Sobre o Conteúdo do Blog

Blog de histórias reais e de ficção.
Um lugar para expor opiniões que provoquem dor ou delícia!
Qualquer semelhança com histórias ou comportamentos reais poderá ter sido mera coincidência. Ou não!



terça-feira, 22 de abril de 2014

Sob o Signo de Peixes! 4



O terceiro encontro - Ela.

Beatriz desceu do avião, com as pernas trêmulas. Mãos geladas, coração aos pulos. Saudade aumentada na mesma proporção do desejo.
A voz do bom senso veio no mesmo voo.

- Você vai mesmo para a cama com um homem casado? Sim, é um homem sedutor. Mas vocês trabalham juntos!

Que postura intrigante a dele, parecia não ter nada a perder. E tinha muito.

No saguão ligou o celular.
Pegou a bagagem na esteira no mesmo momento em que ele tocou.

-Estou aqui, louco pra te ver.
-Já peguei minha mala, estou saindo.

Passou pelo portão decidida a não dar ouvidos à voz irritante que insistia em fazer questionamentos em sua cabeça.

- Não tenho nada a perder. Sou solteira, livre e preciso de alguém que me deseje e me trate bem – pensou.

A decisão a deixou mais alta, mais bonita, mais firme. Podia ver cabeças virando para vê-la passar.


Há tempos não se sentia tão segura, tão plena de si.

O terceiro encontro - Ele.

Um Zé Du, ansioso, aguardava dentro do carro, estacionado na ala de desembarque. No banco de trás um pacote lindo, azul, com laço gigante. Adorava surpresas.

Olhava para o relógio e para o céu, para o céu e para o relógio. Tentou o celular dela: desligado.
Tentou se concentrar num documento de trabalho que tirou da pasta, não conseguiu. Mudou a estação de rádio e a música o fez lembrar do sorriso dela.

- É Zé Du, essa menina mexeu mesmo com você, pensou.

Tentou o celular mais uma vez, nada.

Na terceira tentativa ela atendeu e o coração dele pareceu saltar pela boca:

-Estou aqui, louco pra te ver.
-Já peguei minha mala, estou saindo.

Não conseguiu mais tirar os olhos da porta. Cada vez que abria seu coração saltava.

Até que ela surgiu: Linda, firme, num vestido lilás maravilhoso, salto alto, cabelos soltos, lisos, loiros.

- Zé Edu, você tá se metendo numa tremenda encrenca – A voz da consciência, que não conseguiu nada com Beatriz, resolveu alertá-lo.


Por um segundo sentiu medo do futuro, mas quando ela abriu a porta do carro e o perfume que usava dominou o ambiente, ele só pode puxá-la para junto de si e beijar avidamente aquela boca carnuda que se oferecia num lindo sorriso para ele.


terça-feira, 8 de abril de 2014

Ladeira da Graça.





Fica ali, do lado esquerdo de quem desce, pouco antes da curva!
Ali, de frente ao palacete, do lado do casarão!

Quatro mesas na calçada, outro tanto do lado de dentro e o dono - homem grande - atrás do balcão.

O nome não se vê! 
Chamam-no "drink do inferno" mas tá mais perto de "Uma cerva no paraíso".

Toldo que pede um novo, banheiro que pede porta, pessoas que pedem mais um!!

Violão que se ouve longe, ora acariciado por dedos hábeis de quem sabe o que faz, ora castigado por quem apenas imagina saber. 
Vozes que se completam. Sopranos, contraltos, barítonos e tenores! Segunda voz numa terça, numa quinta, as vezes só oitava acima! Mas sempre aos sábados e domingos.

Sorrisos gentis, sotaque que pega, cerveja gelada, Abará de primeira!

Papo raso, papo profundo, conversa mole, conversa pra boi dormir.
Assuntos misturados igual ao queijo com molho: Favoráveis a ditadura, os políticos corruptos, Lula X Collor, ACM Neto, o Pelourinho, o prédio que deveria ser tombado mas foi derrubado!

- Aquele cruzeiro que fiz pra Fernando de Noronha...
- Não fale do meu Bahia, vuuu??
- Cadê Paulo, que não aparece, rapá??
- Ivete não mora lá mais não!
- Gil fez essa música pra Sandrão!!!
- Toque aquela, Marcão...

" A tristeza é senhora, desde que samba é samba é assim..."

