Sobre o Conteúdo do Blog

Blog de histórias reais e de ficção.
Um lugar para expor opiniões que provoquem dor ou delícia!
Qualquer semelhança com histórias ou comportamentos reais poderá ter sido mera coincidência. Ou não!



domingo, 12 de maio de 2013

Pertencer !




Foi um dia estranho.  Daqueles que apesar de sabermos o que nos espera não temos certeza do “como”.
Trabalhei, almocei, fui ao supermercado, ao cabeleireiro. Comprei roupa nova, fiz maquiagem caprichada. Ganhei elogio e um olhar orgulhoso do meu marido e me senti pronta.
Cheguei trêmula, ansiosa. Sinto- me assim sempre que sei que vou encontrar gente que gosto. Tenho medo de não conseguir falar com todo mundo.
Alguns cumprimentos na chegada e meu olhar passeia curioso. Listo mentalmente os que vejo para depois abordá-los num abraço fraterno.
A cerimônia começa com certo atraso. Pessoas fazem uso do microfone  – umas muito mal, deixando-me constrangida – outras tão bem que me emociono ao ponto das lágrimas e passo a pensar, diante do que ouço, na minha ânsia de pertencer.
Chego à conclusão de que não pertenço a nada. Não faço parte de grupo, de academia, de clube, de entidade, de ong. Não sou confreira, não sou sócia, não sou voluntária. Não tenho turma no trabalho – até porque não quero. Não tenho amigos.
Fico estarrecida! Não sou e nem tenho amigos. Não da maneira que presenciei sentada na plateia. Não como aquelas pessoas que se pertencem e se protegem.
Uma tristeza profunda toma conta de mim. Grande o suficiente para ainda me acompanhar. Saio da cerimônia e sigo o plano original: cumprimentar  as pessoas que gosto. Não as olho do mesmo jeito. Não as sinto mais como antes. Dentro de mim algo se partiu.
Vejo alguém que há muito não via. Dou-me conta de que continua ao lado da mesma amiga – quase um pitbull -  presente, defensora, protetora, fiel.
Abraços efusivos que se desmancham 10 segundos depois deixando o vazio, o silêncio e a promessa: “precisamos nos ver mais”. E eu agora me pergunto:  - pra que mesmo?
Encontro velhos amigos antes tão próximos, que a vida se encarregou de separar. Um copo quebrado – em cacos grandes – que colamos mas que qualquer vento mais forte se encarrega de trincar.
Observo de longe pessoas que se abraçam, se acarinham e se sentem verdadeiramente próximas e felizes.
Meu marido sugere e vou embora sem pleitear um só minuto a mais naquele ambiente que antes de me encheria de prazer e alegria.
Dentro do carro o silêncio se instala enquanto penso nas relações que estabeleci ao longo de quase ½ século de vida:
Tive sim amigas queridas, mas sazonais – algumas tão verdadeiras e amadas, outras tão traiçoeiras e cruéis. Amigas na infância, no colégio, na faculdade. Amigas em todos os lugares em que passei durante minha carreira.
Tive amigos queridos em sua maioria. Alguns foram naturalmente ficando distantes - e ainda morro de saudade. Outros, confesso, pouco me lembro. Amigos na infância, no colégio, na faculdade e em todos os lugares onde trabalhei.
Mas foram amigos na infância e não amigos de infância. Foram amigas no colégio e não amigas de colégio. Pouco ou nada disso se perpetuou.
Tento não ser injusta e admito que às vezes reencontro essas pessoas e é sempre muito divertido, muito carinhoso. Deixa até gosto de quero mais. Mas, não nos pertencemos.
A pessoa que chega em casa é outra. É alguém que amadureceu forçosamente em duas horas. Alguém que envelheceu num trajeto de oito quilômetros. Alguém que passa, pela primeira vez a se sentir só. Alguém que chora de medo do desamparo e da falta de proteção. Aquela proteção que só um amigo de verdade pode dar.
Dois dias se passaram, a tristeza continua.
Dois dias se passaram e agora entendo o vazio que sempre trouxe na alma.
Dois dias se passaram e agora descubro o lado bom disso:
                         
                         Sou livre!
                         Sou livre para circular por todas as rodas, todos os clubes, todos os grupos por onde eu queira. 


quarta-feira, 3 de abril de 2013

Degustando Hitchcock

Arquivo Pessoal - CRIS MACCARONE




O nome dela remete a comida: Cristine Macarrone.

