo.


Choro de gratidão.

Lágrimas emocionadas de quem se reconhece, de quem se descobre, de quem gosta do que vê!

Os tons de Maraú transcendem qualquer explicação possível! O silêncio, a brisa, a temperatura que varia ao bel prazer do vento !


Tudo isso coloca minha vida em perspectiva.

E, enquanto muitos se acham pequenos diante de tamanha grandiosidade, eu, sem medo da modéstia, me sinto tão grande quanto o mar que vejo e ouço agora!





Ao Raimar, pelo entusiasmo que me inspirou a chegar aqui!

O dia amanheceu cinza!! E ainda assim me rendi ao espetáculo que é Barra Grande.

Ao longo do dia as tonalidades iam do chumbo ao gelo. Sem medo de parecer ridículo com as nomenclaturas, passeou pelo rato, ardósia, mescla!

O azul tentou, mas o que conseguiu foi um cinza azulado.

O mar passivo como suas águas de baia, refletiu só o que via e passou o dia num cinza esverdeado.

De cor, só o minha canga de estampa "fita do Bonfim", o cardápio lindo do O Deck e o mobiliário do bar que, mesmo sem pretensão alguma, fazia o cinza se destacar ao fundo de mesas lilás, bancos amarelos, guarda sóis laranjas. 

A hora do espetáculo chegou e as caixas de som nos encheu os ouvidos de Marisas, Alexandres, Marcelos, Marias...


E quando Tim cantou "venha dormir em casa" achei que o cinza fosse se abrir para dar passagem às tonalidades laranjas de nosso astro maior, que chegava como se atendesse à ordem do síndico!


Houve uma disputa! Briga de gente grande, de personalidade, mas o que se viu ao longe, tão belo quanto qualquer outro por-do-sol  que presenciei, foi o céu cinza alaranjado!!!




A você, que me fez seu "mundo" por aquele instante!


Soube aos sete que estava fadada a ter alma adoentada de amor!

Ao longo dos anos e dos dissabores, experimentou todo tipo de enfermidade. Espirrou, tossiu, sentiu enjoo e vertigem. Otimista, mantinha sua alma alimentada pela esperança na chegada de um grande amor. 

Passou um tempo tentando entender porque aqueles que queriam o corpo não admiravam a alma e os que admiravam a alma não lhe tocavam o corpo.

 
Sempre que um alguém se aproximava, a alma - já tão machucada - respirava fundo e tentava acreditar na paz que, quem sabe, viria. 


De tanto crer e não ver concretizar acabou tão doente que levou junto o corpo. Acabaram ambos mutilados naquilo que a mulher tem de mais simbólico. 


Depois disso, aceitou qualquer carinho, qualquer atenção! Não se sentia mais digna de escolha. 


Um dia viu chegar aquele que não se importava com o estrago que a vida tinha feito e se mostrou tão aberta, tão disponível, que quando ele se foi, arrancou a alma de dentro do peito disforme e a deixou abandonada ali, em carne viva! 


Passaram um tempo desconectamos: corpo e alma. Cada um tentando sobreviver àquela agressão inesperada. 


Ter a alma arrancada do peito permitiu olhá-la de perto, com cuidado. Permitiu conhecê-la a fundo e entender quem ela era. 


O tempo as uniu e juntas perceberam que a tenacidade é sua melhor qualidade.


De volta à vida, certo dia esbarrou num certo "Arquimedes" que não querendo só o apoio e nem só a alavanca, com surpreendente delicadeza a colocou na condição de mundo!!!!


terça-feira, 18 de março de 2014

Sob o Signo de Peixes ! 3



Um outro lado.


Naquela manhã, quando Tânia foi tirar Henrique da cama para a escola, olhou- o ternamente e pensou:

- Se não fosse você, hoje não seríamos mais uma família.

Há 15 anos sentindo que seu casamento corria risco, resolveu que uma gravidez talvez colocasse as coisas de volta no lugar.

Foi numa viagem à Grécia, quando comemoravam 10 anos de casados que ela começou a ficar incomodada. O olhar perdido de Zé Edu, a inquietação diante da impossibilidade de usar o celular, os suspiros. Aquilo que deveria ser uma segunda Lua de Mel transformou-se numa viagem comum. O navio, cheio de possibilidades, as paradas num dos lugares mais românticos do planeta e ele distante, beirando a frieza.

- É !! Desta vez vou ter um pouco mais de trabalho.

Nunca foi um modelo de beleza e apesar disso, conseguiu despertar a atenção de Zé Du numa convenção, onde ela – executiva focada em sua carreira – participou de um work shop sobre marketing, como palestrante. O namoro foi curto e o casamento luxuoso como tudo que ela gostava.