As horas vão passando no ritmo das pessoas que sobem a ladeira. O sol se põe e dá lugar às estrelas que mal podem ser vistas. Há muitas janelas acesas nos prédios da esquina.

Aquele que estava sentado lá embaixo, na primeira mesa no pé da ladeira, sobe cambaleando tonto de tanto whisky, atrás da moça nova no pedaço. 

E aquele de estava sentado na mesa de cima, bem pertinho dos degraus pintados de verde, desce firme em direção ao taxi que chamou. 

De uma hora pra outra fica tudo junto e misturado.

As dez, cada um pede sua conta e uma saideira. 
As dez, tocam a última canção e vão saindo, de mansinho, uns mais inteiros do que outros,  rumo aquilo que inadvertidamente chamam de lar. 

Em casa mesmo, eles se sentem é ali, naquela ladeira da Graça!

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Sete dias com ele !!!!




Quando ela acordou - ainda abraçada ao travesseiro - no dia da partida, pensou no gosto daqueles beijos e no quanto sentiria falta daquele olhar!

Ficaram uma semana juntos. Tempo suficiente para que um encantamento surgisse.

Há tempos não vivia emoção assim, quase adolescente. Há tempos não sentia tanta ternura por alguém.
Ainda na cama, lembrou da primeira vez que o viu: Alto, incrivelmente elegante vestindo bermuda despojada e chinelos. Roupa de quem vive à beira mar. Trocaram sorrisos e algumas palavras. Foi embora impressionada.

Dia seguinte, comentou com um amigo:

-Conheci um cara interessante.
-É!! E ai??
-Ah ... aí nada, só conheci rsrs

Encontraram-se dois dias depois e ela começou a prestar ainda mais atenção naquele homem que se movimentava com leveza e era gentil. A fala mansa, com sotaque carregado, tinha um ar misterioso que sugeria certa timidez.

Saíram junto com os amigos para dançar, beber e conversar. E conversaram muito. Encontraram pontos de afinidade. Ambos tiveram um dezembro e um outubro de sofrimento, cada um ao seu jeito, mas envolvendo as mesma questões.

O beijo foi doce, delicioso, com entrega e encaixe perfeitos. Ele elogiou o sorriso dela e ela, desde então, não parou mais de sorrir.

Durante o dia ela curtia a praia, o mar, os livros. Empenhou-se em viver aquilo a que se tinha proposto quando viajou. Ele, trabalhava. A noite, encontravam-se e namoravam. Namoro desses de filme de sessão da tarde.

Passearam abraçados, de mãos dadas. Andaram de quadriciclo, ela com a mão entrelaçada na cintura dele, e ele vez ou outra, virando o rosto para ser beijado.

Namoraram no portão, vendo as estrelas na praia, na Vila, sentados no chão, na rede, na grama.... Mãos entrelaçadas, olhares intensos, bocas ávidas uma pela outra.

Durante aqueles dias, foram par!

Agora, na iminência da partida e diante da dúvida de um novo encontro, ela derramou lágrima de saudade.
Na noite anterior, estavam ambos desconfortáveis com a despedida. Acabaram ficando pouco tempo juntos e o ar era de constrangimento. Ela com medo de chorar, ele... Bom!!! Ele, ela não sabia porquê!
Trocaram palavras amorosas de quem deseja o bem do outro. Trocaram beijos.

Não trocaram telefone!! Não tiraram fotos!!!

Já dentro do carro que a levou embora, deu um último olhar pra aquele mar abençoado e pensou nas palavras que escreveu pra ele logo depois do beijo de despedida:

Não imaginei encontrar alguém que resgatasse a menina que mora em mim! Ter a sua companhia delicada, gentil, respeitosa, me fez voltar no tempo!!! Desejo que se reconheça, que se sinta tão especial quanto é e que a partir de hoje, sempre que se olhar no espelho, veja não sua beleza exterior - que já é suficiente - mas a sua alma nobre !!!! Seja feliz, querido!! Você estará sempre em meu coração e nas minhas orações!!!!!Beijos”

O aperto no coração aumentava a medida que a distância entre eles ficava maior. No trajeto cochilou e sonhou com ele. Entendeu que viveram linda experiência num universo paralelo e que o sonho era uma demonstração do lugar que ocupariam a partir de então.


Nesses sete dias com ele, trocaram beijos, experiências, carícias mas, mais do que tudo, inflaram vida um no outro!

domingo, 30 de março de 2014

Reflexões !!! Bahia Inspira, Barra Transpira, Alma Delira!!!


