Sobre o Conteúdo do Blog

Blog de histórias reais e de ficção.
Um lugar para expor opiniões que provoquem dor ou delícia!
Qualquer semelhança com histórias ou comportamentos reais poderá ter sido mera coincidência. Ou não!



sexta-feira, 9 de março de 2012

Diário de Viagem - Capítulo 04


Dia 03 –  Portenho não é Tarzan, nem surdo !!

Algumas coisas precisam ser ditas:

Dica 01- Café da manhã em hotel na Argentina não é, nem de perto, igual aos nossos, aqui no Brasil. Tudo é muito doce e totalmente sem sal (sobre isso conto mais detalhes depois).
Descemos para o café, ligamos para Stella Maris – sim, nossa receptiva em Buenos Aires chamava-se Stella Maris. Esperamos por ela e resolvemos a questão reserva=quarto com camas de solteiro e a última noite pendente. Com a transferência da ida, a volta também foi alterada.
Tudo resolvido, saímos a pé pela cidade.

Dica 02: Se puder fique na Recoleta. O bairro por si já vale a viagem. Tudo é lindo, as ruas, os prédios,
os cafés, as pessoas, as banquinhas que vendem flores no meio do calçadão.


Buenos Aires é um museu a céu aberto. A cada esquina um prédio espetacular nos dá uma lição de preservação da história.
Os ônibus são sensacionais, todos com pinturas muito coloridas que lembram e muito, aquelas placas que anunciavam a chegada dos circos à cidade.

Foto Google.

Os portenhos são sim gentis com os brasileiros. Eles nos trataram muito bem. Alguns são secos, como a mocinha que nos atendeu na farmácia:
- Buenos Dias (ó eu arriscando o portunhol). Você entende português?
Ela balançou a mão e a cabeça ao mesmo tempo sugerindo um “mais ou menos”.
Por alguns segundos, me lembrei da experiência com os indianos em Janeiro de 2011 e parti para um portunhol misturado com mímica – aliás, sou ótima em mímica. Meu marido e eu raramente perdemos no jogo com amigos.
- Preciso de um hidratante - ela entendeu bem e perguntou se eu tinha preferência por marca – eu entendi a pergunta e respondi que não.
Ela me levou até uma gôndola e me mostrou as opções, apontando.  Escolhi um Nívea , a única marca que eu conhecia.
Ai veio o drama: Precisava de caixinhas de lentes de contato.
Dou risada só de lembrar.
Depois de alguma fala e muita mímica ela disse:
- Ahh, você quer um “ISTURJIO” ? (não faço ideia de como se escreve, juro que procurei no google tradutor, mas nem o coitado achou algo parecido.
Agora escrito me parece óbvio, mas com o sotaque e as outras palavras juntas me pareceu Grego !!
Eu olhei pra mulher e disse:
-Preciso ver se é.
E aí, ela queria me explicar que a caixinha não era vendida separadamente, só com o líquido que conserva as lentes.
Ohh meu San Martin, de que diabos hablas essa mujer???
Surge aí, uma figura simpática que pacientemente, através de gestos e portunhol, me explicou o que se tratava.
ISTUJUUU.... sim sim, claro: estojo !!! Dããããã... a loira!
Estojo e hidrante em mãos, continuamos nosso passeio pelas ruas e avenidas de Buenos Aires.
É muito boa a sensação de parar no meio da 9 de julho e enxergar o obelisco, aquele famoso dos cartões postais. Que avenida espetacular – 140 metros de largura, com edifícios e monumentos importantes, jardins, fontes...  maravilhosa!

Avenida 9 de julho. LINDA !!!
Chegamos a Praça de San Martin sem querer. Muita gente diferente, convivendo naquele espaço, que lógico, é muito bonito.
Chamou a atenção a falta de higiene de um senhor, que sentado aos pés da estátua do libertador, comia tranquilamente seu lanche ao lado de um monte de coco de cachorro – eu achei que era de gente, mas deve ter sido só uma impressão minha.
Precisávamos voltar ao Hotel as 14h30 – horário do City Tour que optamos por fazer para ter um noção do todo, digamos assim.

