Sobre o Conteúdo do Blog

Blog de histórias reais e de ficção.
Um lugar para expor opiniões que provoquem dor ou delícia!
Qualquer semelhança com histórias ou comportamentos reais poderá ter sido mera coincidência. Ou não!



sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

2012 e os 12 kilos que se foram.


Em 2012 eliminei 12 kilos que me perturbavam corpo e mente. Foi um processo demorado, acompanhado de perto por algumas pessoas que me apoiaram e por outras que me invejaram a determinação e vontade.
Ao primeiro grupo minha gratidão e reconhecimento de que foram tempos difíceis de me aguentar, às outras meu conselho: Procurem sua turma!!! (maneira mais simpática de dizer: Vão pro inferno e abracem o capeta).
Um balanço anual normalmente começa com outro texto: “Foi um ano de tristezas e alegrias”. É, foi mesmo. Igualzinho aos 48 anteriores que vivi. Alguns mais felizes que outros, é verdade. Mas no fim, o balanço é sempre igual. Os deprimidos dão ênfase às desgraças, os naturalmente felizes como eu, valorizam o que aconteceu de melhor e mais, entendem o ruim como bom também.
Não levantei bandeiras e isso talvez me custe muito. Não compactuei com a mesmice e a mediocridade e isso já me custou muito.
Abri mão de pessoas quando decidi não mais chamar de “amigo” os que apenas sentam comigo para uma cerveja – ou um saquê, em épocas de dieta – e me agridem verbalmente e virtualmente por ter, por exemplo, um pensamento ou um time diferente. Seria injusto com os meus amigos de fato. Aliás, descobri esse ano que tenho amigos para os dedos de uma mão. E se bobear, pode ser até a esquerda do Lula.
Percebi que na hora da dor o apoio vem. No meu caso, atende pelo nome de Érica. Obrigada querida, você tem sido anjo.
Hoje, 28 de dezembro – aniversário da minha mãe, por sinal – sinto em meu peito uma ligeira falta de ar resultado de uma ansiedade que me move há alguns dias. Tudo bem! é motivadora não paralisante. Diria até que é questionadora e isso combina super com balanços de final de ano.
2012 ficará marcado por descobertas internas importantes e pela quebra de crenças, mas antes de tudo, quando me lembrar “do ano em que o mundo acabou” vou pensar que foi nele que ganhei um dos presentes mais deliciosos da minha vida: O Be!
Em 2012 o meu mundo acabou mesmo um pouquinho, mas estou descobrindo que foi legal ter feito um estoque de comida porque tá sendo possível reconstruir e a ideia é que ele seja reforçado o suficiente para que não acabe de novo, pelo menos não da mesma maneira.
As pessoas falam de nova fase energética, imagino que seja uma coisa meio Red Bull, onde teremos asas para alcançar outras esferas. Cheguei a cogitar fazer um plano de voo, mas como minha expectativa para 2013 é não criar expectativas agirei à maneira “Zeca Pagodinho”.

FELIZ NOVO ANO. 

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Covardia





                             “A covardia é a mãe da crueldade” - Montaigne.


Que bom seria se a covardia de alguns se limitasse a falta de coragem de agir. Aceitável seria se representasse apenas o medo diante de determinada situação.

Infelizmente, Montaigne tem razão. A covardia desperta o que há de pior na alma humana. E tenho a sensação de que acontece em etapas.
Uma simpatia forçada que é desmascarada pela hipocrisia nas palavras associada à incoerência dos atos. A subserviência, que por si só é nojenta, inaceitável. A crueldade na sua última instância. Última, não única – que fique claro.

O ser covarde é incapaz de raciocínio claro e isento de questões emocionais. Leva absolutamente tudo para o lado pessoal e sente-se constantemente ameaçado. Vê em tudo um grande complô. Sente-se vitimizado pelo sistema e acaba colocando as etapas: simpatia, subserviência e crueldade em prática.

Conviver com um covarde é incomodo porque nos deixa de mãos atadas. Fazer algo para combatê-lo acaba sendo uma covardia, não fazer também.

Posso afirmar que  é um exercício diário que transita entre a tolerância e a paciência. Saramago me fez pensar sobre o papel da tolerância na sociedade. Essa questão de nos considerarmos superiores quando toleramos o outro, mas nesse caso, exerço esse papel até porque sou sim, superior a esses seres rastejantes.

E quando penso em seres rastejantes, imagino cobras em formato de desenho animado que me remete a outro pensamento: Se conseguíssemos lidar com a situação na base do humor, seria bastante interessante conviver com seres assim. Colocaríamos em prática nossa veia cômica, transformando os covardes naquilo que são em essência: personagens. Daríamos a eles apelidos e passaríamos a nos divertir com aquilo que antes nos provocava gastrite.

É! Talvez essa seja a saída.

Vou pro Google pesquisar um apelido pro meu covarde de plantão. Quem sabe meu próximo post não seja uma história divertida sobre como ele próprio mordeu a maça. 

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Corações Inteiros



Numa manhã ensolarada, há alguns anos atrás, fui surpreendida por um arranjo maravilhoso de flores entregue na minha sala, lá no Moura Lacerda.
Nele, um envelope com meu nome e a letra que fez meu coração disparar de emoção.
Dentro dele o poema.

Hoje, mexendo na minha caixa de lembranças da nossa história, resolvi reler e mais uma vez me emocionei!
Compartilho com você o motivo da minha emoção e da minha felicidade.


CORAÇÕES INTEIROS

Meu coração nasceu quebrado,
Jogado em cacos pelo mundo,
Em mil pedaços pulsando por você.
Vivi vazio, sem sentido,
Procurando em outros braços:
"Quem roubou cada fatia do meu coração?"

Para me tornar inteiro,
Não amei quem roubava o que era meu
Amei encontrar você ao achar cada parte
Do meu coração dividido,
Em outras bocas,
Em outros becos,
Em outros barcos.

Doeu, demorou, cansou:
Resgatei meu coração.

Agora que colei cada pedaço
Você me mostrou em seu peito
Marcas de um coração também partido
E com bravura terna já colado.
Você me mostrou em seu peito
Que mesmo em pedaços e desde sempre
Seu coração batia por mim.

Abriu um sorriso de verdade,
Olhou em meus olhos sem disfarce.
Mas não pediu de meu coração nenhum pedaço.
Mas não me ofereceu de seu coração nenhum pedaço.

O coração não pode ser    dividido,
                                         quebrado,
                                         partido.

O coração não é presente, não se dá.
Tenho um coração inteiro e todo meu,
Batendo como sempre bateu,
Batendo só para amar você.

Meu coração está inteiro,
E é assim que eu te amo.
Seu coração está inteiro:
Estou aqui, peito aberto,
Vem me amar!