À Mônica Montone, tradutora da minha alma.


Hoje me peguei chorando amparada por um cenário paradisíaco!! Foi um choro de quem se descobre através da palavra do outro! No meu caso, da outra.

Quando Mônica Montone me deu o livro " A Louca do Castelo" de presente, me alertou que as lágrimas viriam. Eu vivia um momento de alma em carne viva!!! Apavorada com a possibilidade de mais dor, covardemente encostei a obra. 

Quando resolvi viajar sozinha, resolvi também que já era hora de um encontro comigo mesma. Estou aqui há dois dias! Estou aqui há uma centena de minutos dedicados só a mim! 
Trouxe comigo livros e um computador para escrever. Ando ávida pelas palavras!


O choro de hoje é legítimo.


Choro de gratidão.

Lágrimas emocionadas de quem se reconhece, de quem se descobre, de quem gosta do que vê!

Os tons de Maraú transcendem qualquer explicação possível! O silêncio, a brisa, a temperatura que varia ao bel prazer do vento !


Tudo isso coloca minha vida em perspectiva.

E, enquanto muitos se acham pequenos diante de tamanha grandiosidade, eu, sem medo da modéstia, me sinto tão grande quanto o mar que vejo e ouço agora!





Ao Raimar, pelo entusiasmo que me inspirou a chegar aqui!

O dia amanheceu cinza!! E ainda assim me rendi ao espetáculo que é Barra Grande.

Ao longo do dia as tonalidades iam do chumbo ao gelo. Sem medo de parecer ridículo com as nomenclaturas, passeou pelo rato, ardósia, mescla!

O azul tentou, mas o que conseguiu foi um cinza azulado.

O mar passivo como suas águas de baia, refletiu só o que via e passou o dia num cinza esverdeado.

De cor, só o minha canga de estampa "fita do Bonfim", o cardápio lindo do O Deck e o mobiliário do bar que, mesmo sem pretensão alguma, fazia o cinza se destacar ao fundo de mesas lilás, bancos amarelos, guarda sóis laranjas. 

A hora do espetáculo chegou e as caixas de som nos encheu os ouvidos de Marisas, Alexandres, Marcelos, Marias...


E quando Tim cantou "venha dormir em casa" achei que o cinza fosse se abrir para dar passagem às tonalidades laranjas de nosso astro maior, que chegava como se atendesse à ordem do síndico!


Houve uma disputa! Briga de gente grande, de personalidade, mas o que se viu ao longe, tão belo quanto qualquer outro por-do-sol  que presenciei, foi o céu cinza alaranjado!!!




A você, que me fez seu "mundo" por aquele instante!


Soube aos sete que estava fadada a ter alma adoentada de amor!

Ao longo dos anos e dos dissabores, experimentou todo tipo de enfermidade. Espirrou, tossiu, sentiu enjoo e vertigem. Otimista, mantinha sua alma alimentada pela esperança na chegada de um grande amor. 

Passou um tempo tentando entender porque aqueles que queriam o corpo não admiravam a alma e os que admiravam a alma não lhe tocavam o corpo.

 
Sempre que um alguém se aproximava, a alma - já tão machucada - respirava fundo e tentava acreditar na paz que, quem sabe, viria. 


De tanto crer e não ver concretizar acabou tão doente que levou junto o corpo. Acabaram ambos mutilados naquilo que a mulher tem de mais simbólico. 


Depois disso, aceitou qualquer carinho, qualquer atenção! Não se sentia mais digna de escolha. 


Um dia viu chegar aquele que não se importava com o estrago que a vida tinha feito e se mostrou tão aberta, tão disponível, que quando ele se foi, arrancou a alma de dentro do peito disforme e a deixou abandonada ali, em carne viva! 


Passaram um tempo desconectamos: corpo e alma. Cada um tentando sobreviver àquela agressão inesperada. 


Ter a alma arrancada do peito permitiu olhá-la de perto, com cuidado. Permitiu conhecê-la a fundo e entender quem ela era. 


O tempo as uniu e juntas perceberam que a tenacidade é sua melhor qualidade.


De volta à vida, certo dia esbarrou num certo "Arquimedes" que não querendo só o apoio e nem só a alavanca, com surpreendente delicadeza a colocou na condição de mundo!!!!


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