Dica 03: Cuidado com os pacotes que os receptivos oferecem.
Enquanto esperávamos a Van do City a Stella Maris nos vendeu 2 pacotes:
01 para o TANGO – programa obrigatório
01 para o TIGRE – imperdível.
Detalhe: há outras formas de fazê-los com grande economia, mas a gente só descobre depois.
O City tour é básico, né gente? Se fosse espetacular a gente teria que pagar por ele.  A ideia é mesmo dar uma geral e escolher onde quer voltar com mais calma. Foi isso que fizemos.
A guia, muy simpática, falava bem o portunhol e era muito respeitosa com todos. Massss como todo guia sempre querendo levar o por fora. Entramos na Van e fomos agraciados com um adesivo rosa choque que deveríamos usar durante todo o percurso e principalmente nas paradas estratégicas para o consumo nas lojas indicadas por ela.
Estratégia para não ficar muito na cara o seu papel de turista: esconder o "tardoadesivo" durante as descidas.
A cidade é linda, como disse antes, vale o tour. Mas se puderem façam no ônibus que sai da
Florida com a Diagonal Norte. Não conseguimos fazer porque deixamos para o último dia e chegamos à conclusão de que não valia a pena.
Custa 70 pesos e você pode descer quantas vezes quiser nos pontos turísticos e esperar o próximo, por exemplo.
Foto Google

Passamos pela Recoleta, Palermo, Centro, Praça de Maio - Casa Rosada , La Boca - Estádio do Boca e Caminito, Puerto Madero, e várias avenidas da cidade.
Duas paradas: Praça de Maio e Caminito. Na praça demos a maior sorte, conseguimos ver as mães da praça (que protestam desde 1983 pelos filhos desaparecidos na ditadura militar) e que se reúnem só as quintas-feiras. Ficamos impressionados. Elas andam em volta da Pirâmide de Mayo sem parar, algumas em silêncio absoluto, carregando a foto do filho com uma expressão tão carregada, que parece que tudo aconteceu semana passada. 

Me impressionou muito !!!!

A casa Rosada é rosada mesmo e muito sem graça. A noite é bem melhor, tem um sistema de iluminação que a deixa espetacular.

Foto Google
No Caminito ficamos encantados com o colorido e a alegria. Decidimos voltar no dia seguinte.
Não compramos nada. Não viajamos com essa intensão. Enquanto os colegas de Van compravam, nós andávamos pelos lugares, conversando com pessoas e procurando entender mais do modo de vida do portenho.
Conversamos com muita gente e aqui fica a

Dica 04: Fale devagar, eles entendem. Não precisa trata-los como Tarzan:
- Eu querer  telefone casa Brasil.
Nem como surtos:
_EUUUU QUEROOO TELEFONEEE para BRASIIILLL.
Frases como: “ Hable um poco más despássio, por favor.” , “Me entende usted?” , Cómo se disse eso em espanhol?”  são valiosas.
(continua)

segunda-feira, 5 de março de 2012

Diário de Viagem - Capítulo 03


Dia 02 (noite) – Nem todas as sacadas são reais!!

Fila, na nossa frente pessoas com passaporte na mão. A sensação de estar com um RG velho e um papel preenchido no avião era de total desconforto. Meu marido:
- Amor, quando indicarem a cabine, vamos juntos, ok?
E assim fizemos. Conforme combinado entreguei meus documentos primeiro – caso fosse deportada, ele entregaria a CNH e diria não ter outro documento para ser deportado também.
Um mocinho simpático disse:
- Holla!
Olhou pra mim, pro RG preencheu uma infinidade de lacunas no impresso estampado na tela do computador, me devolveu tudo e pegou os documentos do Jeff.
Passamos !!!
Quando me vi fora do aeroporto, tive uma vontade inacreditável de chorar. Fiz questão de uma foto – Da saída de casa, na terça-feira até a entrada em Buenos Aires foram 32horas.

Gentilmente tirada pelo motorista de táxi portenho!

Claro que perdemos o direito ao transfer  e pagamos 140 pesos – equivalente a R$ 60,00 de táxi até o hotel.
Motorista simpático – calado, mas simpático. Parou primeiro no hotel errado, o nosso era 3 quarteirões a frente.
Descemos - Impala Hotel. Na Rua da Libertad, bairro da Recoleta.


Recepção:
-Holla, você fala português?
-Sim, entendo (portunhol básico).
- Temos uma reserva.
-Nome?
-Christiane e Jefferson
Procura... procura... procura... procura... procura!
-Sua reserva foi cancelada !!!!
- Heimmmmmmmmmmmmmmmm???????????????????????
-Si ! Como os seniõres não chegaaamm ontem, e ninguém avisou, cancelamos su reserva.
-E agora?
-Vou arrumar um quarto para vocês e manhãna  ligamos para agente de viagens.
- ok!
Nos levaram para um quarto pequeno, com duas camas de solteiro e incrível cheiro de mata-baratas!
Nessa altura, tudo estava maravilhoso. Depois do que passamos isso era fichinha.
Pedimos uma sugestão para jantar, nos indicaram um charmoso restaurante bem na esquina do Hotel. Aceitamos a sugestão e foi delicioso. Fomos super bem recebidos pelo Carlos, garçom com rara vocação para a função.
Tomamos cerveja Quilmes e comemos um salmão delicioso. Ok !! Argentina é sinônimo de carne, mas nessa altura passava das onze da noite e quisemos algo de leve digestão.
De volta ao hotel, me dei conta de que na foto interna do quarto que está na internet o quarto tem sacada!!!
Só na foto da internet.
Dormimos bem, apesar das camas separadas!
(continua)

