Sobre o Conteúdo do Blog

Blog de histórias reais e de ficção.
Um lugar para expor opiniões que provoquem dor ou delícia!
Qualquer semelhança com histórias ou comportamentos reais poderá ter sido mera coincidência. Ou não!



terça-feira, 27 de novembro de 2012

Corações Inteiros



Numa manhã ensolarada, há alguns anos atrás, fui surpreendida por um arranjo maravilhoso de flores entregue na minha sala, lá no Moura Lacerda.
Nele, um envelope com meu nome e a letra que fez meu coração disparar de emoção.
Dentro dele o poema.

Hoje, mexendo na minha caixa de lembranças da nossa história, resolvi reler e mais uma vez me emocionei!
Compartilho com você o motivo da minha emoção e da minha felicidade.


CORAÇÕES INTEIROS

Meu coração nasceu quebrado,
Jogado em cacos pelo mundo,
Em mil pedaços pulsando por você.
Vivi vazio, sem sentido,
Procurando em outros braços:
"Quem roubou cada fatia do meu coração?"

Para me tornar inteiro,
Não amei quem roubava o que era meu
Amei encontrar você ao achar cada parte
Do meu coração dividido,
Em outras bocas,
Em outros becos,
Em outros barcos.

Doeu, demorou, cansou:
Resgatei meu coração.

Agora que colei cada pedaço
Você me mostrou em seu peito
Marcas de um coração também partido
E com bravura terna já colado.
Você me mostrou em seu peito
Que mesmo em pedaços e desde sempre
Seu coração batia por mim.

Abriu um sorriso de verdade,
Olhou em meus olhos sem disfarce.
Mas não pediu de meu coração nenhum pedaço.
Mas não me ofereceu de seu coração nenhum pedaço.

O coração não pode ser    dividido,
                                         quebrado,
                                         partido.

O coração não é presente, não se dá.
Tenho um coração inteiro e todo meu,
Batendo como sempre bateu,
Batendo só para amar você.

Meu coração está inteiro,
E é assim que eu te amo.
Seu coração está inteiro:
Estou aqui, peito aberto,
Vem me amar!

To ILY from ILY SM .... 2008 and forever.

E somos felizes assim, com nossos corações inteiros, plenos de afinidade e companheirismo.

Minha inspiração para a tattoo

By  Paulo DermoGraphic  em 07 dez 12


segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Desfile na areia.

Praia da Concha - Itacaré BA

Itacaré é uma cidade feia com praias lindas. Pequena, suja e com o maior número de desocupados por metro quadrado que já tive oportunidade de ver. São, em sua maioria, homens jovens, fortes, saudáveis. A população é em sua maioria masculina.

