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Blog de histórias reais e de ficção.
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segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Barry, Mandy , a primeira dança e o segundo amor!



Ricardo era moreno, cabelos encaracolados. O dente da frente trincadinho, demonstrava uma das características da sua personalidade: inquietude.

Desfilava pelo pátio do colégio com ares de rei do pedaço. E era!

Um galã, no alto dos seus 13 anos.

Ouso dizer que oitenta por cento das meninas da escola eram apaixonadas por ele, eu inclusive. É! Ricardo foi o meu segundo amor.

Tímida, alimentava o sentimento platonicamente e como nunca fui exatamente um modelo de beleza, ficava bem quietinha observando meu objeto de desejo andando de mãos dadas com as beldades da escola. Cada dia uma.

A disputa era acirrada.

A diversão da época  – quando os pais deixavam – eram os bailinhos nos salões de festa dos prédios e quando era possível virava um acontecimento.

Durante dias era o assunto do “recreio”. Meninas, sempre meninas, falando sobre roupas, sapatos e acessórios. Meninos indiferentes, ouvindo enfastiados o blá blá blá das “chatinhas” e eu de fora disso tudo com uma inveja danada.

Quase na metade do ano - estava na quinta-série e era nova no colégio - me convidaram finalmente para um. Fiquei tão feliz que nem dormi direito.

Dia de festa, roupa de acordo, segui com minha mãe para o prédio da vez.  Duas mil quinhentas e quarenta e duas recomendações depois,  desci do carro e toquei o interfone. Voz tímida:

- Vim pro bailinho da Karina.

- Sobe a escada a esquerda e contorna a piscina. Você já vai ver o salão.

O ritmo do meu coração aumentava na mesma proporção que a distância diminuía.

Já dentro do salão, procurei, com os olhos,  pelos cabelos pretos encaracolados que emolduravam  aquele rosto lindo. Ah, ele tinha olhos pretos, grandes, curiosos. E um sorriso... oh meldels! Como podia ser tão sensual aos 13?

Achei.  Ele, sorrindo – como sempre – no meio de uma rodinha. De novo o centro das atenções.
Num misto de alegria, por vê-lo e tristeza, por não fazer parte daquilo, fiquei parada admirando toda a energia que emanava dele. Era incrível!!

E aí  ele me viu. O sorriso se desfez, o olhar mudou - ficou penetrante, intenso - ele saiu do meio da roda e veio caminhando na minha direção com passos firmes. Parecia bem certo do que estava fazendo.

Cheguei a olhar pra trás na busca do possível alvo e me dei conta que não tinha mais ninguém. A coisa era comigo mesmo. Minha garganta secou, minha mão transpirou, meu coração quase saiu pela boca.

Ricardo parou diante de mim e abriu um sorriso delicioso:

- Chris, você quer dançar comigo?

Nem respondi e ele, sempre tão seguro de si, já colocou a mão na minha cintura e colou o rosto no meu.

A “vitrola”  tocou  “Mandy “ e tive os 3 minutos mais intensos na vida de menina de 11 anos de idade.


Há 38 anos, direto do túnel do tempo. 

Um comentário:

  1. que delícia de texto... como a gente se teletransporta....rsrsrsrs adorei!!!
    beijocass, Tathy

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