sexta-feira, 2 de março de 2012

Diário de Viagem - Capítulo 02


Dia 02 – O dia que vi o espectro de Murphy praticamente materializado ao meu lado !!!!

Saímos do aeroporto passados. Sentamos a espera de uma Van que nos levaria a um Hotel próximo dali. Qualquer hotel, qualquer lugar.
Eram 3h30 da manhã, estávamos vivendo o stress há 13 horas. Uma cama, café da manhã, banho - não necessariamente nessa ordem – era o que precisávamos.
Mônaco foi o escolhido. O melhor? Nãoooo o único que apareceu em 20 minutos de espera.
Bom o hotel, recomendo.
Banho, sono agitado. Depois do café da manhã às 9hs voltamos pro quarto e dormimos até meio dia.
As 13h30 estávamos de volta à van. Sentadinhos, quase nos permitindo um sorriso de alegria, meu marido diz:
- Dá meu RG.
- Não tá comigo.
- Tá sim, deixei com você ontem.
Revirei a bolsa. NADA.
Revirei de novo a bolsa. NADA.
Revirei, revirei, revirei... mais uma vez e a Van chegou ao aeroporto.
Desci tensa.
Entramos e seguimos rumo as cadeiras da Asa A – perto da porta onde a Van parou.
Aliás, se tratando de Cumbica, é bom que lembrem: Cadeira é objeto de luxo. Poucas e mal localizadas.
Jeff procurou o RG em todos os bolsos, na mala dele e pediu minha bolsa:
- Tá ai sim, você não procurou direito.
Sentei ao lado dele, totalmente entregue, já imaginando a tristeza de pagar por uma viagem que não iríamos fazer.
Ele tirou o organizador de bolsas e vasculhou cada pedacinho. Abriu 234 vezes minha carteira, chacoalhou a coitada da bolsa no chão. NADA!
Abri minha mala, tirei as roupas de dentro – consegue imaginar a cena? Abri a bolsa de sapatos, tirei tudo de dentro. NADA!
As lágrimas escorriam discretamente pelos cantos dos meus olhos. Meu marido disse:
- Vou até a Polícia Federal, devo ter esquecido lá, ontem quando fui mostrar o seu RG.
Eram 14h30 e nesse momento juro que vi, um espectro ao meu lado. Provavelmente Murphy rindo da minha desgraça.
Ele voltou 20 minutos depois, pálido! Gelei!!!
- Tá aqui. E mostrou o documento. Agora você não vai acreditar: Não estava na polícia, nem no achados e perdidos. Estava dentro do bolso da camisa.
Murphy tem parceria com duendes. Certeza!
- Amor, vamos agora mesmo, fazer o check in antes que mais alguma coisa desapareça.
Andamos pelos 435 kilometros que separam a ASA A da D e paramos no guichê da companhia.
- Boa tarde, dona Christiane!!
Caí na risada e falei:
- Vichi, fiquei famosa.
Entrei os RGS, os vouchers e o espectro de Murphy perdeu parte da força. Alívio parcial. A fala da supervisora da Qatar ecoava em meu ouvido:
- “ Ela embarca, mas não posso garantir que entre na Argentina” .
Passamos pelas etapas pré-embarque. Eu ainda tensa. Vaique!!
Paramos no free shop. Olhamos, olhamos, olhamos, esbarramos num perfume, caiu no chão, quebrou, olhamos em volta, esperamos alguém vir ao nosso encontro.
- Ai Murphy, seu cretino !! Só me faltava essa. U$280 o preço do cheiroso.  Continuamos na loja por mais 10 minutos e ninguém apareceu.
Tá!! A gente devia ter procurado um vendedor pra pagar pelo perfume. Será? Não tenho certeza se a culpa dele ter caído foi exatamente nossa. Murphy, duendes, má colocação na gôndola. Né?
Saímos, sentamos em frente ao portão de embarque. Portão 06.
Uma hora depois, uma voz:
- Atenção passageiros da Qatar Airwais, com destino a Buenos Aires, embarque alterado para o portão 04.
Descemos. Descemos mesmo. Íamos embarcar pelo finger – aquele túnel que leva a gente direto pra dentro do avião. Acabamos embarcando de ônibus- aquele meio de transporte que fede, nunca cabe todo mundo e chacoalha muito!

