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Blog de histórias reais e de ficção.
Um lugar para expor opiniões que provoquem dor ou delícia!
Qualquer semelhança com histórias ou comportamentos reais poderá ter sido mera coincidência. Ou não!



terça-feira, 8 de abril de 2014

Ladeira da Graça.





Fica ali, do lado esquerdo de quem desce, pouco antes da curva!
Ali, de frente ao palacete, do lado do casarão!

Quatro mesas na calçada, outro tanto do lado de dentro e o dono - homem grande - atrás do balcão.

O nome não se vê! 
Chamam-no "drink do inferno" mas tá mais perto de "Uma cerva no paraíso".

Toldo que pede um novo, banheiro que pede porta, pessoas que pedem mais um!!

Violão que se ouve longe, ora acariciado por dedos hábeis de quem sabe o que faz, ora castigado por quem apenas imagina saber. 
Vozes que se completam. Sopranos, contraltos, barítonos e tenores! Segunda voz numa terça, numa quinta, as vezes só oitava acima! Mas sempre aos sábados e domingos.

Sorrisos gentis, sotaque que pega, cerveja gelada, Abará de primeira!

Papo raso, papo profundo, conversa mole, conversa pra boi dormir.
Assuntos misturados igual ao queijo com molho: Favoráveis a ditadura, os políticos corruptos, Lula X Collor, ACM Neto, o Pelourinho, o prédio que deveria ser tombado mas foi derrubado!

- Aquele cruzeiro que fiz pra Fernando de Noronha...
- Não fale do meu Bahia, vuuu??
- Cadê Paulo, que não aparece, rapá??
- Ivete não mora lá mais não!
- Gil fez essa música pra Sandrão!!!
- Toque aquela, Marcão...

" A tristeza é senhora, desde que samba é samba é assim..."

As horas vão passando no ritmo das pessoas que sobem a ladeira. O sol se põe e dá lugar às estrelas que mal podem ser vistas. Há muitas janelas acesas nos prédios da esquina.

Aquele que estava sentado lá embaixo, na primeira mesa no pé da ladeira, sobe cambaleando tonto de tanto whisky, atrás da moça nova no pedaço. 

E aquele de estava sentado na mesa de cima, bem pertinho dos degraus pintados de verde, desce firme em direção ao taxi que chamou. 

De uma hora pra outra fica tudo junto e misturado.

As dez, cada um pede sua conta e uma saideira. 
As dez, tocam a última canção e vão saindo, de mansinho, uns mais inteiros do que outros,  rumo aquilo que inadvertidamente chamam de lar. 

Em casa mesmo, eles se sentem é ali, naquela ladeira da Graça!

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