Publicitária – estudamos juntas na Cásper Líbero nos idos dos 80 – resolveu, depois de anos como diretora de arte, estudar gastronomia.
Uniu os conhecimentos e foi dar aulas de marketing em gastronomia.
Fez mestrado em comunicação, e a linha de pesquisa foi “a comida como objeto de comunicação”. Por ser assunto bastante extenso, focou a pesquisa no cinema e percebendo que ainda assim enlouqueceria, fez um recorte na obra de Alfred Hitchcock.

Que sorte a nossa. A pesquisa que começou pelo filme Frenesi (1972) deu à Cris munição suficiente para criar o blog “Degustando Hitchcock”.




O blog, lançado em Janeiro desse ano, vai nos contar a história dos 52 filmes do diretor em 52 semanas. “... todos tem alguma referência alimentar com maior ou menor função narrativa.”, diz a autora.
Todas os pratos que aparecem em cena são pesquisados e preparados antes da publicação  “...Quanto o prato não é citado, eu tento identifica-lo pelo aspecto visual  levando em conta o local onde se passa a história. Hitch, nesse quesito, sempre foi coerente. Quando não tem um prato mas só um alimento, eu faço uma receita com aquele ingrediente. Por exemplo, no filme Jogo Sujo a personagem aparece comendo maçã. Só. Eu fiz crumble de maça que é uma receita da Inglaterra onde se passa a trama.”

Cris já tem planos para o segundo semestre: Sessões de cinema com filme como: Janela Indiscreta, Psicose e Os Pássaros, seguidas de jantar com os pratos referenciados pelo diretor.

O blog tem uma versão em espanhol - Saboreando a Hitchcock-, e a autora aceita convites para comandar bate-papos com degustação.

Seguem os dois links:

Português:

Espanhol:

sexta-feira, 29 de março de 2013

Malhando o Judas.


Cena do filme A última tentação de Cristo 


Sempre achei curiosa essa coisa das datas comemorativas da Igreja Católica. Por exemplo: Cristo nasceu no dia 25 de Dezembro e morreu? Depende do ano, do carnaval, da quarta-feira de cinzas, do domingo de ramos... Depende de fazer conta. Esse ano morreu hoje, 29 de Março, ano passado foi em 06 de Abril.

Mais curioso ainda é o espírito, muitas vezes de porco – é verdade, que se instala nas almas pseudo cristãs. Todo mundo tem uma “reflexão” a fazer, um conselho pra dar, um desejo de que as pessoas melhorem. Mas veja bem: “pessoas”, não inclui necessariamente aquela que está desejando. Afinal, né gente, os outros sempre precisam mudar. A gente não!

As telas da TV se enchem de imagens do Cristo crucificado e as timelines de mensagens que parecem uma ameaça: “Você sempre quis alguém que morresse de amor por você, Ele morreu!” e tá lá o coitado do cara  pregado na cruz. Vichi. Desculpa ai. 

Atores esperam o ano todo para, nesse dia, viver a tormenta do salvador. Senhoras choram durante a via- crúcis  na esperança de que seus pecados sejam perdoados naquele momento. Depois saem de lá e sentam em cadeiras na calçada para falar mal da vida alheia.