No dia seguinte a nossa chegada, pela manhã, resolvemos caminhar por toda a extensão da praia da Concha antes de escolhermos em qual dos quiosques ficaríamos. São várias opções dos mais variados tipos. Os barraqueiros vêm nos abordar ao longo do caminho como se fossemos a salvação da sua lavoura. Chega a ser constrangedor.
Optamos por uma barraca super bonitinha, ultra limpa e com atendentes simpáticos. Robson foi o nosso garçom amigo durante os dias que lá passamos.
Devidamente instalados, pés na areia, visão espetacular de um mar hora verde esmeralda, hora azul, começou o desfile.
Desfile de pessoas vendendo bijuterias, cangas, pinturas, doces, castanhas, oferecendo sua arte, oferendo tatuagens de rena, oferecendo massagem. É massagem! A pobre moça, magra, visivelmente viciada em crack, oferecia para massagear nossos pés em troca de algum dinheiro. Uma judiação.
Hippies aos quilos vendendo mais do mesmo. Arames e cordas traçados em formatos pouco criativos. No meio deles um oásis: Nicholas. Um argentino que se apaixonou por uma gaúcha.  Juntos resolveram viver na Bahia. Todos os dias, batíamos um papo em portunhol, hora na praia, hora na cidade, na banquinha dele. Uma das doces lembranças de pessoas que lá conhecemos. O Robson, garçom amigo é outra.
No meio disso tudo meninos. Vários, quase iguais. Todos oferecendo a “sua arte”. E o que eles chamam de arte, sem querer menosprezar, nada mais é do que um peixe ou uma flor trançada em vegetação. Como aquele cara do semáforo que faz gafanhotos.
No primeiro dia ele chegou e junto dele outro, mais risonho. Encostou do meu lado e falou baixo, bem baixo:
- Dona, posso te mostrar minha arte?
- Pode. O que você faz?
-Faço peixe com essa planta aqui.
-E quanto custa?
-Quanto a senhora quiser pagar.
Depois de alguns minutos trançando me entregou um peixe bonitinho.  O “quanto a senhora quiser dar” é uma grande mentira, porque ficou absolutamente irritado com os R$ 5,00 que dei.
Enquanto trabalhava perguntei o nome dele: Enilson, ele disse.
Meu marido disse que ele parecia o Felipe – goleiro do Flamengo. E não é que parecia mesmo?!
Ele fechou ainda mais a cara. E disse num tom bem próximo ao grosseiro:
- Que Felipe que nada!
Entendemos aquilo como um “não torcedor do flamengo” meio bravo com a comparação.
No dia seguinte, mesma barraca, mesma mesa passou Enilson:
- Oi Dona, posso mostrar minha arte?
- Você me mostrou ontem. Comprei um peixe;
Ele em tom muito desconfiado:
- Onde?
- Aqui mesmo, sei até o seu nome.
E ele em tom desafiador:
- Sabe nada... como é então?
- Enilson
Saiu sem dizer palavra, pisando duro.
Dois dias depois, mesma barraca, mesma mesa, passa Enilson:
- Posso mostrar minha arte?
- Já conheço Enilson, comprei um peixe, lembra?
Meu marido:
- É chamei você de Felipe.
Saiu pisando duro de novo resmungando:
- Que Felipe que nada !!!
Mais dois dias, mesma barraca, mesma mesa, passa Enilson:
- Dona, posso mostrar minha arte?
- Ahhhh moleque, você tá de gozação comigo, né?
Saiu rindo, com um ar irônico.
Como ele outros apareceram. Nem tão dissimulados, mas com olhar igualmente triste, com a mesma raiva na voz e conversas muito agressivas.
- Não gosto dele – disse Maurício sobre Enilson – Se mexer comigo vai levar facada.
Durante a semana que passamos lá desenvolvemos algumas teorias pra essa realidade, mas uma me fez pensar:
A cidade cresceu e trouxe o turismo. Com ele pessoas diferentes com poder aquisitivo muito maior que o deles. Esse contato despertou a cobiça e a falta de possibilidades a inveja.  A inveja gera agressividade.
Itacaré é uma cidade feia, com gente desocupada, mas de beleza natural impressionante. Mesmo diante disso tudo valeu a pena conhecer.
Jorge Amado, se vivo estivesse, em visita à cidade não mais escreveria Os Capitães da Areia, os meninos de Itacaré são no máximo Sargentos da Areia. E olhe lá!!!!

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Toma paquetá !

Rua Pituba - Itacaré - BA

Domingo, 07 de Outubro chegamos a Itacaré. A maratona começou bem cedo. Votação, estrada, aeroporto, estrada de asfalto, estrada de terra e pousada. Deliciosa – super recomendo. Devidamente instalados saímos pra conhecer a cidade e comer alguma coisa, a pé.
A maioria dos restaurantes da rua mais movimentada da cidade, a Pituba, está fechada. Sentamos num bem simpático.  Ao lado um casal gringo. Ela cheia de amor pra dar e ele a fim de nada. Depois de uns 20 minutos chega o esbaforido garçom e nos aborda com peculiar frase:
- Vieram pra comer? Nossa, todo mundo resolveu comer hoje!!!!
Jeff deu risada e disse:
- Que bom, né? Sinal de faturamento.
E ele:
- Bom nada. Tô sozinho, vô dá conta não.
Pedimos uma cerveja - juro que pretendíamos ficar- e somos surpreendidos por uma comemoração que há tempos não presenciava.
Embalada pela música Toma paquetá  a * “nação grapiúna” vem descendo a ladeira.