A aeronave. 

A aeronave da Qatar é um espetáculo.  Coisa de árabe mesmo, monitores individuais, mais de 200 opções de filmes, muitas opções de programas de TV, jogos, música. Coidilocu.
A empresa só está atrasada com relação a alimentação. Não chegaram ainda na era do amendoim, barrinha de cereal e suco de laranja. Eles ainda servem comida, gente! Juro, com opções no cardápio. Verdade!
E o bicho levantou voo. Assisti Atividade Paranormal 3. Foi a única coisa que me pareceu viável em inglês com legendas em árabe.
Chegamos a Buenos Aires por volta de 23h00 – horário de Brasília. Lá eram 22h00.
Saímos pelo finger, pegamos as malas e seguimos direto para imigração. MEDO!
- “ Ela embarca, mas não posso garantir que entre na Argentina” .  maldita supervisora, maldito Murphy, malditos duendes....
(continua)

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Diário de Viagem - capítulo 01





Começou quando meu marido contou que não ia dar aula na semana do Carnaval e eu disse que ia trabalhar no sábado, domingo e segunda da mesma semana.
- Hum, peraí !!! Vai ser a única oportunidade que teremos até julho, pelo menos, de estarmos juntos por 6 dias em algum lugar legal, longe de tudo, tipo Lua de Mel ? E melhor, depois do Carnaval – os preços são melhores !
- Yes !  Então bóra fazer alguma coisa.
Liguei para a minha prima Carla, que tem uma agência de Viagens e pedi sugestões de pacotes. De Buenos Aires a Natal, passando por Bonito. Algumas outras ideias surgiram mas acabamos optando por Buenos Aires.
Putz, finalmente vou conhecer a tão falada cidade!! Mal sabia eu o que me esperava.

Dia 01, ou o dia que Murphy resolveu que vinha com a gente!!

