Sobre o Conteúdo do Blog

Blog de histórias reais e de ficção.
Um lugar para expor opiniões que provoquem dor ou delícia!
Qualquer semelhança com histórias ou comportamentos reais poderá ter sido mera coincidência. Ou não!



domingo, 30 de janeiro de 2011

Dona Marluce - uma história baseada em fatos!



- Dona Marluce, fique atenta, dentro de 15 dias vamos receber aqui o representante do Café Melitta e tenho muito interesse nesta visita. Preciso que tudo seja perfeito.
- Tá certo Dr. Alberto. Vou tomar todas as providências. Pode ficar sossegado.


Durante 15 dias todos no escritório se mobilizaram para receber o tal empresário. O homem parecia ser o salvador da lavoura.
No dia combinado a recepcionista avisa:
- Marluce, tem aqui um senhor procurando pelo Dr. Alberto.
- Tá certo, Cidinha, já to indo.


- Boa tarde, o senhor quer falar com Dr. Alberto?
- Sim, sou Losango Silva.
- Ahhhhh! Claro, ele está esperando pelo senhor. Um minuto, vou avisar e volto para buscá-lo


- Dr Alberto, está lá na recepção o Sr..... É.... perái, esqueci o nome dele.


- Desculpe, o nome do senhor, como é mesmo??
- Losango. Losango Silva.
- Ahh sim, me desculpe.


- Dr. Alberto, é o tal do Losango.
- D Marluce, Pelo Amor de Deus, faça o homem entrar.


- Sr Losango, vamos entrar? Dr Alberto está a sua espera.


- Sr Losango, que prazer recebê-lo. Aceita alguma coisa? Um café, uma água?
- Ah, um cafezinho vai bem, né?
- Dona Marluce, providencie um café para nosso convidado.
- Pois não Dr Alberto.


- Cidinha, cê pode fazer um café e levar na sala do Dr Alberto?
- Oh Marluce, eu até faço sim, mas acabou o açúcar.
- Vichi, como acabou o açúcar Cidinha?
- Uai Marluce, Dr Alberto fez duas jarras de suco e o açúcar acabou!
- Ohh Meu Deus, perái Cidinha, vou pegar dinheiro e vc manda o Zé comprar rápido.


De volta a sua sala, Marluce abre a gaveta do caixinha e se da conta que não há um só centavo.
Ao mesmo tempo, o interfone:
- Dona Marluce, a senhora pode vir até aqui?


- Oi Dr Alberto, pode falar!
- Dona Marluce, onde está o café que o Sr Losango pediu?
- Sabe que que é Dr Alberto, o açúcar acabou...
- Acabou e a senhora não mandou comprar?
- Ó, mandar eu até mandei, mas quando fui pegar o dinheiro vi que o caixinha tava vazio. Eu já falei pro senhor, Dr Alberto, esse dinheiro do caixinha é pouco, ai acontece isso ó, a gente passa a maior vergonha !!

Diante da cena, Losango diz:

- Alberto, fique tranqüilo, tudo bem. Pode ser uma água mesmo
- Imagina Losango. Toma aqui Dona Marluce, pega esse dinheiro e manda comprar esse açúcar de uma vez.

- Pode ir com calma Dona Marluce, eu espero, disse Losango. Tenho certeza que esse café é Melitta.
- Não senhor, é Utam. O Senhor sabe né, aqui vizinho nosso, a gente compra direto deles.
- Ahh eu entendo, mas o coador é Melitta, né?
- Não é não senhor! É de pano !

Até hoje a Cidinha e o Zé tentam entender porque Dona Marluce, saiu chorando da sala do Dr Alberto e nunca mais voltou!

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Meu momento BOLLYWOODIANO

                                Cena do 2a dia de Gravação. Morro do Pico, prova de imunidade.

