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Blog de histórias reais e de ficção.
Um lugar para expor opiniões que provoquem dor ou delícia!
Qualquer semelhança com histórias ou comportamentos reais poderá ter sido mera coincidência. Ou não!



quinta-feira, 14 de junho de 2012

Quando um certo alguém.




Década de 90 e eu trabalhando como gerente comercial de um grupo de emissoras de rádio de Ribeirão. Era o ó! Faturamento baixíssimo, em consequência de uma programação inconsistente, que dava pouca audiência. Sugeri que passássemos a apoiar espetáculos teatrais e shows. Teríamos nossa marca em outras mídias e poderíamos melhorar a venda dos espaços.

Deu muito trabalho, mas foi muito divertido. Divertido e melhor, deu resultado! Faturamento subiu 200%.

Fechamos esse show, entre 94 e 95. O empresário que veio acertar a parceria era um chato e a produtora que chegou dois dias antes do artista, fazia a linha “chato sobe nela e desce se coçando”.

O primeiro “piti” da mala, foi na reunião com o Buffet que, diga-se de passagem, foi um custo conseguir.

 - Ele querrrr comida árabe. Kibissss, Isssfîirrassss, tabule, babaganuche. Tudo em piquenasss porrrções.

Além daquele sotaque carioca dos mais enjoados, ela mostrava com as mãos o tamanho das malditas "pequenas porções". A dona do Buffet declinou. Disse que não daria conta do serviço. Ou da chatice? Eterna dúvida.

Foi um perrengue conseguir um restaurante árabe que topasse fazer permuta com a emissora.
No dia do Show, o tal cantor chegou e se instalou no extinto Holiday Inn. Não trocou palavra com qualquer pessoa. Mal humorado, de óculos escuros e um bico que ocupava 70% da cara, seguiu pra Cava do Bosque para passar o som.
Nessa altura, o mobiliário do camarim já estava montado: Sofás azuis, tapete persa (exigência do tal), espelho enorme, arara para pendurar o figurino.
Eu mesma supervisionei a montagem para ter certeza de que tudo estava certo. Mal entrei em casa para almoçar, meu celular “PT950 Tijolo” tocou. Era a produtora:

- O camarim não issssstá bommmmm !!!
- Não? O que houve?
- Falta uma mesa grande, retangular, coberta com toalhiasssss brancaissssssss (ai sotaque maldito). Precisa ser inssstalada encossssstada na parede.
- Ok, vou pedir para providenciar. Agora, se for para colocar as comidas, o restaurante vai montar a estrutura num outro espaço....
- Náaaooo !! É que ele pricisa colocar seusssss bichinhusssss de pelúcia.
- ???? Não ousei comentar.

E lá fui eu, sem comer, pra Cava providenciar a montagem da tal mesa.
Depois de pronto, a produtora mala entrou com malas e sacolas e depositou sobre a mesa uma quantidade infinita de ursinhos, coelhos, cachorros, carrinhos, bonecas, canequinhas da Xuxa, escovinhas de dente, gatinhos, carrinhos matchbox, foguetes, trenzinhos....

Arrumou tudo com cuidado, olhou pra mim – até com certa doçura -  e justificou:

- Ele precisa disso pra se coincentrarrrr. Abraça todusssss, precisa ver! Dá enerrrgia, sabe????
- Ahã !!  - Imagine a minha cara.

Já estava de saída, quando ela entrou em pânico:

-MELDELS, missssssquici da Barrrrrrrrrbie. Ele vai me matar.....

E lá fomos nós, correndo em pleno sábado, já meio de tarde, em busca de uma Barbie para evitar um “piti” e quiçá o cancelamento do show. O homem era nervoso, bênhe!

A noite, fiquei na entrada dos camarins, na esperança (depois de tanto trabalho e perturbação) de ver de perto o artista em questão. Até hoje me pergunto por onde foi que ele entrou. Não vimos nada.
Enquanto rolava o show, entramos no camarim para ver se tudo estava de acordo. Ele ia comer depois da apresentação- checamos todo o cardápio, tudo perfeitamente acomodado em “piquenas porrrrçõiiiis”.
A mesa com os bichinhos estava desarrumada. Havia pelúcia no chão, no sofá, no tapete. Na arara três Hobbies de Chambre: um azul escuro, com estampas miúdas (acho que eram florzinhas) em vermelho, um branco atoalhado e um rosa pink de cetim. Simmm!!! E todos eles tinham uma pantufa combinando.
Dentro da Cava o cara interagia de forma íntima – pra não ser grosseira e dizer: Se esfregava - no palco com um dos músicos, especialmente convidado para a ocasião. O mesmo que, alguns meses depois, foi lançado na mídia cantando baladinha de verão romântica. A carreira não decolou.

Fim de show,  corremos de volta à porta do camarim. Ele saiu pelo mesmo lugar que entrou, ou seja: não faço a menor ideia de como.

- Possivelmente a bordo do foguetinho que habitava a mesa dos brinquedos, pensei!

Entramos: Nenhum bichinho, nenhum hobby.
Abandonadas, num canto já escuro, as malditas “pequenas porções” de comida árabe ainda com o filme transparente por cima, intactas!

Quando um certo alguém cruzou o teu caminho, tudo bem meu bem. Tudo sem força e direção!!
E no Brasil sol de norte a sul.

Se é que você me entende.

4 comentários:

  1. Que o cara gostava do quibe tá claro! Dê uma palhinha do que ele cantou!

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  2. Será quem eu estou pensando? Um 'certo alguém' que foi pra Califórnia viver a vida sobre as ondas porque o seu destino era ser star?
    Adorei o texto. Parabéns.

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  3. Toda vez que ouço essa história nao consigo para de rir , mas a minha duvida e o que a Lua pensa sobre tudo isso , pra quem nao sabe o que a Lua tem haver com essa história , procura um dicionário português inglês !

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  4. A Lua nao tem nada a ver com essa historia. rs

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