Homens, mulheres, crianças, idosos. A pé, em caminhões, carros, motos e bicicletas. Todos em estado absoluto de êxtase comemoram a vitória de Jarbas 40 – o vice é Cau.
Uma procissão. Música cantada como um mantra e surge lá em cima, nos braços do povo, o prefeito eleito. Devidamente comemorado, tocado na caninha e sorridente!


Como numa benção divina a chuva cai forte, lavando a alma daquele povo e zerando as pingas tomadas. Jarbas tenta, em vão, limpar as lentes dos óculos enquanto mentalmente contabiliza os 4.897 votos que teve.
Na confusão a moça perde o chinelo. Não um pé, o par todo. Branco, praticamente novo ali boiando rente ao meio fio.
O garçom nunca mais apareceu. O casal sumiu.
Pagamos a cerveja no caixa e saímos à procura de um lugar que tivesse comida e gente pra servir.

Percorremos a rua quase toda e optamos por um simpático com garçonete sorridente.
Peço salada, Jeff massa. Desastre gastronômico.
Peço Caipirinha de Maracujá, feita com saque – juro que está no cardápio – Desastre etílico.
Pedimos a conta. Desastre financeiro, para o restaurante. Não é possível que seja tão barato.
Tentamos sair, mas eis que ressurge Jarbas 40 – o vice é Cau - e sua trupe na rua estreita de mão dupla.
“Tá com dor de cabeça? tá com dor de coluna?
Tá com dor de barriga? tá com dor nas perna?
Toma paquetá,  
Toma paquetá,
Toma paquetá, que você vai milhorá ”
É, só paquetá salva !!!
"Toma paquetá"


*Forma como Jorge Amado chamava a gente cativa desta terra.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Má referência.


Tenho um cunhado santista. Até aí nada de errado. O grande problema é que meu sobrinho recém nascido, o Bernardo, será santista como o pai.


Claro que eu farei um trabalho paralelo para mostrar a ele a real felicidade, tentando torná-lo corintiano, mas tenho plena consciência de que pouco vai adiantar.

Ai você vai me perguntar: Qual o problema do menino torcer pro time do pai?
Eu poderia responder “Nenhum”, mas vou responder: Neymar.

Neymar como referência de ídolo!
Não vou aqui, colocar em dúvida a sua capacidade de jogar bola porque entendo razoavelmente de futebol e sei que ele tem sim grande talento. O que me incomoda são a postura e o comportamento equivocados dele.

Uma criança não pode crescer acreditando que aquele cabelo é bacana, que a arrogância é legal, que voar coberto por mantinha Louis Vuitton é o máximo, que usar terno e boné em evento social é “da hora”!
Muito menos acreditar que o tema das dancinhas ridículas feitas em campo, é música de qualidade.

Explicar para aquele menino que cortou o cabelo como o dele, sonhando em ser jogador de sucesso um dia, que ser dissimulado não é uma atitude descente passa a ser tarefa árdua.

Orientar o adolescente que transar sem camisinha é perigoso nos faz caretas, afinal o grande Neymar teve um filho recentemente no alto dos seus 19 anos com uma menina de 17 e desfila com a criança com uma naturalidade que só é possível no mundo dele. Aqui, no nosso mundo, adolescente que engravida namorada, ou piriguete que seja, tem a vida modificada pra sempre. E na maioria das vezes essa mudança não é lá muito boa.

A mídia não separa o garoto Neymar do jogador, assim como nunca separou o homem de caráter duvidoso, do dito Rei do futebol. Tenho pavor do Pelé desde o dia que soube da sua recusa em reconhecer uma das filhas que teve fora do casamento. Tudo o que ela conseguiu dele foi um coroa de flores em nome das Empresas Pelé quando faleceu, de câncer de mama em 2006.
Claro que isso nunca interferiu na atuação do jogador em campo, mas tenho certeza, que esse comportamento nada ortodoxo acalmou a consciência de muitos homens que tiveram atitudes parecidas.
Ele era um ídolo e ídolos são imitados, sempre.

Meu sobrinho tem hoje, 24 dias. Ainda vai levar um tempo até que ele comece a ser influenciado por essas coisas, mas a carreira da “calopsita” vai longe e a tendência é que seu comportamento piore.
Ai eu pergunto: Como ficar tranquila diante dessa má referência?
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