Não sou católica apesar de batizada e crismada. Não sou espírita apesar de acreditar em reencarnação, não sou evangélica e desses aí não carrego nada. Também não sou ateia nem agnóstica. Creio e isso me basta.
Penso em Jesus Cristo como um homem da história da humanidade que teve destaque. Mais político que religioso. Alguém esperto, grande marqueteiro. Não acredito nas palavras da bíblia. Ninguém na face da terra teve, tem ou terá memória  para escrever com precisão 70 anos depois dos fatos ocorridos. E depois, a quantidade de alterações sofridas ao longo desses 1943 anos de acordo com a conveniência de cada papa é de tirar a fé de qualquer um.

Textos elaboradíssimos falam da necessidade de se amar o Cristo e viver sob seu exemplo, criticando sem dó aqueles que não pensam ou agem assim. Certamente essas palavras são escritas com total influência do Alzheimer porque não é possível tamanha cara de pau.
E mais, queria saber de onde tiraram essa história de que o coitado morreu por nós. Ele morreu porque tiveram medo de perder o poder para alguém mais sedutor e persuasivo. Só isso! Morreu porque naquela época era assim que as coisas eram conduzidas. Dizer que morreu para perdoar os pecados do mundo é tão sem sentido. Inclusive é só dar uma olhadinha em volta e ver o tanto que funcionou !

Enfim, o bom disso tudo é comer bacalhau, encontrar a família e dar muita risada. O resto é comércio, manipulação de massa e blablabla.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Não quero ser Grossa com você !!!



Não sou exatamente um modelo de delicadeza. Aliás, nunca fui. A vida toda ouvi minha mãe dizendo:
-“Nossa Christiane, você precisa ser mais delicada”.
E meu pai, que tinha menos tolerância:
- “Você é truculenta, Christiane”.
Sempre fui de falar meio alto , rir muito alto, pisar pesado, ter pouca paciência. Na adolescência então, era quase um Ogro. A maturidade me deixou menos pior, mas ainda assim não tenho nada de Lady Di, aliás graças a Deus, porque ohh coisinha sem vida, né? Ops!
A primeira e única vez que ouvi uma pessoa dizer num amigo secreto:
- “Ela é uma pessoa delicada”, olhei pra trás procurando de quem ela estava falando.
Naquele dia cheguei até a achar que havia esperança pra mim. Sei lá, sabe acho que posso ser, digamos: fofa!
Ontem completei incríveis 49 anos. Vichi !!! Ano que vem faço questão de estrear em “Cinquentinhas” rs
Enfim, recebi várias mensagens, sms’s, telefonemas, publicação em revista de mega circulação na city e uma homenagem num programa de televisão aqui do fazendão.
E foi nesse programa, O Holofote – Canal 20 da Net, que meu querido Kiko Magrini me fez lembrar de uma história que virou piada interna:
Em 2003 produzia um programa na TV Thati que exigia de mim além de um enorme preparo físico, uma grande dose de paciência.
Era um programa de calouros e a falta de equipamentos da emissora me fazia correr pelo corredor entre o estúdio e a suíte dezenas de vezes a cada sábado.
Certa vez, numa final da competição, o estúdio estava lotado de gente – precisamos montar um telão fora para atender todos os espectadores – e eu pedi para deixarem um corredor de acesso entre as cadeiras para que eu pudesse ir mais rápido de um lugar ao outro.
Aos poucos, porém,  o corredor foi tomado por pessoas sentadas no chão e eu tinha que pular por cima delas para alcançar meu objetivo. Isso com o programa ao vivo, rolando...
Pedi umas três vezes para liberarem o espaço e o coitado do Kiko pagava o pato, porque era dele que eu cobrava a providência.
Lá pelas tantas, de saco absolutamente cheio eu parei no meio da plateia e falei:
- Eu não quero ser GROOOOOSSSSA com vocês, mas, por favor, liberem esse espaço AGORAAAAA !!!
Conclusão, a apresentadora do programa até hoje quando fala de mim pras pessoas diz:
- A Chris é muito rígida quando trabalha – forma delicada dela de dizer que sou grossa!!!
E, claro, virei piada do Kiko que todas as vezes que me encontra diz:
- Chris Carolo, eu não quero ser grooossso com você, mas....
Sempre caímos na risada. 
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