Rapidamente percebeu que o marido nunca seria inteiramente seu. Conhecia sua necessidade do novo, do fresco. Optou por tê-lo ao seu lado, mesmo sabendo-se traída.

Zé Du alimentava seus caprichos e bancava o estilo de vida que ela tinha escolhido ainda bem pequena, quando passava necessidades ao lado da família pobre.


Viveram bem, foram até companheiros, mas desde que tudo aconteceu, não tiveram mais o mesmo olhar um para o outro. Zé Edu tinha uma mágoa, Tânia também. Zé Edu tinha uma saudade que ela entendia, Tânia tinha certo rancor na voz que ele não entendia muita bem.

quarta-feira, 12 de março de 2014

Sob o Signo de Peixes! 2


O Segundo Encontro - Por ela


O segundo encontro, dias depois, começou com um clima constrangedor. Reunião de trabalho, doze pessoas ao redor.
Beatriz olhava para Zé Du e não tinha retorno. Chegou a achar estranho, até que aquela vozinha do bom senso chacoalhou seu pensamento:

- Como estranho? Queria o que depois dele passar 15 dias na Grécia com a mulher?

Bom, pensou, pelo menos teria um episódio pra contar pras amigas sem maiores conseqüências.

Pausa na reunião saiu pra fumar. Sentada nos degraus que davam acesso a área externa sentiu a presença dele. Não, na verdade sentiu primeiro o perfume. Como amava aquele cheiro.

 Falaram ao mesmo tempo e riram juntos em seguida.
Zé Du sugeriu que saíssem para um chopp após a reunião.
Beatriz, irônica perguntou se a turma toda ia, sorriu e aceitou.
Voltaram pra reunião. O tempo não passava. Não conseguia mais prestar atenção nos gráficos apresentados. Só via os gestos, o terno bem cortado, as lindas mãos morenas, o jeito de mexer na gravata.
Final da reunião, olhares se cruzaram e ele disse alto:

- Beatriz, tá de carro? Te dou uma carona até o hotel.

Dentro do carro, ela que esperava pela pá de cal no relacionamento que nem começara, sentiu a mão dele tocando sua perna.
Olhando para frente, como se preocupado com trânsito disse:
- Morri de saudade de você.
 Sentiu uma ligeira tontura enquanto falava pra voz, aquela do bom senso:  Como?  

- Estou dizendo que morri de saudade e você não me diz nada?
Sem jeito, diante da fala inesperada, colocou a mão sobre a dele:
- Esperava ouvir outra coisa. Não sei o que dizer
- Diga que também sentiu minha falta.
- Senti, disse enquanto tentava não ouvir a maldita da voz que retrucava: Você vai entrar numa fria.
Quer saber, decidiu dando um “peteleco na voz”, não tenho nada a perder.

- Sabe que consigo me lembrar da primeira vez que te vi? Lembro-me da roupa que vestia. Nunca me saiu da cabeça o sorriso, a voz, o jeito de caminhar. Quero ter um caso com você. Sou casado, bem casado, não pretendo me separar. Amo minha mulher, mas estou apaixonado por você.
Se a sinceridade dele a chocou, a memória a impressionou – tinham se visto pela primeira vez há dois anos.
Entre impressionada e chocada, resolveu que ficaria com a primeira. Recém-saída de um casamento fracassado onde não era desejada, viu na proposta uma oportunidade de se restabelecer como mulher. Podia sentir desejo na voz dele. Adorava a maneira como a olhava.

Conversaram longamente, trocaram olhares, beijos e combinaram um próximo encontro. 

O Segundo Encontro - Por ele

Zé Edu se lembrou, que nesse mesmo ano passou 15 dias na Grécia com Tânia, sua mulher. Viagem foi linda, com ares de segunda Lua de Mel, mas Beatriz foi junto, impregnada na sua memória.

Na volta, um presente inesperado: reunião de equipe.
- Ah, iria vê-la.
Perceber que estava sendo observado o deixou nervoso. Tão desconfortável que não teve coragem de retribuir o olhar. O que ela estaria pensando?
Quando a viu durante intervalo tratou logo de marcar um encontro. Não podia perder a oportunidade de dizer o que estava sentindo.
No carro, a caminho do bar, teve vontade de parar para beijá-la, mas o medo da rejeição o impediu.
Resolveu se arriscar: colocou a mão na perna dela e disse:
- Morri de saudade de você.
Percebeu que ela estremeceu e resolveu repetir:
- Estou dizendo que morri de saudade e você não me diz nada?
- Esperava ouvir outra coisa. Não sei o que dizer
- Diga que também sentiu minha falta.
- Senti ..
É, ela também estava sentindo o mesmo. Um sorriso tomou-lhe os lábios e ele tentou chegar ainda mais rápido ao destino. Queria muito beijá-la outra vez.
Conversaram e o tempo passou tão rápido. Tanto a dizer. Tantos beijos a serem trocados. Ah, os beijos ora ternos, ora intensos pediam novo encontro, mais íntimo. 

sexta-feira, 7 de março de 2014

Sob o Signo de Peixes !