To ILY from ILY SM .... 2008 and forever.

E somos felizes assim, com nossos corações inteiros, plenos de afinidade e companheirismo.

Minha inspiração para a tattoo

By  Paulo DermoGraphic  em 07 dez 12


segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Desfile na areia.

Praia da Concha - Itacaré BA

Itacaré é uma cidade feia com praias lindas. Pequena, suja e com o maior número de desocupados por metro quadrado que já tive oportunidade de ver. São, em sua maioria, homens jovens, fortes, saudáveis. A população é em sua maioria masculina.

No dia seguinte a nossa chegada, pela manhã, resolvemos caminhar por toda a extensão da praia da Concha antes de escolhermos em qual dos quiosques ficaríamos. São várias opções dos mais variados tipos. Os barraqueiros vêm nos abordar ao longo do caminho como se fossemos a salvação da sua lavoura. Chega a ser constrangedor.
Optamos por uma barraca super bonitinha, ultra limpa e com atendentes simpáticos. Robson foi o nosso garçom amigo durante os dias que lá passamos.
Devidamente instalados, pés na areia, visão espetacular de um mar hora verde esmeralda, hora azul, começou o desfile.
Desfile de pessoas vendendo bijuterias, cangas, pinturas, doces, castanhas, oferecendo sua arte, oferendo tatuagens de rena, oferecendo massagem. É massagem! A pobre moça, magra, visivelmente viciada em crack, oferecia para massagear nossos pés em troca de algum dinheiro. Uma judiação.
Hippies aos quilos vendendo mais do mesmo. Arames e cordas traçados em formatos pouco criativos. No meio deles um oásis: Nicholas. Um argentino que se apaixonou por uma gaúcha.  Juntos resolveram viver na Bahia. Todos os dias, batíamos um papo em portunhol, hora na praia, hora na cidade, na banquinha dele. Uma das doces lembranças de pessoas que lá conhecemos. O Robson, garçom amigo é outra.
No meio disso tudo meninos. Vários, quase iguais. Todos oferecendo a “sua arte”. E o que eles chamam de arte, sem querer menosprezar, nada mais é do que um peixe ou uma flor trançada em vegetação. Como aquele cara do semáforo que faz gafanhotos.
No primeiro dia ele chegou e junto dele outro, mais risonho. Encostou do meu lado e falou baixo, bem baixo:
- Dona, posso te mostrar minha arte?
- Pode. O que você faz?
-Faço peixe com essa planta aqui.
-E quanto custa?
-Quanto a senhora quiser pagar.
Depois de alguns minutos trançando me entregou um peixe bonitinho.  O “quanto a senhora quiser dar” é uma grande mentira, porque ficou absolutamente irritado com os R$ 5,00 que dei.
Enquanto trabalhava perguntei o nome dele: Enilson, ele disse.
Meu marido disse que ele parecia o Felipe – goleiro do Flamengo. E não é que parecia mesmo?!
Ele fechou ainda mais a cara. E disse num tom bem próximo ao grosseiro:
- Que Felipe que nada!
Entendemos aquilo como um “não torcedor do flamengo” meio bravo com a comparação.
No dia seguinte, mesma barraca, mesma mesa passou Enilson:
- Oi Dona, posso mostrar minha arte?
- Você me mostrou ontem. Comprei um peixe;
Ele em tom muito desconfiado:
- Onde?
- Aqui mesmo, sei até o seu nome.
E ele em tom desafiador:
- Sabe nada... como é então?
- Enilson
Saiu sem dizer palavra, pisando duro.
Dois dias depois, mesma barraca, mesma mesa, passa Enilson:
- Posso mostrar minha arte?
- Já conheço Enilson, comprei um peixe, lembra?
Meu marido:
- É chamei você de Felipe.
Saiu pisando duro de novo resmungando:
- Que Felipe que nada !!!
Mais dois dias, mesma barraca, mesma mesa, passa Enilson:
- Dona, posso mostrar minha arte?
- Ahhhh moleque, você tá de gozação comigo, né?
Saiu rindo, com um ar irônico.
Como ele outros apareceram. Nem tão dissimulados, mas com olhar igualmente triste, com a mesma raiva na voz e conversas muito agressivas.
- Não gosto dele – disse Maurício sobre Enilson – Se mexer comigo vai levar facada.
Durante a semana que passamos lá desenvolvemos algumas teorias pra essa realidade, mas uma me fez pensar:
A cidade cresceu e trouxe o turismo. Com ele pessoas diferentes com poder aquisitivo muito maior que o deles. Esse contato despertou a cobiça e a falta de possibilidades a inveja.  A inveja gera agressividade.
Itacaré é uma cidade feia, com gente desocupada, mas de beleza natural impressionante. Mesmo diante disso tudo valeu a pena conhecer.
Jorge Amado, se vivo estivesse, em visita à cidade não mais escreveria Os Capitães da Areia, os meninos de Itacaré são no máximo Sargentos da Areia. E olhe lá!!!!

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Toma paquetá !

Rua Pituba - Itacaré - BA

Domingo, 07 de Outubro chegamos a Itacaré. A maratona começou bem cedo. Votação, estrada, aeroporto, estrada de asfalto, estrada de terra e pousada. Deliciosa – super recomendo. Devidamente instalados saímos pra conhecer a cidade e comer alguma coisa, a pé.
A maioria dos restaurantes da rua mais movimentada da cidade, a Pituba, está fechada. Sentamos num bem simpático.  Ao lado um casal gringo. Ela cheia de amor pra dar e ele a fim de nada. Depois de uns 20 minutos chega o esbaforido garçom e nos aborda com peculiar frase:
- Vieram pra comer? Nossa, todo mundo resolveu comer hoje!!!!
Jeff deu risada e disse:
- Que bom, né? Sinal de faturamento.
E ele:
- Bom nada. Tô sozinho, vô dá conta não.
Pedimos uma cerveja - juro que pretendíamos ficar- e somos surpreendidos por uma comemoração que há tempos não presenciava.
Embalada pela música Toma paquetá  a * “nação grapiúna” vem descendo a ladeira.


Homens, mulheres, crianças, idosos. A pé, em caminhões, carros, motos e bicicletas. Todos em estado absoluto de êxtase comemoram a vitória de Jarbas 40 – o vice é Cau.
Uma procissão. Música cantada como um mantra e surge lá em cima, nos braços do povo, o prefeito eleito. Devidamente comemorado, tocado na caninha e sorridente!


Como numa benção divina a chuva cai forte, lavando a alma daquele povo e zerando as pingas tomadas. Jarbas tenta, em vão, limpar as lentes dos óculos enquanto mentalmente contabiliza os 4.897 votos que teve.
Na confusão a moça perde o chinelo. Não um pé, o par todo. Branco, praticamente novo ali boiando rente ao meio fio.
O garçom nunca mais apareceu. O casal sumiu.
Pagamos a cerveja no caixa e saímos à procura de um lugar que tivesse comida e gente pra servir.

