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Blog de histórias reais e de ficção.
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Qualquer semelhança com histórias ou comportamentos reais poderá ter sido mera coincidência. Ou não!



terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Na iminência de um milagre eminente


Frio! O clima e o quarto onde ela aguardava pela família.
O sorriso dado a cada pessoa que entrava não conseguia esconder a tristeza dos seus olhos.
Porque outra vez? Como ela iria viver diante de tal mutilação?
Na chegada ao hospital, dois dias antes, tentou disfarçar durante a entrevista com a estudante de psicologia :
- Como você se sente sabendo que vai sair daqui sem um dos seios?
E a resposta foi daquelas pra contar o assunto:
- Tem outro jeito? O que não tem remédio...  – e citou o ditado que sempre ouvia da avó.
Não tinha exatamente noção do que estava por acontecer. Sua maior preocupação eram as sessões de quimioterapia que viriam. De novo! Mais seis. E de novo, sem cabelo, com enjôo e dor de pele.
O câncer de mama havia voltado um ano e meio depois da primeira intervenção cirúrgica.
Quando sentiu o nódulo estava de férias em Itaparica. Uma onda de frio, que começou no estomago, tomou conta do seu corpo por alguns minutos.
De volta, procurou a ginecologista e de lá para o ultrasom de mama, a punção dolorida e o diagnóstico temido foi um passo.
O mastologista prometeu:
- Se estiver apenas no local que imaginamos, colocaremos uma prótese e você não vai se ver sem o seio.
Na sala de recuperação, a primeira atitude que teve quando voltou da anestesia foi olhar para baixo.
- Ufa !! Lá estava a prótese no lado esquerdo.
O resultado, quando tiraram o curativo foi assustador: Não havia mais mamilo, nem bico. Apenas um amontoado de pontos – perto de 40. Nas costas outra cicatriz imensa no local onde a pele e o músculo para o enxerto foram tirados.
Ainda assim se achou vitoriosa e entendeu que poderia ter sido pior.

Agora sozinha no quarto gelado, olhando para o nada, tinha dúvidas de como iria reagir.
As enfermeiras, muito carinhosas, entravam e saiam. Tinha feito fama no hospital. A paciente com câncer de mama que melhor enfrentou as cirurgias, as quimioterapias, a perda de cabelo. A mais sorridente, a mais otimista. Um exemplo de superação.

Sabia que aquilo não passava de uma máscara de proteção. Não suportava ver as pessoas olhando como se ela tivesse apenas alguns meses de vida.
Já estava impaciente quando entrou mais uma enfermeira. Sorriso estampado no rosto lindo.
- Você está bem?
- Estou sim.
- Quem vem te buscar?
- Meu pai.
- Olha, não sei qual é a sua crença, mas queria te dar isso – e entregou um daqueles santinhos impressos.
Sempre foi espiritualista, mas tinha reservas com santos, padres e afins. Pegou o papel, pensando ser mais um e quando olhou nos olhinhos ternos daquela santa, estampados no papel fino, sentiu seu coração parar.
Era Santa Terezinha das Rosas. Uma freira jovem, também conhecida por Santa Tereza de Lisieux.
Ficou com o impresso na mão por alguns minutos e resolveu ler o conteúdo no verso. “Diz a tradição que, após a Novena, a pessoa receberá de alguém, de uma maneira bem inesperada, uma rosa, sinal de que seu pedido será atendido
O pedido era óbvio:
- Que eu seja curada. Que nunca mais tenha que passar por isso.

No dia seguinte, já em casa cercada pelo carinho dos amigos conseguia rir fazendo piada sobre os “cachorrinhos” que carregava. Cachorrinhos era o apelido dado às duas bolsas ligadas aos drenos.
Foi entre um riso e outro que olhou para a porta do quarto e viu uma Rosa. Cor de rosa clara, linda, grande. Atrás dela, duas grandes amigas.
- Minha mãe mandou essa rosa pra você.

Radiante diante do sinal, contou a todos sobre a novena começada no dia anterior.
A emoção tomou conta do lugar e entre lágrimas e abraços teve a certeza da cura.
A rosa foi colocada no criado mudo, em um lindo solitário de cristal e permaneceu aberta por 15 dias. Quando as pétalas iam caindo, ela as reunia guardando com todo cuidado.

Receber a flor depois de ter feito a novena, já seria por si um sinal, mas a maior surpresa veio mesmo dias depois quando recebeu novamente a visita das amigas queridas.

- Sabe, contei pra minha mãe que você tinha feito a novena de Santa Terezinha, e ela chorou muito de emoção. Agora, você não vai acreditar no que vou te contar: minha mãe tem três roseiras em casa, e plantou cada uma em homenagem a uma santa. Tem de Nossa Senhora, tem de Fátima e tem de Santa Terezinha. Aquela que ela colheu pra você, foi do canteiro de Santa Terezinha.

Hoje, oito anos depois, ela está muito bem. Tem a certeza de que aquilo tudo foi um recado da vida. Não um castigo! Um aviso, um sinal de que deveria rever seus caminhos, suas prioridades.
Carrega a imagem da Santa na carteira e faz questão de contar sua experiência mística.
Sabe que foi abençoada só não sabe que nome dar a isso.
Eu chamo de milagre! Você pode dar o nome que quiser, só não podemos negar que realmente existem coisas que são maravilhosamente inexplicáveis.

3 comentários:

  1. Só posso dizer que estou arrepiada. Deus nos mostra de diversas formas que está sempre nos amparando, sempre ao nosso lado.
    Linda história que ficou ainda mais comovente com esse texto genial.
    Parabén, Chris!

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  2. Que perfeito Chris estou arrepiada e emocionada. As vezes a vida nos prega surpresas e desafios, não só para superarmos, mas também para revermos os nossos caminhos, conceitos e prioridades.
    E que maravilhoso seria se todos tivessem essa força e esse sorriso da pessoa citada no texto, fico fã de pessoas assim...
    Belíssimo texto uma lição de vida...

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