Nascidos sob o signo de Peixes, Beatriz e Zé Edu foram par. Se uniram motivados por uma paixão proibida e acabaram separados quando a vontade de um amor tranqüilo apareceu. Fizeram da lua testemunha; compartilhavam-na no signo de Virgem. Trocaram juras, cheiros, choros, gozos e risos. Ouviram Toni, Gloria, Celine, Rod, Zizi e Gil.  Dançaram ora trocando passos, ora em outros braços, mas sempre trocando olhar. Amaram um ao outro como se fosse o último, cuidaram um do outro como se fossem únicos. Viveram a eternidade entre quatro paredes e foram ao inferno quando o fim chegou.



Sobre o início – por ela.


Beatriz achou incrível que 15 anos tivessem se passado, foi num Outono, como agora - exatamente no mês de maio – que ele chegou, meio sem querer, meio despretensioso.
Bodas de Cristal pensou, com sorriso irônico. Nada mais simbólico.
Cristal não se quebra, espatifa.
Perfeito! A relação espatifou depois de três anos incríveis.
Por longo período, pensar no assunto provocou nela um nó no estômago. O tempo, sempre o tempo, foi capaz de substituir o nó por uma leve revoada de borboletas.
- É, definitivamente não parece uma história que vivi. Parece sim um daqueles filmes água com açúcar que assistimos sozinhas para que ninguém veja as lágrimas que provocam.

Foi uma bela história, precisava admitir.

O convite informal para o chopp com a equipe de trabalho, perceber – depois de alguns minutos - a armação para ficarem a sós. A conversa doce, o olhar, o toque quase sem querer das mãos sobre a mesa. O mundo parando de girar, o silêncio que tomou conta da cena, o olhar profundo, a mão que agora não mais fazia questão de esconder o desejo do toque. A conta que chegou e ela não viu, o bar ficando pra trás enquanto saiam – mãos entrelaçadas – o vento frio da madrugada que bateu em suas costas. O paletó que a envolveu, os braços em volta de sua cintura, o manobrista perguntado sobre o carro. Os braços dele, o vento frio, o olhar profundo, a respiração ofegante, o manobrista ao fundo, o barulho dos carros na avenida movimentada. A respiração ainda mais ofegante, os braços ainda mais apertados, as mãos dela agora em torno do pescoço dele, o olhar. Ah! o olhar e finalmente o beijo quente, desejado.

- É, foi um belo começo.


Sobre o início –  por ele


Zé Du se deu conta de que vivia só! 15 anos de solidão de alma. Não conseguia se lembrar de outra fase tão intensa, tão entregue como a que viveu ao lado de Beatriz.
Pensava nela num misto de saudade, tristeza e raiva.
- Como ela pôde colocar fim numa relação tão boa?
Nenhum dos casos que teve depois dela – e foram muitos - exerceu nele o mesmo fascínio. Ela tinha uma ingenuidade, uma paixão pela vida, uma alegria tão grande que o encantava. Pensar nela provocava um nó no estômago. Mesmo magoado, precisava admitir sua parcela de responsabilidade na decisão do fim.
-Demorei dois anos pra tomar coragem, dois anos. Ela não teve paciência. Não soube entender.

Combinar um chopp com pessoas fictícias para justificar a ida dela. Fingir surpresa quando não apareceu ninguém, tocar levemente a mão dela esticada sobre a mesa como que por acaso, olhar nos olhos grandes e castanhos emoldurados por uma sobrancelha perfeita.  Perceber que o silêncio se fez e o tempo parou, tocar as mãos agora sem nenhuma preocupação com o acaso, pedir a conta, pagar nem saber como, sair do bar com ela pelas mãos, entregar o comprovante para o manobrista, torcer para que o carro estivesse longe, perceber que Beatriz sentia frio, colocar o paletó nas suas costas e aproveitar para abraçar sua cintura. Olhar profundamente nos olhos dela, a respiração ofegante, a magia que tomou conta do momento. Sentir os braços dela em volta do seu pescoço, o olhar, o cheiro e o beijo. Ah, o beijo. Como adorava aquele beijo.


- Maldita Beatriz.

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