Percorremos a rua quase toda e optamos por um simpático com garçonete sorridente.
Peço salada, Jeff massa. Desastre gastronômico.
Peço Caipirinha de Maracujá, feita com saque – juro que está no cardápio – Desastre etílico.
Pedimos a conta. Desastre financeiro, para o restaurante. Não é possível que seja tão barato.
Tentamos sair, mas eis que ressurge Jarbas 40 – o vice é Cau - e sua trupe na rua estreita de mão dupla.
“Tá com dor de cabeça? tá com dor de coluna?
Tá com dor de barriga? tá com dor nas perna?
Toma paquetá,  
Toma paquetá,
Toma paquetá, que você vai milhorá ”
É, só paquetá salva !!!
"Toma paquetá"


*Forma como Jorge Amado chamava a gente cativa desta terra.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Má referência.


Tenho um cunhado santista. Até aí nada de errado. O grande problema é que meu sobrinho recém nascido, o Bernardo, será santista como o pai.


Claro que eu farei um trabalho paralelo para mostrar a ele a real felicidade, tentando torná-lo corintiano, mas tenho plena consciência de que pouco vai adiantar.

Ai você vai me perguntar: Qual o problema do menino torcer pro time do pai?
Eu poderia responder “Nenhum”, mas vou responder: Neymar.

Neymar como referência de ídolo!
Não vou aqui, colocar em dúvida a sua capacidade de jogar bola porque entendo razoavelmente de futebol e sei que ele tem sim grande talento. O que me incomoda são a postura e o comportamento equivocados dele.

Uma criança não pode crescer acreditando que aquele cabelo é bacana, que a arrogância é legal, que voar coberto por mantinha Louis Vuitton é o máximo, que usar terno e boné em evento social é “da hora”!
Muito menos acreditar que o tema das dancinhas ridículas feitas em campo, é música de qualidade.

Explicar para aquele menino que cortou o cabelo como o dele, sonhando em ser jogador de sucesso um dia, que ser dissimulado não é uma atitude descente passa a ser tarefa árdua.

Orientar o adolescente que transar sem camisinha é perigoso nos faz caretas, afinal o grande Neymar teve um filho recentemente no alto dos seus 19 anos com uma menina de 17 e desfila com a criança com uma naturalidade que só é possível no mundo dele. Aqui, no nosso mundo, adolescente que engravida namorada, ou piriguete que seja, tem a vida modificada pra sempre. E na maioria das vezes essa mudança não é lá muito boa.

A mídia não separa o garoto Neymar do jogador, assim como nunca separou o homem de caráter duvidoso, do dito Rei do futebol. Tenho pavor do Pelé desde o dia que soube da sua recusa em reconhecer uma das filhas que teve fora do casamento. Tudo o que ela conseguiu dele foi um coroa de flores em nome das Empresas Pelé quando faleceu, de câncer de mama em 2006.
Claro que isso nunca interferiu na atuação do jogador em campo, mas tenho certeza, que esse comportamento nada ortodoxo acalmou a consciência de muitos homens que tiveram atitudes parecidas.
Ele era um ídolo e ídolos são imitados, sempre.

Meu sobrinho tem hoje, 24 dias. Ainda vai levar um tempo até que ele comece a ser influenciado por essas coisas, mas a carreira da “calopsita” vai longe e a tendência é que seu comportamento piore.
Ai eu pergunto: Como ficar tranquila diante dessa má referência?

terça-feira, 31 de julho de 2012

Uma tia chamada Chafia!





Sei que quando nos conhecemos eu tinha pouco mais de um ano. Claro que não me lembro desse momento, mas impossível não esquecer muitos outros que compartilhamos ao longo de quase quarenta anos.
Não sei exatamente quando ela se foi, pra mim parece uma eternidade. Sinto saudade dela sempre e me emociono quando me lembro da sua voz doce e seu sorriso lindo.
Tia Chafia foi nossa vizinha por 13 anos e continuou a fazer parte da nossa vida pra sempre. Casada com Tio Aviro, que partiu bem cedo, era a mãe do Alberto, da Cristina, do José e do Paulo. Ah era a dona da cadela chamada Cacilda, presente em outras histórias minhas.
Era nosso anjo da guarda. Sempre prestativa sempre carinhosa. Cozinheira de mão cheia - o cheiro dos seus quitutes é forte em minha memória e ainda me deixa a boca cheia d’água.
Nossas casas eram geminadas e no quintal tínhamos uma janelinha, sempre aberta, que facilitava nosso contato. Era só aparecer ali, chamar por ela e pronto, tudo resolvido – fosse o que fosse.
Quando tinha seis anos tive hepatite.  Era carnaval e fiquei quarenta dias de cama. Um dia senti o cheiro dos biscoitos dela e não tive dúvida, levantei, sentei na janela do quarto – um sobrado – e chamei por ela. A coitada se apavorou com a possibilidade da queda e tentando aparentar uma calma dizia:
- Desce daí Ane (eles me chamavam assim), a tia leva os biscoitos pra você!!
Éramos uma só família não me lembro de precisar tocar a campainha da casa dela.
Ela esteve em momentos importantes da minha vida. Estava lá quando me casei e quando minha filha nasceu fez questão e nos visitar.
Aqui comigo, além das lembranças, tenho algumas fotos, um coração de malaquita bruta que ela me trouxe da África e um ovo da mesma pedra lapidada que também trouxe de lá, mas que ficava na casa dela junto de mais dois. Numa das vezes que fui visita-la elogiei a peça e sem pestanejar me deu.
Foi ela que fez a primeira mantinha de tricô da minha filha Marcella que guardo até hoje. Era um talento nessa arte manual. Fazia coisas lindas e era incrivelmente rápida. Todo mundo em casa tinha uma malha, um pulôver, um gorro, um cachecol que fosse, feito por ela.
Ela nasceu num dia 31 de Julho de um ano distante. Morreu velhinha e me deixou profundamente triste com sua ausência. Até hoje, quando penso na impossibilidade de vê-la não consigo deixar de chorar.
- Tia, onde estiver, saiba que a amo muito e sinto constantemente a sua falta.
Comigo além das pedras, do tricô, das fotos e das lembranças, ficou a certeza do amor incondicional que ela sentia por mim.

domingo, 24 de junho de 2012

Os Carimbos


Magy era uma mulher linda, forte. Empresária de sucesso. A descendência sueca dava a ela um ar enigmático. O sotaque apesar de charmoso intimidava.

Caminhava pelos corredores da agência de propaganda paulista de forma austera e confiante. Nas paredes obras do seu acervo pessoal que a enchia de orgulho. A maior parte dos quadros pintados por ela mesma. Era um grande talento, diga-se de passagem.

