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Blog de histórias reais e de ficção.
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Qualquer semelhança com histórias ou comportamentos reais poderá ter sido mera coincidência. Ou não!



terça-feira, 3 de dezembro de 2013

O trigésimo dia.



Quando tudo aconteceu, assim tão definitivo, não quis acreditar na veracidade dos fatos.
No dia um, negociei comigo mesma uma forma de reverter a situação. Negociei com Deus, com os anjos, com os espíritos, com os Orixás.

Sem crédito, no dia 02 insisti em vão.

O terceiro dia nasceu lindo e achei que minhas preces tinham sido atendidas. No dia quatro tudo se desfez.

No quinto, já sem aliança, sem alma, sem sorriso, sem esperança, vesti calça e camisa e tentei seguir com a vida. Passei a manhã entre lágrimas e falas desconexas, ouvida atenta e carinhosamente por uma amiga querida.

No sexto me afastei de tudo e de todos. Me tranquei, chorei em desespero  inenarrável.
Não me lembro mais dos dias seguintes a esses. Apenas um topor e uma sombra verde estavam presentes junto com os amigos. Tantos, tão queridos, tão solidários. Chorei muito de emoção. Chorei de me saber tão importante pra tanta gente. Chorei com a solidariedade que veio de lugares inimagináveis.

Agarrei-me à família que, sempre amorosa e presente, esteve comigo todos os minutos.
No décimo terceiro festei, saí, me diverti, conheci pessoas interessantes. 
O dia seguinte foi lindo. Amigo querido, abraço carinhoso, declaração de amor e cuidado eternos. Minha alma ganhou brilho, meu olhar ganhou brilho, minhas mãos pararam de tremer com tanto aconchego e amparo.

Lá pelo décimo quinto dia, como que se eu não merecesse o descanso, Nagasaki e Hiroshima tomaram ares de bombinha de São João, diante da notícia que recebi. O cogumelo que se formou  me transformou numa pessoa distânte de mim mesma. Desfigurada, horrível, irônica, sarcástica.

No décimo oitavo descobri que soltaram a bomba em  lugar errado. Estouraram por impulso O estrago?  Já estava feito e foi sábio. A fumaça que vi indo embora era verde. Verde como a esperança que tive até então. Esperança dissipada no horizonte abriu os caminhos.

No vigésimo terceiro dia, esvaziei as gavetas que ainda tinham alguma sobra do que fomos nós dois. Esvaziei armários, caixas. Esvaziei meu coração.

No vigésimo quarto decidi que viveria só pra mim, só por mim. Cada um no seu quadrado. Cada um cuidando da sua dor, cada um com sua escolha. Escolhi ser feliz de novo e rápido.

A partir daí, os dias foram se iluminando, minha alma foi me reconhecendo, eu fui me enxergando de novo no espelho. Os olhos voltaram ao normal, curiosos!
Passei a ver as possibilidades, o futuro, as oportunidades.


No trigésimo dia, como se o universo seguisse o calendário, em plena madrugada, assim do nada, senti uma pequena revoada de borboletas no estômago. Ainda tímidas, desconhecidas, despretensiosas, mas importantes o suficiente para me fazerem ver que é possível.

6 comentários:

  1. Me emocionei e chorei... Vc merece ser FELIZ!!! Te amo minha amiga. bjos

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  2. Chris, como sempre digo, voce é incrivel!!! Sem comentários sobre seu texto! =)

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  3. Deslumbrante.Vc é talentosíssima,retratou com maestria seu trajeto até então.PARABÉNS.

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  4. Álibi
    ´´Havia mais que um desejo
    A força do beijo
    Por mais que vadia
    Não sacia mais
    Meus olhos lacrimejam teu corpo
    Exposto à mentira do calor da ira
    No afã de um desejo que não contraíra
    No amor, a tortura está por um triz
    Mas gente atura e até se mostra feliz
    Quando se tem o álibi
    De ter nascido ávido
    E convivido inválido
    Mesmo sem ter havido.´´
    Djavan

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  5. Sorri quando a dor te torturar
    E a saudade atormentar
    Os teus dias tristonhos vazios

    Sorri quando tudo terminar
    Quando nada mais restar
    Do teu sonho encantador

    Sorri quando o sol perder a luz
    E sentires uma cruz
    Nos teus ombros cansados doridos

    Sorri vai mentindo a sua dor
    E ao notar que tu sorris
    Todo mundo irá supor
    Que és feliz

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  6. Olhos Nos Olhos
    Chico Buarque

    Quando você me deixou, meu bem
    Me disse pra ser feliz e passar bem
    Quis morrer de ciúme, quase enlouqueci
    Mas depois, como era de costume, obedeci

    Quando você me quiser rever
    Já vai me encontrar refeita, pode crer
    Olhos nos olhos, quero ver o que você faz
    Ao sentir que sem você eu passo bem demais

    E que venho até remoçando
    Me pego cantando
    Sem mais nem porquê
    E tantas águas rolaram
    Quantos homens me amaram
    Bem mais e melhor que você

    Quando talvez precisar de mim
    'Cê sabe que a casa é sempre sua, venha sim
    Olhos nos olhos, quero ver o que você diz
    Quero ver como suporta me ver tão feliz

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