Quando meu telefone tocou em novembro com a pergunta: Chris, você fala inglês? Nunca imaginei que fosse viver uma experiência tão bacana na vida.
Na verdade quase deixei escapar, porque honesta que sou respondi a pergunta acima com um sonoro NÃO!
Ainda sim, o Edgar insistiu: Mas nadinha? Pelo menos você entende? 
Bom, meu inglês é macarrônico, daqueles que aprendemos na Cultura Inglesa quando somos adolescentes. Entendo bem, mas falo mal.
Era uma emergência. Uma equipe de Santa Catarina viria a Ribeirão com dois indianos para conhecer a cidade e analisar a possibilidade de rodar um reality show por aqui. Para viabilizar, se a cidade fosse aprovada, precisariam de uma produtora local.
Pensei: O que pode acontecer de pior? Fazer mímica com os caras?  Sou ótima em mímica. Dificilmente perco nas jogatinas que fazemos aqui em casa.
Durante duas semanas fui atrás de tudo o que eles me pediam por telefone e e-mail. Locações, refeições, banda, artista plástico, dupla sertaneja, autorizações, pessoas para ajudar no set...
Vinte dias depois chego ao JP e encontro 2 indianos, 1 argentino, 1 carioca e o João, dono da produtora. Um paulista morando em Floripa.
A afinidade foi imediata. Durante as visitas às locações – foram pelo menos 8 - Falamos muito, rimos muito e fizemos muita mímica.
Tudo resolvido, cidade aprovada e eu contratada.
Mais um mês e o Sebas, argentino gente boa demais, voltou a Ribeirão para acertarmos os detalhes.
Importante dizer como foi delicioso todo o processo. O apoio de todo o pessoal da prefeitura, das secretarias, da guarda municipal da polícia militar e principalmente da minha amiga Mara Cabral que se desdobrou em várias para nos ajudar.
Final de semana passado foi uma loucura. Telefone toca sábado, nove da noite – estou com meu marido tomando um choppinho:  
– “Chris, preciso de 5 motoqueiros, 1m80 – magros, com habilitação é claro, morenos de preferência, para dublês dos Roadies. Precisamos de uma Van para trazê-los a São Paulo na segunda. Eles tem que estar aqui as 9h da manhã.”
Não costumo usar esse termo, mas juro que pensei: “Vai Christiane, chupa essa manga!”
Telefone a mil, Facebook, Twitter e no domingo às 15hs já estava com tudo resolvido.
Na segunda-feira eles foram chegando aos poucos. Primeiro 7, depois 40 e por último- quase 9 da noite - os Roadies e os que faltavam pra completar a lista dos 64.
Tinha de tudo: indiano negro - chamados Dravidianos - de bigode, indiano moreno sem bigode, indiano de barba imensa e turbante, indiano careca, indiano lindo de morrer, indiano triste de feder.
Um espetáculo. Tudo muito diferente. A cultura, a comida, a língua. Não conseguia ter noção do que eles falavam. Procurava o tempo todo a tecla SAP em vão.
Inglês? rsrsrs Foi legal saber algumas coisas, ter um bom vocabulário. O fato de ser péssima em concordância não fez a menor diferença. O inglês da maioria deles era como o meu.
Passei 3 dias imersa num universo paralelo e hoje cedo quando percebi que já tinham ido embora me peguei com lágrimas nos olhos. Vou vê-los outra vez? Probabilidade menos 3.
Entrei na internet, assisti a todos os vídeos que pude sobre o programa. Revi os rostos dos estranhos indianos tão famosos por lá.  Sou assim: uma pisciana que se apega.
Meu rosto cor de salmão e meu bronzeado “caminhoneira” são as marcas que ficaram além das fotos e de tudo na minha memória, é claro.
Difícil descrever a relação que se estabelece em produções assim. De repente somos todos amigos  de infância. De repente você ouve seu nome sendo chamado com um sotaque estranho e percebe que sabem quem você é, e que naquele momento precisam de você.
O reconhecimento da Prefeita diante do meu esforço em divulgar nossa cidade, o assédio da mídia querendo saber o que estava acontecendo, meu nome nos jornais. Tudo isso é muito bom. Minha vaidade confessa esse pequeno pecado.
Mas, ver 60 indianos e vários brasileiros desconhecidos num multirão procurando minha chave do carro perdida no set de filmagem é a cena que nunca mais vou esquecer.
Obrigada Edgar de Castro! Obrigada por lembrar de mim. Obrigada por insistir.
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