Nós pobres mortais, que trabalhávamos na área de mídia, só ouvíamos a voz dela ao longe. Não nos dirigia palavra.
Adorava palavrões. Falava alto, sem pudor.
Mandava e desmandava no departamento de criação e sob sua tutela tinha profissionais altamente gabaritados. Todos a temiam!

A agência atendia contas importantes, tínhamos trabalho o tempo todo. O departamento de mídia, normalmente um termômetro autorizava tamanha quantidade de comerciais, anúncios e spots que, certamente a temperatura na criação devia estar bem alta, até porque, ela fazia questão de pré aprovar todas as artes antes de encaminhar aos clientes. Sua palavra era lei. Cliente pouco discordava de suas recomendações.

Diante da demanda, havia necessidade que ser ágil na execução e na aprovação dos layouts e Maggy mandou fazer dois carimbos. A história rapidamente se espalhou pelos quatro cantos da agência.

- Você viu? O comentário vinha sussurado – A Magy mandou fazer carimbos para aprovar os lay outs e os planejamentos. Se a moda pegar vai servir como ok até nas autorizações de mídia.
Na criação, o primeiro anúncio que voltou da sala dela provocou gargalhadas e dúvidas:

                                                                     
Sim, um carimbo com essas palavras estampado nas costas do papel “carmem”. Era uma época onde o arte finalista tinha mesmo que desenhar, usar guache, nankin, aerógrafo, tudo devidamente montado em papel carmem (preto)  “pas partout” e coberto com o papel manteiga . Imprescindível cobrir a arte, senão o risco de chegar no dia seguinte e ter virado comida de barata era imenso!!!

Sem entender o diretor de arte foi à sala dela:

-Magy, não entendi. Você gostou do anúncio?

- Não PORRA, se tivesse gostado teria carimbado


                                                                     

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Quando um certo alguém.




Década de 90 e eu trabalhando como gerente comercial de um grupo de emissoras de rádio de Ribeirão. Era o ó! Faturamento baixíssimo, em consequência de uma programação inconsistente, que dava pouca audiência. Sugeri que passássemos a apoiar espetáculos teatrais e shows. Teríamos nossa marca em outras mídias e poderíamos melhorar a venda dos espaços.

Deu muito trabalho, mas foi muito divertido. Divertido e melhor, deu resultado! Faturamento subiu 200%.

Fechamos esse show, entre 94 e 95. O empresário que veio acertar a parceria era um chato e a produtora que chegou dois dias antes do artista, fazia a linha “chato sobe nela e desce se coçando”.

O primeiro “piti” da mala, foi na reunião com o Buffet que, diga-se de passagem, foi um custo conseguir.

 - Ele querrrr comida árabe. Kibissss, Isssfîirrassss, tabule, babaganuche. Tudo em piquenasss porrrções.

Além daquele sotaque carioca dos mais enjoados, ela mostrava com as mãos o tamanho das malditas "pequenas porções". A dona do Buffet declinou. Disse que não daria conta do serviço. Ou da chatice? Eterna dúvida.

Foi um perrengue conseguir um restaurante árabe que topasse fazer permuta com a emissora.
No dia do Show, o tal cantor chegou e se instalou no extinto Holiday Inn. Não trocou palavra com qualquer pessoa. Mal humorado, de óculos escuros e um bico que ocupava 70% da cara, seguiu pra Cava do Bosque para passar o som.
Nessa altura, o mobiliário do camarim já estava montado: Sofás azuis, tapete persa (exigência do tal), espelho enorme, arara para pendurar o figurino.
Eu mesma supervisionei a montagem para ter certeza de que tudo estava certo. Mal entrei em casa para almoçar, meu celular “PT950 Tijolo” tocou. Era a produtora:

- O camarim não issssstá bommmmm !!!
- Não? O que houve?
- Falta uma mesa grande, retangular, coberta com toalhiasssss brancaissssssss (ai sotaque maldito). Precisa ser inssstalada encossssstada na parede.
- Ok, vou pedir para providenciar. Agora, se for para colocar as comidas, o restaurante vai montar a estrutura num outro espaço....
- Náaaooo !! É que ele pricisa colocar seusssss bichinhusssss de pelúcia.
- ???? Não ousei comentar.

E lá fui eu, sem comer, pra Cava providenciar a montagem da tal mesa.
Depois de pronto, a produtora mala entrou com malas e sacolas e depositou sobre a mesa uma quantidade infinita de ursinhos, coelhos, cachorros, carrinhos, bonecas, canequinhas da Xuxa, escovinhas de dente, gatinhos, carrinhos matchbox, foguetes, trenzinhos....

Arrumou tudo com cuidado, olhou pra mim – até com certa doçura -  e justificou:

- Ele precisa disso pra se coincentrarrrr. Abraça todusssss, precisa ver! Dá enerrrgia, sabe????
- Ahã !!  - Imagine a minha cara.

Já estava de saída, quando ela entrou em pânico:

-MELDELS, missssssquici da Barrrrrrrrrbie. Ele vai me matar.....

E lá fomos nós, correndo em pleno sábado, já meio de tarde, em busca de uma Barbie para evitar um “piti” e quiçá o cancelamento do show. O homem era nervoso, bênhe!

A noite, fiquei na entrada dos camarins, na esperança (depois de tanto trabalho e perturbação) de ver de perto o artista em questão. Até hoje me pergunto por onde foi que ele entrou. Não vimos nada.
Enquanto rolava o show, entramos no camarim para ver se tudo estava de acordo. Ele ia comer depois da apresentação- checamos todo o cardápio, tudo perfeitamente acomodado em “piquenas porrrrçõiiiis”.
A mesa com os bichinhos estava desarrumada. Havia pelúcia no chão, no sofá, no tapete. Na arara três Hobbies de Chambre: um azul escuro, com estampas miúdas (acho que eram florzinhas) em vermelho, um branco atoalhado e um rosa pink de cetim. Simmm!!! E todos eles tinham uma pantufa combinando.
Dentro da Cava o cara interagia de forma íntima – pra não ser grosseira e dizer: Se esfregava - no palco com um dos músicos, especialmente convidado para a ocasião. O mesmo que, alguns meses depois, foi lançado na mídia cantando baladinha de verão romântica. A carreira não decolou.

Fim de show,  corremos de volta à porta do camarim. Ele saiu pelo mesmo lugar que entrou, ou seja: não faço a menor ideia de como.

- Possivelmente a bordo do foguetinho que habitava a mesa dos brinquedos, pensei!

Entramos: Nenhum bichinho, nenhum hobby.
Abandonadas, num canto já escuro, as malditas “pequenas porções” de comida árabe ainda com o filme transparente por cima, intactas!