Aeroporto Leite Lopes, 12h30. Embarcamos pela TAM (presente da minha amada mãe) rumo a Congonhas. Tudo certo: Suquinho, bolacha tipo Clube Social e 40 minutos depois estávamos em Sampa. A TAM tem um serviço gratuito e bem legal que te leva pra Cumbica. Feriadão, cidade vazia, 30 minutos e bingo: Lá estava o aeroporto bem na nossa frente. Não eram nem 3 da tarde quando sentamos num bar perto da ASA B para fazer hora. Horário do vôo 18h45, horário do Check-in 16h45.
Comemos, tomamos UM chopp cada um, esperamos por alguns minutos na esperança de um show pornô (um lugar que vende um chopp a R$ 14,40 só pode oferecer outros serviços, né?), pagamos a conta sem que nada de anormal acontecesse e seguimos rumo ao painel de informações para ver em que ASA ficava a companhia Qatar Airwais.
Nenhuma informação. Só constava: Check in. Ok !! Vamos esperar, no horário vai aparecer a informação.
Incomodados com as malas, resolvemos perguntar onde ficava a companhia. O primeiro SER da Infraero disse que era na B (nessa altura, estávamos na C). Ok !! Vamos voltar. Lá chegando, NADA. Perguntamos ao segundo SER igualmente vestido de louro José e ele disse:
- Aqui nããããooooo !!! É na D... D de da - do.
Nesse momento senti que talvez Murphy estivesse nos acompanhando.
Voltamos pelos 423 kilômetros que separam as malditas das Asas e achamos a companhia. Bilhetes na mão, habilitação idem. Sorridentes, paramos em frente a mocinha e entregamos todos os papéis. Ela sem cerimônia e bem sorridente também disse:
- Preciso do RG de vocês.
Olhamos um para cara do outro e falamos ao mesmo tempo:  - Não trouxe o meu RG !
- Moça, não temos o RG.
- Carta de habilitação só vale em território nacional
-Como assim ????
-É pra embarcar só passaporte ou RG. A senhora não pode pedir para um moto táxi trazer?
-Bemmm, cê não tá entendendo, moramos em Ribeirão Preto, 320 km daqui.
- Não tem jeito. Só com RG
Pânico absurdo. Sem RG nada feito.
Liguei para minha prima:
- Carla, pelo amordedeusssss.... o que vou fazer?
- Transferência de voo. Mas só para amanhã, SE tiver lugar.
Liguei para minha filha em Ribeirão:
- Marcella, vasculha meu quarto e pega o meu RG e o do Jeff e leva pro Aeroporto. Detalhe: Eu não fazia ideia de onde estava meu RG novo. Só sabia localizar o meu de 1982.
Marcella chegou no aeroporto, e o voo da Tam que possibilitaria nosso embarque ainda no mesmo voo da Qatar já tinha decolado. O próximo era da Passaredo, as 21hs. Conclusão: Perdemos mesmo o voo.
Procuramos a companhia, pagamos a diferença para o embarque no dia seguinte e ficamos aguardando os RG’s que seriam entregues no check in da Passaredo as 22hs.
Inconformada!!! Não sabia se chorava se ria ou se dançava um tango pra entrar no clima.
Documentos entregues. A moça da Passaredo diz:
- Com esse RG você não vai conseguir embarcar.
- Por quê?
- Documento tem que ter no máximo 10 anos. (meu RG tem só 30).
- Cê tá brincando?
- Não, mas você pode tentar !!!
Procuramos a companhia que estava fechada e só reabriria às 3hs da manhã;
Meu marido resolveu ir até a Polícia Federal  perguntar e o policial disse que com aquele documento eu até poderia embarcar, mas seria deportada assim que chegasse ao aeroporto em Buenos Aires.
- Não deixe sua mulher passar por esse constrangimento, disse o previdente policial.
Nessa altura eram 23h25.
Resolvi que ia voltar pra Ribeirão de ônibus para procurar meu RG novo. Sei lá, quem sabe !! Não fazia ideia de onde ele poderia estar.
- Talvez não tenham me devolvido quando fizeram meu registro no trabalho, pensei.
Comprei a passagem de ônibus que leva de Cumbica ao Tiete. Lá pretendia  pegar o último ônibus para Ribeirão a 1h, chegar as 5hs procurar exaustivamente em casa. As 12 (caso não achasse) iria até a Secretaria procurar por lá, e com sorte e RG na mão talvez conseguisse pegar o voo das 13h30 da Tam, para chegar em Cumbica de volta as 16h45 para me apresentar para o novo embarque. Jeff ficaria em Cumbica a minha espera.
A sala mal  iluminada, a cara da moça do guichê, a preocupação do meu marido em me deixar ir sozinha, me deixaram desolada!!
Ai, recebi um SMS da minha filha dizendo que eu ia SIM conseguir embarcar com o RG. Ela tinha entrado num fórum e lá várias pessoas diziam que tinham viajado com RG’s antigos.
Olhei para o Jeff e falei:
- Amor, pensa comigo: Vou até Ribeirão, chego lá e não encontro o RG. Já pensou? A gente vai perder tudo. De verdade, não tenho segurança de que vou encontra-lo. Acho que podemos arriscar.
- Tem razão. Vamos esperar o pessoal da Qatar abrir o Check in para Doha e a gente vê o que acontece.
Vendi a passagem para o Tiete e subimos para a ASA D. Sentamos naquelas cadeiras desconfortáveis. Tensos, com frio, com fome, com uma frustração que não tinha tamanho.
Ao nosso lado, um casal apaixonado: Ela deitada no colo dele enrolada na bandeira do Brasil. Ele cantando romanticamente, a princípio baixo no ouvido dela e 5 minutos depois, empolgado para todos compartilharem da alegria deles.
Não demorou muito para a trilha sonora passar de Portenhabrega – SIM !!! ele cantava em castelhano - para um Hip Hop chato, mala, contêiner, cantado “ se é que isso é cantar” em alto e bom som.
Meia hora depois, resolvemos caminhar! Descobrimos no andar de cima um lugar quente.
As 2h45 descobrimos que a Qatar estava aberta. Descemos. Coração na mão! Peguei o RG e o Voucher e cheguei no guichê:
- Moço, bom dia! Você acha que terei problemas para embarcar amanhã, para Buenos Aires, com esse RG?
Ele olhou pra mim e para o documento e disse:
- De jeito nenhum!! Tá em bom estado e fica claro que é a senhora.
Alívioooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo
- Em todo caso, vou chamar minha supervisora.
Tensão!!!
- Raquel, essa senhora quer saber se esse RG será aceito amanhã no embarque para Buenos Aires.
-Sim, sem problema!
Alivioooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo
- Obrigada, Obrigada... acho que vou te dar um beijo. A empolgada aqui falou!
Na saída, passando pelas cordinhas, ela diz pro meu marido:
- Ela embarca, mas não posso garantir que entre na Argentina.
Tóimm tóimm tóimm tóimm tóimm
(continua)
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