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Blog de histórias reais e de ficção.
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Qualquer semelhança com histórias ou comportamentos reais poderá ter sido mera coincidência. Ou não!



sexta-feira, 11 de março de 2011

A Maldição de 05 de Março – 1.964

1.964
Neiva se casou muito cedo. Não teve outra opção. Temente a Deus, filha de Maria, obedecia cegamente à mãe autoritária. Nunca questionou, nunca reclamou. Apenas aceitava e orava. Orava várias vezes ao dia. Dormia com a bíblia na mão, murmurando palavras, para ela, sagradas. Acreditava que a falta de oração atrairia o mal para dentro de sua casa.

O marido – Augusto - motorista, fazia o gênero malandro sedutor. Fez da casa um hotel e da esposa sua serviçal. Seu egoísmo era tão exacerbado que era capaz de levar para o almoço um único refrigerante pequeno para seu próprio consumo.
Simpatizante da umbanda, foi convertido pela beata esposa depois de anos de briga. Foi obrigado. Precisava compensar um deslize praticado por ele e descoberto pelos filhos.
Naquele mês de março de 64, já no final da gravidez, Neiva esperava a chegada de seu terceiro filho. Quatro anos o separava da irmã do meio, Sarita. Menina inteligente, muito mimada pelo pai e com severas alterações de humor. O filho mais velho, Narciso José tinha problemas de aprendizado e de relacionamento com os pais. O ódio exalava pelos olhos pequenos, sempre desconfiados.
Quando nasceu o menino,  pesando mais de 5 kg,  o pai deu nome de imperador - Júlio César - mas detestou ter mais uma boca para sustentar.
Logo Júlio se tornou o queridinho da mamãe. Oportunista, aprendeu desde cedo a fazer o gênero bom moço. Assim conseguia tudo o que queria.
Cursando escola pública técnica, não se conformava com sua condição social. Descobriu que a prática de um esporte o levaria a frequentar os clubes da alta sociedade. Apesar da pouca estatura, escolheu o vôlei e ia aos treinos a pé.
Sofria de síndrome grave e incurável: a do “Ai de mim” que consiste em sentir pena de si mesmo e contar as histórias mais tristes da vida como forma de chamar a atenção.
A convivência ruim com o pai aliada a uma sogra astuta, fez com que se casasse antes dos 20 anos com a primeira namorada.
Precisou da ajuda da família para comprar o primeiro imóvel e nunca se perdoou por isso. Mesmo depois de pagar todos os centavos da dívida, continuava devedor de gratidão. O pai, falastrão, não se cansava de contar a história de "como ajudei meu filho quando ele precisou".
A mulher, quase uma adolescente, foi sua primeira vítima.
Egoísta disfarçado de católico praticante - desses que freqüentam grupos de casais - em casa era um tirano. Fora dela um mulherengo.
Executivo de uma grande empresa viaja muito, organizava vários eventos e raramente dormia sozinho. Apesar de sua aparência ruim e seu mau humor constante, teve duas amantes fixas e várias eventuais.
20 anos, três filhos e uma neta depois - no momento mais difícil que a família enfrentou - resolver sair de casa. Saiu como vítima, deixando mulher e filha cheias de culpa.
Hipócrita fez questão de pedir permissão ao bispo para se divorciar. O fez, antes mesmo de comunicar a decisão à mãe religiosa. Conseguiu!
Voltou para a casa dos pais e levou com ele dois filhos a tira-colo. Estratégia para não pagar a pensão alimentícia.
Saído da empresa,  virou professor - odiado pelos alunos pela sua ironia, arrogância e sarcasmo. Tinha prazer em reprovar. Não era injusto, não! A covardia nunca permitiu. Tinha medo das consequências e só agia dentro das regras. A fama de "caxias" o mantem empregado.
Sovina, usava sapatos de plástico, camisetas antigas ou doadas, calças da década de 80 de tamanhos diferentes do seu.
Nunca deu nada a ninguém, ao contrário: sempre quis tudo pra ele. Constrangia as pessoas com seus pedidos indevidos e insistentes.
Lá pelas tantas, separado resolveu que precisava se relacionar. Nova vítima. Ciumento, desconfiado, arrogante, irônico, sarcástico, além de mão de vaca e obcecado pelo passado. Não houve dia de tranquilidade nesse relacionamento.
Inconformado com o fim, aflorou o psicopata que, até então, tinha conseguido controlar.  Além de seguir a ex namorada, tentou arruinar a carreira e a reputação dela com graves acusações mentirosas.
Mais alguns anos, nova namorada e o mesmo inferno. Desta vez teve um pouco mais sorte. A solidão fez com que a parceira o aceitasse e mais, que o admirasse.
Nem toda a dedicação da linda mulher, fez o relacionamento durar. A frieza, a arrogância e a ironia, acabaram por cansar o já machucado coração da terceira companheira.  
Lá pelas tantas, cansado com da implicância do pai,  foi morar com um filho num pequeno apartamento e dele cobra aluguel.
Faz trabalhos voluntários, continua posando de bom moço e faz a platéia desavisada aplaudir de pé.
Recentemente conheceu a mulher dos seus sonhos. Solteira, sem passado, religiosa e rica. A irmã imediatamente tratou de acolher e apoiar. Os filhos agradeceram a Deus por tal milagre. O pai, morto, deixou de ser motivo de vergonha e a mãe, ciente do filho que tem, continua rezando terços e terços,  pedindo perdão pelo mal que pôs no mundo.

3 comentários:

  1. Sensacional suas histórias. Ou seriam estórias? O que importa é que agora tenho medo mortal de homens nascidos em 5 de Março! Hahaha!
    BjãO!

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  2. mentira isso ! meu esposo é de 05 de março e não é isso ai que estão dizendo .. ele é o melhor esposo do mundo pra mim . carinhoso , pai exemplar e esposo sem iguallllllllllllllll .. que são 23 anos que estamos juntos .. amooooooooooooooo minha família e meu esposo......♥

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    Respostas
    1. Eliana,
      Cada um tem uma história, não e´mesmo? Que bom que a sua é BOA e FELIZ.
      Que bom que ama e é amada... Que BOM !!!
      Um abraço.

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