Quando um certo alguém cruzou o teu caminho, tudo bem meu bem. Tudo sem força e direção!!
E no Brasil sol de norte a sul.

Se é que você me entende.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Donna Summer, Mac Arthur e uma saudade.




Quando soube que Donna Summer tinha morrido, senti saudade antes de sentir tristeza. Saudade de um oásis em meio ao caos que foi minha adolescência.

Era Janeiro de 79 e eu estava de férias em Pontal, hospedada  na casa da minha querida tia Neide. Vó Carolina ainda era viva e impunha, mesmo sem querer, sua presença. Sempre muito quieta, mas igualmente forte, passava a maior parte do tempo na sala de jantar onde ficava a vitrola. É, vitrola!

Ao lado dela - da vitrola, claro - durante todo o tempo em que lá estive, repousava a capa do LP duplo, Live And More, lançado pela Donna no ano anterior. Era ao som de Mac Arthur Park que eu acordava todos os dias.

Lembro-me de abrir os olhos nos primeiros acordes e sentir uma alegria imensa. Estava na cidade que eu tanto amava, cercada de pessoas que me tratavam com tanto carinho.
Não demorava pra minha tia entrar no quarto, avisando que o café estava servido. Sempre carinhosa, sentava-se a beira de uma das camas e queria saber o que tínhamos feito na noite anterior.

Meu dia começava bem. Muito bem para a uma menina, adolescente, que estava vivendo a felicidade inexplicável da conquista do primeiro amor. E o primeiro amor morava na casa da frente!

Pulava da cama, abria um pedacinho da janela e espiava. Como era fácil ser feliz: Uma janela entreaberta e uma possibilidade.

Não me lembro de ter vivido emoção assim. Não me lembro de ter amado com tanta ingenuidade, com tanta entrega, sem expectativa.
Nessa época o namorar era feito de beijos, abraços e mãos entrelaçadas. Não havia possibilidade de qualquer avanço. A delicadeza da lembrança talvez se deva exatamente a isso.

No meio do mês, como todos os anos, fomos para o Guarujá. Minha prima Rosana, eu, meus pais e irmãos. Foram 15 dolorosos dias, na praia, longe dele, da Donna e do Mac Arthur. Dias em que incansavelmente negociava com meu pai a volta à Pontal para passar os últimos dias de férias.

Sinto ainda forte emoção quando me lembro do dia que voltei. Era noite, o céu estrelado de forma inacreditável, Tio Luiz na calçada com o braço em volta da  tia Neide.
Meu olhar vagava entre o céu e a porta da casa do meu amor. De repente ela – a porta - se abriu e rapidamente, numa brincadeira, me esconderam. Posso vê-lo atravessando a rua, num passo desengonçado de menino que cresceu demais.

Que delícia lembrar a cara que ele fez quando me viu! O sorriso, que era lindo, se abriu e o olhar, que sempre foi penetrante, sorriu junto.

O desejado beijo não pode ser dado. Não naquele momento.

- Nãoo, não na frente dos tios!

Ah, como era bom estar apaixonada e ter esse amor correspondido, como é bom poder lembrar isso com tanto carinho.

Vivemos uma história linda, naqueles dias quentes de verão e céu exuberante. Simples, sem planos abstratos e com todos os sonhos concretos.

A vida não nos quis juntos. O amor não foi suficiente, ou talvez, simplesmente tivessem outros planos pra nós.

Cada um seguiu a sua maneira.
Fiz minha família, ele a dele.
Fiz carreira, ele desistiu.
Sou feliz, mas não posso afirmar o mesmo sobre ele.

Nunca mais nos falamos. Nunca mais!

Nunca mais nos vimos. Só a distância, há 5 anos!

Mas a verdade, é que isso não tem a menor importância. O que conta é a emoção que pude viver graças ao que vivemos. Emoção que ainda posso sentir quando e onde quiser.

Quando Donna morreu, uma parte dessa história se foi, mas pra minha sorte não levou nada com ela. Só deixou:


Uma música, uma lembrança e uma saudade.







quinta-feira, 10 de maio de 2012

Me rendi a realeza !!


Você talvez saiba que durante 4 anos me relacionei com um homem comprovadamente problemático. Digo problemático para não dizer sociopata, psicopata, boderline que aliás - de todas as explicações dadas pelos psiquiatras com quem conversei - a que mais se aproxima da personalidade desse ser nefasto.
Com o fim dramático da relação, o que eu mais queria era que ele arrumasse outra pessoa e saísse definitivamente do meu pé. Estava exausta de ser seguida e de ter minha casa invadida. E depois que essa fase passou, de ter ameaças indiretas publicadas nos sites de relacionamento e meu nome em histórias escancaradas por ele nas salas de aula da faculdade onde exerce a função de professor.
A notícia de um novo relacionamento chegou depois de quase dois anos e foi recebida por mim com “vivas”!
Claro que fiquei muito curiosa para saber o perfil da coitada da vez, e por mais pena que sentisse, pensava: “antes ela do que eu!”
O perfil da mulher na minha imaginação era: virgem aos 40, sem passado, frequentadora fervorosa dos bancos das igrejas. Cabelos curtos, ligeiramente encaracolados e escuros, óculos bifocal, roupas em tons pastel muito bem comportadas.Nada nas unhas, pouco perfume, usuária de talco!
Meu lado CSI que, aliás, sem modéstia é espetacular, rapidamente descobriu o perfil real da escolhida.
Fiquei chocada
A única coisa que batia com a minha previsão era a cor dos cabelos.
O sortudo conseguiu uma mulher linda, que usava – pasmem! – unhas vermelhas, decotes, roupas justas com estampas sensuais. Divorciada, dois casamentos anteriores, uma filha. Dona do próprio nariz, sorriso encantador, firmeza no olhar. De família ultra tradicional de São Paulo, viajada, que estudou nas melhores escolas e freqüentou faculdade.
A pergunta inevitável surgiu: O que foi que essa mulher viu nesse idiota? Pergunta esta, que fazia a mim mesma com alguma freqüência.
Rapidamente percebi que a incomodava. As indiretas, as frases publicadas no Orkut deixavam bem claro.
Tentei, num primeiro momento, mostrar a ela quem ele era. Fui mal interpretada. Ela achou que eu estava arrependida e queria o psico de volta. Aff !!!
Um dia me conformei e resolvi deixar o tempo agir depois de refletir bem e concluir: Eu não tenho nada com isso, não é?
Confesso que no fundo, sentia uma pena inacreditável dela. Que traumas ela teria que lidar com o passar do tempo? Saberia enfrenta-los ? Continuaria apta a um novo relacionamento? Sobreviveria a ele ? Muitas questões!!!
Mais de dois anos se passaram e durante esse tempo, me lembro de dizer para algumas pessoas comuns:
- Seríamos grandes amigas se as referências que ela tem de mim não fossem tão contaminadas.
Eu sabia que ele contava coisas horríveis a meu respeito.

O tempo é mesmo senhor da razão. O relacionamento deles acabou há um ano. Fiquei sabendo mês passado. E sabe quem me contou? Ela mesma.
Pois é. Acabamos nos encontrando pessoalmente e ela é muito mais especial do que eu imaginava.  Mais especial e mais bonita ainda do que as fotos mostram.
Não tocamos no assunto das ironias, das alfinetadas mútuas. Não foi preciso.
Não pedi desculpas! Não foi preciso.
Muitas vezes a chamei de Rainha da Escandinávia numa alusão a sua origem norueguesa e a classe que demonstrava ter.
Aqui no blog, contei a história da Rainha Tupiniquim – eu mesma, com a participação dela.
Somos rainhas e tivemos a vida afetada por um sapo.
Um sapo que se julga um príncipe.
Um sapo que usa sapatos de plástico baratos e fedidos e que está a solta, buscando invadir outro reino.
Acabei me rendendo ao encanto, dessa mulher que é verdadeiramente uma nobre.

terça-feira, 10 de abril de 2012

COMPARTILHAR: O botão da irresponsabilidade virtual.




É impressionante a quantidade de informações compartilhadas todos os dias no Facebook. Algumas sem maiores pretensões: orações, piadinhas, mensagens de otimismo. Há as políticas, as de protesto, de apoio, de alerta. Até ai, tranquilo.
Alguns compartilhamentos são chatos, são maçantes, são religiosos demais, ou pró- bichos demais, mas acho que cada um tem o direito de expor a sua opinião, a sua crença e as suas preferências. Alguém disse, eu concordo: “a unanimidade é burra”.
Ultimamente tenho me estressado muito com compartilhamentos ditos de “utilidade pública”.
A linha que separa, a utilidade dessas mensagens da irresponsabilidade virtual, é tênue. Tênue, mas visível. E o nome da visibilidade é checagem.
Não consigo entender o que leva alguém a apertar o botão compartilhar sem pensar. A maioria faz com a melhor das intenções, mas nem isso as isenta da responsabilidade de proliferar informações, na grande maioria, falsas.
Tenho a sensação de que ficam na frente do computador, com a tela do Facebook aberta, esperando o momento de apertar o botão COMPARTILHAR. De forma automática, sem critério, sem pensar nas consequências. Simplesmente compartilhar.
Eu, que sou uma tonta, me dou ao trabalho de checar e desmentir, quando é o caso. Aliás, em 98% dos casos é mentira.

Hoje recebi uma mensagem sobre o risco da mamografia – teoricamente ela causa câncer de tireoide. Olha só a gravidade dessa informação sendo compartilhada sem nenhum critério por ai. Você consegue imaginar que muitas mulheres podem deixar de fazer o exame por conta dessa informação? Eu consigo! E é mentira. Bastaram 3 ou 4  clicks, até chegar a um site confiável e entender que é tudo uma grande bobagem.


A Vó da Juliana de São Paulo, sumiu no final da tarde de domingo e a neta usou o Face para ajudar a localiza-la. É uma ferramenta maravilhosa pra isso, aqui mesmo em Ribeirão localizamos um garoto assim. Mas ai vem o desespero virtual: 193 pessoas compartilharam a informação e os amigos delas também e no melhor exemplo de um corrente, rapidamente milhares de pessoas estavam sabendo que a pobre Tatá tava sumida. Ok!  Na segunda-feira a vozinha há estava em casa e a Juliana postou um agradecimento. Pergunto: quantas pessoas se preocuparam em divulgar a notícia? 13 pessoas. Percebe? Pois é! Hoje, com certeza, ainda tem gente compartilhando o sumiço da nona, porque simplesmente não fazem o que eu fiz:
- Entrei na página da Juliana e CHEQUEI como é que estava a situação.
Provavelmente daqui uns meses o rosto rosado da Tatá voltará às páginas do Face para nooooossssa alegria !!!!!!!!

E assim, como essa informação, tem as crianças sequestradas, desaparecidas e os pobres coitados com câncer que vão receber milagrosamente uma quantia em centavos de dólar para seu tratamento.

A coisa é tão trash que tem foto que circula pela internet há pelo menos 8 anos. Imagina só? E tudo por quê? Porque as pessoas não CHECAM as informações ANTES de apertar o maldito botão compartilhar.
Bobagens como: Veja quem está olhando o seu Facebook, ou mude a cor da sua página, ou ainda os créditos de celular. Nem vou citar as frases atribuídas ao Jô Soares, a Clarice, a Drummond... rsrssr Isso é piada pronta.


O coitado do Chaves? Já morreu umas 40 vezes, só esse ano.
São 1 milhão e compartilhamentos para acabar com a corrupção e mais alguns milhares para acabar com o BBB.  Olha que simplista! É até emocionante. Um click e o mundo está a salvo. E claro, não posso esquecer que o Facebook vai voltar atrás no mundo inteiro quanto a Linha do Tempo, porque ½ dúzia de 8 ou 9 brasileiros estão COMPARTILHANDO um protesto. Argh!!!
Pense um pouco nas consequências de uma informação mentirosa circulando por ai e compartilhe a minha campanha:

COMPARTILHAR SEM CHECAR É IRRESPONSABILIDADE!!!!
E para os que justificam:
-  “ Ahh, a gente recebe, né? Fica com dó e na dúvida compartilha”.
Vocês não estão fazendo o bem a ninguém, se a informação for mentirosa. Pelo contrário, estão destruindo de forma irresponsável uma ferramenta poderosa!

sexta-feira, 9 de março de 2012

Diário de Viagem - Capítulo 04


Dia 03 –  Portenho não é Tarzan, nem surdo !!

Algumas coisas precisam ser ditas:

Dica 01- Café da manhã em hotel na Argentina não é, nem de perto, igual aos nossos, aqui no Brasil. Tudo é muito doce e totalmente sem sal (sobre isso conto mais detalhes depois).
Descemos para o café, ligamos para Stella Maris – sim, nossa receptiva em Buenos Aires chamava-se Stella Maris. Esperamos por ela e resolvemos a questão reserva=quarto com camas de solteiro e a última noite pendente. Com a transferência da ida, a volta também foi alterada.
Tudo resolvido, saímos a pé pela cidade.

Dica 02: Se puder fique na Recoleta. O bairro por si já vale a viagem. Tudo é lindo, as ruas, os prédios,
os cafés, as pessoas, as banquinhas que vendem flores no meio do calçadão.


Buenos Aires é um museu a céu aberto. A cada esquina um prédio espetacular nos dá uma lição de preservação da história.
Os ônibus são sensacionais, todos com pinturas muito coloridas que lembram e muito, aquelas placas que anunciavam a chegada dos circos à cidade.

Foto Google.

Os portenhos são sim gentis com os brasileiros. Eles nos trataram muito bem. Alguns são secos, como a mocinha que nos atendeu na farmácia:
- Buenos Dias (ó eu arriscando o portunhol). Você entende português?
Ela balançou a mão e a cabeça ao mesmo tempo sugerindo um “mais ou menos”.
Por alguns segundos, me lembrei da experiência com os indianos em Janeiro de 2011 e parti para um portunhol misturado com mímica – aliás, sou ótima em mímica. Meu marido e eu raramente perdemos no jogo com amigos.
- Preciso de um hidratante - ela entendeu bem e perguntou se eu tinha preferência por marca – eu entendi a pergunta e respondi que não.
Ela me levou até uma gôndola e me mostrou as opções, apontando.  Escolhi um Nívea , a única marca que eu conhecia.
Ai veio o drama: Precisava de caixinhas de lentes de contato.
Dou risada só de lembrar.
Depois de alguma fala e muita mímica ela disse:
- Ahh, você quer um “ISTURJIO” ? (não faço ideia de como se escreve, juro que procurei no google tradutor, mas nem o coitado achou algo parecido.
Agora escrito me parece óbvio, mas com o sotaque e as outras palavras juntas me pareceu Grego !!
Eu olhei pra mulher e disse:
-Preciso ver se é.
E aí, ela queria me explicar que a caixinha não era vendida separadamente, só com o líquido que conserva as lentes.
Ohh meu San Martin, de que diabos hablas essa mujer???
Surge aí, uma figura simpática que pacientemente, através de gestos e portunhol, me explicou o que se tratava.
ISTUJUUU.... sim sim, claro: estojo !!! Dããããã... a loira!
Estojo e hidrante em mãos, continuamos nosso passeio pelas ruas e avenidas de Buenos Aires.
É muito boa a sensação de parar no meio da 9 de julho e enxergar o obelisco, aquele famoso dos cartões postais. Que avenida espetacular – 140 metros de largura, com edifícios e monumentos importantes, jardins, fontes...  maravilhosa!

Avenida 9 de julho. LINDA !!!
Chegamos a Praça de San Martin sem querer. Muita gente diferente, convivendo naquele espaço, que lógico, é muito bonito.
Chamou a atenção a falta de higiene de um senhor, que sentado aos pés da estátua do libertador, comia tranquilamente seu lanche ao lado de um monte de coco de cachorro – eu achei que era de gente, mas deve ter sido só uma impressão minha.
Precisávamos voltar ao Hotel as 14h30 – horário do City Tour que optamos por fazer para ter um noção do todo, digamos assim.

Dica 03: Cuidado com os pacotes que os receptivos oferecem.
Enquanto esperávamos a Van do City a Stella Maris nos vendeu 2 pacotes:
01 para o TANGO – programa obrigatório
01 para o TIGRE – imperdível.
Detalhe: há outras formas de fazê-los com grande economia, mas a gente só descobre depois.
O City tour é básico, né gente? Se fosse espetacular a gente teria que pagar por ele.  A ideia é mesmo dar uma geral e escolher onde quer voltar com mais calma. Foi isso que fizemos.
A guia, muy simpática, falava bem o portunhol e era muito respeitosa com todos. Massss como todo guia sempre querendo levar o por fora. Entramos na Van e fomos agraciados com um adesivo rosa choque que deveríamos usar durante todo o percurso e principalmente nas paradas estratégicas para o consumo nas lojas indicadas por ela.
Estratégia para não ficar muito na cara o seu papel de turista: esconder o "tardoadesivo" durante as descidas.
A cidade é linda, como disse antes, vale o tour. Mas se puderem façam no ônibus que sai da
Florida com a Diagonal Norte. Não conseguimos fazer porque deixamos para o último dia e chegamos à conclusão de que não valia a pena.
Custa 70 pesos e você pode descer quantas vezes quiser nos pontos turísticos e esperar o próximo, por exemplo.
Foto Google

Passamos pela Recoleta, Palermo, Centro, Praça de Maio - Casa Rosada , La Boca - Estádio do Boca e Caminito, Puerto Madero, e várias avenidas da cidade.
Duas paradas: Praça de Maio e Caminito. Na praça demos a maior sorte, conseguimos ver as mães da praça (que protestam desde 1983 pelos filhos desaparecidos na ditadura militar) e que se reúnem só as quintas-feiras. Ficamos impressionados. Elas andam em volta da Pirâmide de Mayo sem parar, algumas em silêncio absoluto, carregando a foto do filho com uma expressão tão carregada, que parece que tudo aconteceu semana passada. 

Me impressionou muito !!!!

A casa Rosada é rosada mesmo e muito sem graça. A noite é bem melhor, tem um sistema de iluminação que a deixa espetacular.

Foto Google
No Caminito ficamos encantados com o colorido e a alegria. Decidimos voltar no dia seguinte.
Não compramos nada. Não viajamos com essa intensão. Enquanto os colegas de Van compravam, nós andávamos pelos lugares, conversando com pessoas e procurando entender mais do modo de vida do portenho.
Conversamos com muita gente e aqui fica a

Dica 04: Fale devagar, eles entendem. Não precisa trata-los como Tarzan:
- Eu querer  telefone casa Brasil.
Nem como surtos:
_EUUUU QUEROOO TELEFONEEE para BRASIIILLL.
Frases como: “ Hable um poco más despássio, por favor.” , “Me entende usted?” , Cómo se disse eso em espanhol?”  são valiosas.
(continua)

segunda-feira, 5 de março de 2012

Diário de Viagem - Capítulo 03


Dia 02 (noite) – Nem todas as sacadas são reais!!

Fila, na nossa frente pessoas com passaporte na mão. A sensação de estar com um RG velho e um papel preenchido no avião era de total desconforto. Meu marido:
- Amor, quando indicarem a cabine, vamos juntos, ok?
E assim fizemos. Conforme combinado entreguei meus documentos primeiro – caso fosse deportada, ele entregaria a CNH e diria não ter outro documento para ser deportado também.
Um mocinho simpático disse:
- Holla!
Olhou pra mim, pro RG preencheu uma infinidade de lacunas no impresso estampado na tela do computador, me devolveu tudo e pegou os documentos do Jeff.
Passamos !!!
Quando me vi fora do aeroporto, tive uma vontade inacreditável de chorar. Fiz questão de uma foto – Da saída de casa, na terça-feira até a entrada em Buenos Aires foram 32horas.

Gentilmente tirada pelo motorista de táxi portenho!

Claro que perdemos o direito ao transfer  e pagamos 140 pesos – equivalente a R$ 60,00 de táxi até o hotel.
Motorista simpático – calado, mas simpático. Parou primeiro no hotel errado, o nosso era 3 quarteirões a frente.
Descemos - Impala Hotel. Na Rua da Libertad, bairro da Recoleta.


Recepção:
-Holla, você fala português?
-Sim, entendo (portunhol básico).
- Temos uma reserva.
-Nome?
-Christiane e Jefferson
Procura... procura... procura... procura... procura!
-Sua reserva foi cancelada !!!!
- Heimmmmmmmmmmmmmmmm???????????????????????
-Si ! Como os seniõres não chegaaamm ontem, e ninguém avisou, cancelamos su reserva.
-E agora?
-Vou arrumar um quarto para vocês e manhãna  ligamos para agente de viagens.
- ok!
Nos levaram para um quarto pequeno, com duas camas de solteiro e incrível cheiro de mata-baratas!
Nessa altura, tudo estava maravilhoso. Depois do que passamos isso era fichinha.
Pedimos uma sugestão para jantar, nos indicaram um charmoso restaurante bem na esquina do Hotel. Aceitamos a sugestão e foi delicioso. Fomos super bem recebidos pelo Carlos, garçom com rara vocação para a função.
Tomamos cerveja Quilmes e comemos um salmão delicioso. Ok !! Argentina é sinônimo de carne, mas nessa altura passava das onze da noite e quisemos algo de leve digestão.
De volta ao hotel, me dei conta de que na foto interna do quarto que está na internet o quarto tem sacada!!!
Só na foto da internet.
Dormimos bem, apesar das camas separadas!
(continua)

sexta-feira, 2 de março de 2012

Diário de Viagem - Capítulo 02


Dia 02 – O dia que vi o espectro de Murphy praticamente materializado ao meu lado !!!!

Saímos do aeroporto passados. Sentamos a espera de uma Van que nos levaria a um Hotel próximo dali. Qualquer hotel, qualquer lugar.
Eram 3h30 da manhã, estávamos vivendo o stress há 13 horas. Uma cama, café da manhã, banho - não necessariamente nessa ordem – era o que precisávamos.
Mônaco foi o escolhido. O melhor? Nãoooo o único que apareceu em 20 minutos de espera.
Bom o hotel, recomendo.
Banho, sono agitado. Depois do café da manhã às 9hs voltamos pro quarto e dormimos até meio dia.
As 13h30 estávamos de volta à van. Sentadinhos, quase nos permitindo um sorriso de alegria, meu marido diz:
- Dá meu RG.
- Não tá comigo.
- Tá sim, deixei com você ontem.
Revirei a bolsa. NADA.
Revirei de novo a bolsa. NADA.
Revirei, revirei, revirei... mais uma vez e a Van chegou ao aeroporto.
Desci tensa.
Entramos e seguimos rumo as cadeiras da Asa A – perto da porta onde a Van parou.
Aliás, se tratando de Cumbica, é bom que lembrem: Cadeira é objeto de luxo. Poucas e mal localizadas.
Jeff procurou o RG em todos os bolsos, na mala dele e pediu minha bolsa:
- Tá ai sim, você não procurou direito.
Sentei ao lado dele, totalmente entregue, já imaginando a tristeza de pagar por uma viagem que não iríamos fazer.
Ele tirou o organizador de bolsas e vasculhou cada pedacinho. Abriu 234 vezes minha carteira, chacoalhou a coitada da bolsa no chão. NADA!
Abri minha mala, tirei as roupas de dentro – consegue imaginar a cena? Abri a bolsa de sapatos, tirei tudo de dentro. NADA!
As lágrimas escorriam discretamente pelos cantos dos meus olhos. Meu marido disse:
- Vou até a Polícia Federal, devo ter esquecido lá, ontem quando fui mostrar o seu RG.
Eram 14h30 e nesse momento juro que vi, um espectro ao meu lado. Provavelmente Murphy rindo da minha desgraça.
Ele voltou 20 minutos depois, pálido! Gelei!!!
- Tá aqui. E mostrou o documento. Agora você não vai acreditar: Não estava na polícia, nem no achados e perdidos. Estava dentro do bolso da camisa.
Murphy tem parceria com duendes. Certeza!
- Amor, vamos agora mesmo, fazer o check in antes que mais alguma coisa desapareça.
Andamos pelos 435 kilometros que separam a ASA A da D e paramos no guichê da companhia.
- Boa tarde, dona Christiane!!
Caí na risada e falei:
- Vichi, fiquei famosa.
Entrei os RGS, os vouchers e o espectro de Murphy perdeu parte da força. Alívio parcial. A fala da supervisora da Qatar ecoava em meu ouvido:
- “ Ela embarca, mas não posso garantir que entre na Argentina” .
Passamos pelas etapas pré-embarque. Eu ainda tensa. Vaique!!
Paramos no free shop. Olhamos, olhamos, olhamos, esbarramos num perfume, caiu no chão, quebrou, olhamos em volta, esperamos alguém vir ao nosso encontro.
- Ai Murphy, seu cretino !! Só me faltava essa. U$280 o preço do cheiroso.  Continuamos na loja por mais 10 minutos e ninguém apareceu.
Tá!! A gente devia ter procurado um vendedor pra pagar pelo perfume. Será? Não tenho certeza se a culpa dele ter caído foi exatamente nossa. Murphy, duendes, má colocação na gôndola. Né?
Saímos, sentamos em frente ao portão de embarque. Portão 06.
Uma hora depois, uma voz:
- Atenção passageiros da Qatar Airwais, com destino a Buenos Aires, embarque alterado para o portão 04.
Descemos. Descemos mesmo. Íamos embarcar pelo finger – aquele túnel que leva a gente direto pra dentro do avião. Acabamos embarcando de ônibus- aquele meio de transporte que fede, nunca cabe todo mundo e chacoalha muito!

A aeronave. 

A aeronave da Qatar é um espetáculo.  Coisa de árabe mesmo, monitores individuais, mais de 200 opções de filmes, muitas opções de programas de TV, jogos, música. Coidilocu.
A empresa só está atrasada com relação a alimentação. Não chegaram ainda na era do amendoim, barrinha de cereal e suco de laranja. Eles ainda servem comida, gente! Juro, com opções no cardápio. Verdade!
E o bicho levantou voo. Assisti Atividade Paranormal 3. Foi a única coisa que me pareceu viável em inglês com legendas em árabe.
Chegamos a Buenos Aires por volta de 23h00 – horário de Brasília. Lá eram 22h00.
Saímos pelo finger, pegamos as malas e seguimos direto para imigração. MEDO!
- “ Ela embarca, mas não posso garantir que entre na Argentina” .  maldita supervisora, maldito Murphy, malditos duendes....
(continua)
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